Ira II

Abriu-me a porta.

Estava vestida de uma forma simples, normal para quem está em casa sozinha. Um pijama largo, um robe leve e umas meias daquelas para andar por casa.

Tinha tomado banho à pouco tempo e tinha o cabelo esticado pelo secador, como me recordava de ela sempre ter feito, porque detestava o seu cabelo naturalmente encaracolado, que eu, por acaso, simplesmente adorava.

O sorriso que trouxera até à porta desvanecera-se assim que olhou para mim. Abraçou-me mesmo antes de fechar a porta.

-Então, rapaz? Que é que se passa contigo?

Não fui capaz de falar. Abracei-a, agarrei-me a ela e explodi finalmente, deixei as lágrimas correr livremente.

Ela ficou comigo ali no hall de entrada, suportando-me. Agarrei-me a ela como a um rochedo, uma tábua de salvação, uma bóia que me mantivesse a flutuar num oceano de emoções que queria afundar-me. Ou onde eu me queria afundar.

Depois ela agarrou-me a face com ambas as mãos e beijou-me os lábios, com a suavidade de alguém que apenas quer sarar. E depois beijou outra vez e voltou a abraçar-me.

-Anda, … - disse - …não vamos passar o resto da noite no hall de entrada, pois não?

Deixei que ela me guiasse até à sala, onde me fez sentar no sofá.

Ela sentou-se na mesinha, à minha frente, e ficou um bocado a olhar para mim antes de me perguntar:

-Afinal o que é que se passa, garoto? Nunca te vi assim…

E em resposta, numa torrente, se calhar até algo desconexa, disse-lhe tudo o que me ia na alma, tudo o que estava acumulado e que se recusava a sair, todas as duvidas, medos, frustrações. O quanto a minha vida mudara desde o principio do ano, o quanto eu me sentia inseguro. O quanto eu sentia que a razão do peso que eu carregava era por minha exclusiva culpa…

…e ela limitou-se a ouvir. Sem juízos, sem opinião. Sabia que eu não tinha ido ter com ela para ser julgado, para lhe pedir conselhos, apenas precisava de libertar a pressão que sentia.

Por fim, quando me calei, levantei-me e fumei um cigarro. Ela abraçou-me por trás e ficou ali. Por fim largou-me e fez-me companhia, acendendo também um.

Eu acabei o meu e sentei-me, apático.

Ela acabou logo a seguir e sentou-se ao meu colo, aninhando-se em mim, pequena que é para me poder dar ela colo.

Depois, naturalmente começou a beijar-me.

Por uns momentos deixei-me ir, mas depois fi-la parar. Ela levantou-se, olhou para mim com doçura.

-Eu sei que não é a mim que queres, mas sou eu que estou aqui. Não te preocupes.

Juntou-me as pernas, sentou-se em cima delas, agarrou-me beijou-me, colou o seu sexo ao meu, por cima da roupa e fez ondular as ancas, enquanto me beijava.

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