Sentidos

És uma visão magnífica, sabias?

Ter-te assim, de gatas, à minha frente…
…ver o formato de coração invertido que as tuas nádegas desenham ao fundo das tuas costas…
…ver as tuas costas nuas, até ao teu pescoço…
…agarrar as tuas ancas…
…entrar em ti,…
…centímetro a centímetro…
…sentir o teu calor…
…a tua humidade…
…o envolveres-me…
…o apertares-me…
…dar-me a ti, pedaço a pedaço…
…sem pressas!

Encaixar-me em ti por completo e puxar-te ainda mais…
…para me sentires por inteiro.

Só depois começar a deslizar para fora e sentir a fricção do teu sexo no meu…

És…
…DE LI CI O SA!

Renascer


Ali estava eu, sentado na laje da janela apenas vestido com uns boxers, enquanto deixava que o fresco que vinha da rua quebrasse o calor que o meu corpo sentia e o que havia no quarto naquela noite quente de verão. Este era banhado pela luz branca proveniente da iluminação de rua, sendo que tudo eram apenas sombras com um ar surreal, quase fantasmagórico que ganhavam alguma definição e uma tonalidade avermelhada de cada vez que eu puxava uma passa do meu cigarro.
A realidade era, ali, sem qualquer duvida, muito mais estranha que a ficção. Embora quisesse muito estar ali e o frio da pedra soubesse muito bem contra a minha pele, a verdade é que sentia em mim um turbilhão tal que me era difícil definir-me naquele momento.
Tudo começara apenas dois dias atrás com uma simples frase, “Isto anda tão mal que um dia destes…”, dita com desplante, em tom jovial e por mera brincadeira.
Tivera uma continuação por uns breves segundo ontem, com uma simples pergunta e resposta, “lembras-te do que ela disse?”, “sim”, e pronto, e ficou por ali.
Não havia sequer um indício.
Há quatro horas atrás, jantávamos os dois num restaurante bem perto da Sé de Braga. Comemos um belo bacalhau à Bracarense bem regado com um vinho verde que mais parecia espumante, retirado directamente da pipa. Já tínhamos acabado a refeição e fazíamos agora questão de acabar o vinho delicioso. Olhava pelo canto dos olhos e via o quanto eu era naquele momento invejado e até, por mais motivo nenhum que não fosse estar com ela, desejado.
Não deixa de ser curioso o facto de que um tipo qualquer, absolutamente banal, como eu, se estiver acompanhado por uma mulher como ela chama a atenção de todas as mulheres que estão em volta. E dos homens, se bem que em perspectivas diferentes. Eles pensam “o que é que aquele estafermo tem que eu não tenha? Bem, deve estar carregado de papel” e elas pensam “bem, das duas uma, ou o gajo está carregado de papel ou então deve ser uma grande queca…”. Esclareço desde já que em relação ao “papel” a coisa está escassa e em relação ao resto não me tenho assim em tão grande conta.
Mas voltando à questão, ali estávamos nós e eu, como sempre, sentia-me pequeno perante a presença dela. E eis que o telemóvel dela deu um toque de mensagem. Ela apressou-se a ver quem era. Eu fingi desinteresse.
-Era a Guida, a perguntar se nos estamos a divertir.
-Aparentemente até parece que sim…
-Aparentemente… Olha, não era giro se eu lhe ligasse?
-Porquê? – Perguntei eu enquanto via de repente uma noite num bar qualquer com musica provavelmente demasiado alta para se conversar e copos a mais enquanto as hipóteses de mais uma boa noite de sexo ficavam mais remotas.
-Não sejas assim… - dizia ela enquanto ligava e me dava a certeza de que a minha opinião não seria ali tida nem achada.
Resignei-me a contragosto e limitei-me a ser um espectador atento de meia conversa.
-Olá linda. Vi agora a tua mensagem.
-…
-Sim estamos bem, estamos aqui em Braga. Olha, não queres vir aqui ter connosco?
-…
-Ora, não é assim tão longe…
-Ah! Pois, tens de ir trabalhar…
Sorri. Talvez a noite ainda tivesse remédio.
-…mas olha, sais a que horas?
-…
-Então, amanhã é sábado, nem vais trabalhar de manhã, e nós não temos horários. Podes cá vir. Isto também são trinta minutos dai para aqui…
Ela falava à Guida com uma voz doce, e eu sabia o quanto aquela voz doce era capaz de ser convincente.
-Vá lá. Vem lá. Sempre podemos divertir-nos um bocado…
-…
-Então sempre vens?
E pronto. Tinha a noite estragada.
Ela lá deu as indicações de onde estávamos à Guida e acabou o telefonema. Depois olhou para mim.
-Não faças essa cara.
-Não tenho outra…
-Tens, tens. Aquela em que sorris.
Francamente neste momento não me apetecia. Gostava de estar com ela, na sua companhia, gostava de a desfrutar. Não me apetecia ir para um bar ou uma discoteca qualquer ouvir barulho a mais e ver um bando de gajos a darem em cima dela e provavelmente da Guida também. Não é que eu sentisse ciúmes. Se os sentisse tinha que andar permanentemente com um taco de basebol na mão, mas lá que chegava a um ponto que chateava, lá isso era verdade.
Aliás, neste momento aquilo que me apetecia mesmo era tomar um bom duche para tentar arrefecer um pouco e tirar o suor salgado de cima que começava a solidificar em cima da minha pele, ir dormir e elas que fossem para onde quisessem. Pelo menos sempre teria paz.
Pagamos a despesa.
-Vamos andando? – Perguntou-me ela.
-Mas afinal a que horas é que ela vem?
-Só cá deve estar perto da meia-noite. Tem aquele bar onde trabalha à noite para fechar.
Perfeito, pensei eu de mim para comigo. Como se já não bastasse ainda teria pelo menos mais duas horas de seca até ela chegar.
-E vamos para onde, então?
-Vamos para a pensão que ela vai lá ter connosco.
Não falamos muito mais no caminho, até porque o caminho não era, de todo, longo e também porque eu estava de alguma forma chateado. Chegados à pensão fui tomar o tal duche que tanto me apetecia e, uma vez que ainda faltava tanto tempo para ela chegar, deixei-me ficar todo nu a relaxar um pouco em cima da cama.
Depois de eu ter ido ela aproveitou e foi também. Acabei por me levantar para me chegar ao fresco que vinha da janela junto com o anoitecer enquanto fumava e aproveitava para ir queimando neurónios com os programas imbecis que passavam na televisão. Para mim a noite estava feita.
Ela saiu da casa de banho nua e fresca ainda com o cabelo molhado. Apeteceu-me tê-la logo ali. Dei mais uma passa num cigarro e pensei “bahhhh!”. Olhei para a rua só para não ter que pensar no quanto ela me apetecia.
Ela notou que me apetecia. Pousou o secador de cabelo que estava prestes a por a funcionar, veio ter comigo, fazendo com que fosse impossível ignorá-la. Agarrou o meu membro sem aviso, começou a massajá-lo fazendo-o crescer ainda mais e só então me beijou.
-O pequenino queria mimo, é?
Nem lhe respondi. Aposto que os meus olhos a queimavam naquele momento.
-O pequenino vai ter que esperar até mais logo… - disse enquanto me largava e se afastava. Era tão mau quando ela me fazia isto…
Foi secar o cabelo. Não o precisaria de fazer com o calor que estava, mas ela gostava de ter o cabelo escorrido, e ele encaracolava-se se não fosse o secador. Eu achava que lhe ficava bem o cabelo encaracolado, mas eu era suspeito. Achava que tudo lhe ficava bem.
Já eu abandonei a janela e estiquei-me na cama como estava tentando parecer o mais possível alheio ao corpo dela, tarefa que se me afigurava quase impossível. Depois ela vestiu-se e deitou-se ao meu lado sem se encostar a mim. Ainda teríamos que esperar mais de uma hora pela Guida. De vês em quando a sua mão fazia excursões pelo meu corpo e, invariavelmente, encontrava o meu membro que massajava de forma deliciosa até à erecção. E depois, quando me sentia já bem grande, abandonava-me e ria-se...
Eu já estava algo chateado com a situação e com ela a fazer-me isto, é seguro dizer que começava a ficar possesso. Ela sabia-o e isso fazia com que se risse ainda mais.
Era quase meia-noite quando o telefone dela tocou. Ela viu quem era.
-Veste-te que ela já chegou. – e atendeu.
Eu vesti-me em menos de nada, o que não era complicado. Vesti uns boxers, umas calças, atirei um t-shirt para cima do corpo e calcei-me. Enquanto isso elas falavam.
-Mas sobe… - insistia ela.
-…
-Áh, pois é, a porta está fechada a esta hora, até nos deram a chave e tudo, para se viéssemos mais tarde. Mas espera que eu vou-te abrir a porta.
E com isto saiu do quarto deixando a porta entreaberta enquanto eu acabava de me arrumar. Voltou pouco depois em amena cavaqueira com a Guida.
-Mas esta pensão tem uns quartos bem porreiros… - Disse enquanto me cumprimentava.
-Por acaso são bem fixes, já viste?
-Mesmo fixes… Mas então o que é que vamos fazer?
-Sei lá! Vamos dar uma volta por aí e beber um copo.
-Tá bem…
E eu lá me preparava a contragosto para sair.
-Queres um vinho? – Perguntou ela à Guida – Temos aqui um tinto delicioso… É que praticamente ainda não saímos do quarto. Até temos comido aqui.
-Pode ser.
Ela foi ao mini bar buscar copos e serviu um para cada. Fizemos um brinde e beberricamos um pouco. Fomos fazendo conversa de circunstância, o “então, o transito para cá?”, “Demoraste muito?”, aquelas coisas banais e comuns.
Ela propôs outro brinde e, quando juntamos os copos, sem eu me aperceber muito bem como, ela entornou vinho no vestido da Guida.
-Oh, Guida, desculpa...
-Deixa tar, não faz mal.
-Mas faz, é vinho, vai deixar mancha. Temos que tentar limpar isso já…
-Não, deixa estar.
-E vais para a rua assim? Espera, anda cá. – e com isto arrastou a Guida para a casa de banho.
Fiquei ali um bocado, sozinho, com a companhia apenas da televisão enquanto as ouvia na casa de banho.
-Assim não dá jeito nenhum, espera. Tira isso e deixa cá ver.
-Então vou tirar, assim, o vestido?
-E então? Tens ai alguma coisa que não tenha visto?
Riam-se as duas e discutiam acerca da melhor forma de limpar a nódoa. Ao fim de algum tempo deixei de lhes prestar atenção. Ela veio até ao pé de mim, sentado na cama, para vir buscar o secador e voltou para a casa de banho. E eu ali continuei. O som do secador acabou por abafar as vozes delas. Deixei-me estar completamente alheio. Ao fim de um bocado o secador calou-se. E quando dei conta disso ele já se devia ter calado há um bocado e continuava sem as ouvir a falar. A curiosidade despertou…
…e depois venceu. Levantei-me e fui até à entrada da casa de banho. A porta estava aberta. Olhei, e apenas num relance vi a Guida apenas em roupa interior, de pé abraçada a ela, e ambas se beijavam com uma sofreguidão que me deixou atordoado.
Afastei-me da porta, sentindo que tinha invadido um espaço. Voltei para a cama e voltei a sentar-me, sem saber muito bem como reagir. E na incerteza deixei-me ficar quieto, tentei limpar a imagem da minha mente, pensando que seria algo com que teria de lidar mais tarde e fiquei a ver televisão. E esperei algo que me pareceu uma autêntica eternidade. Esperei tanto tempo que me parecia que já esperava há mais tempo que aquele que existia no universo, e era, sem dúvida, uma espera angustiante.
Finalmente saíram a duas da casa de banho, sem dizerem uma palavra. Ela veio direita a mim e, sem cerimónia, descalçou-me, despiu-me a t-shirt e as calças e afastou-se. Agarrou na mão da Guida e, suavemente, arrastou-a para a cama.
Ajoelharam-se as duas e começaram a beijar-se e a deixar as mãos percorrer o corpo uma da outra, encostando-se, roçando-se sentindo-se e ignorando-me por completo. Ela, mais afoita, ia desbravando algum desconforto que a Guida sentia, não só por estar numa situação completamente nova, mas também e sobretudo, não duvido, pela minha presença.
A situação para mim raiava agora o insuportável. Acabei por me levantar e me ir sentar na janela, assolado por demónios aos quais não queria dar ouvidos. Acendi o cigarro. Elas apagaram a luz e o quarto por momentos mergulhou na penumbra da qual foi emergindo aos poucos à medida que os meus olhos se habituavam à luz.
Podia distinguir as suas formas enquanto se despiam e acariciavam e beijavam o corpo uma da outra. A Guida foi empurrada para a cama e vi-a a ela a beijar-lhe o corpo todo, partindo dos seus lábios e não se detendo em nada até chegar aos pés. Depois subiu. Todo este trajecto demorou imenso tempo. Acendi outro cigarro enquanto as olhava.
Apenas ouvia os gemidos de prazer da Guida enquanto ela lhe lambia o sexo a crescerem numa escada inevitável até ao orgasmo, e vi ela proporcionar-lhe um prazer tão intenso com jamais vira uma mulher atingir. Vi os orgasmos da Guida sucederem-se deixando-a completamente louca e arrasada. Vi o meu orgulho e a minha arrogância de macho serem atirados para o chão e a rastejarem perante tal manifestação e senti-me pequeno, incapaz de igualar algo assim. Vi quando a Guida, Louca de prazer, a empurrou a ela para a cama e a levou também a um orgasmo fabuloso, lambendo-a e penetrando-a com os dedos. E vi a maneira como ela, quando o orgasmo chegou se virou finalmente para mim, com os olhos carregados de tesão e desejo, dando-me finalmente atenção, e disse, apenas com os lábios, sem emitir um som “Amo-te”.
Foi esse o momento da realização de que tudo aquilo era para mim. O meu orgulho estava destruído, a minha arrogância também, mas o meu desejo estava intacto e o mundo ganhou uma cor, um cheiro, uma intensidade diferente de tudo aquilo que eu tinha presenciado até então. E no entanto, o mundo, sem o ser, era ainda o mesmo.
Acabei por me juntar a elas e passamos o resto da noite a amarmo-nos.
E eu renasci…

Mergulho



Suguei o fumo quente do cigarro e senti-o a arranhar-me levemente a garganta enquanto se encaminhava para os meus pulmões.
Olhei-a nos olhos. Estava linda, como sempre estava quando a via.
Desviei o olhar dela, e olhei pela janela. Parecia que esta, neste momento, me separava do mundo lá fora e fazia com que não houvesse qualquer contacto. Havia duas realidades distintas. A que existia somente dentro destas paredes e a que existia lá fora. Ambas estavam alheias uma da outra.
Abri a janela e deixei que os sons do outro mundo invadissem o meu enquanto proporcionava um escape ao fumo que saia dos meus pulmões. Quase podia sentir a nicotina a invadir o meu sistema nervoso e a deixa-lo ligeiramente mais descontraído.
Ela continuava a olhar para mim, com o seu olhar doce, apaixonado. Era linda. Puramente linda, e apesar dos poucos metros que nos separavam, podia sentir a sua pele contra a minha, o seu corpo, as suas emoções, a sua alma. Nunca estávamos separados, e ambos sabíamos disso.
-Conta-me. – Acabei por lhe dizer.



-Queres que te conte?
-Sim. – Respondi-lhe – Com pormenores de requinte.
-Sabes que não é fácil.
-Sei.
-Espera, entende, não é que não queira, mas porque foi tão diferente e teve uma envolvência tão grande que me é difícil por tudo em palavras, percebes?
-Sabes que percebo. Mas ainda assim gostava que tentasses.
Dei mais uma passa longa olhando-a sempre. Ela não desviou o olhar de mim. Vi que procurava as palavras para o mais difícil: começar. Eu olhava-a. Sabia o efeito que teria nela reviver a recordação. Ela sabia o efeito que teria em mim.
-Não sei como começar…
-O principio costuma ser um bom local. – Disse eu com um sorriso. – Conta-me o que se passou quando chegaste lá.
Ela hesitou um pouco, ainda em busca de palavras. Por fim, decidiu-se.
-Já te disse que a casa dela é a beira da praia?
-Sim…
-Bem, cheguei lá já perto da hora do almoço. Entrei e cumprimentámo-nos normalmente, como sempre. Mas sabes, parece que já havia uma electricidade no ar, algo de diferente.
Acenei que sim com a cabeça. Era-me absolutamente familiar essa sensação.
-Ela é assim toda daquele tipo de comidas leves, saladinhas e assim. Eu ainda a ajudei a pôr a mesa. Sentamo-nos para comer e fomos falando, mas se queres que te diga até me esqueci do comer. Havia mesmo algo de diferente na maneira como olhávamos uma para a outra, muita troca de olhares, muita sedução mesmo. A maneira como ela me olhava deixava-me completamente sem saliva. Mas não nos tocávamos. Acho que houve frases na nossa conversa que foram ficando a meio. Ainda assim fomos tentando parecer o mais descontraídas possível. Não havia nada de explícito, sabes.
-Calculo. Havia de certeza uma certa insegurança de ambas as partes, não?
-Mais da minha, acho. Fomos falando e inevitavelmente acabamos por falar de sexo . No meio da conversa ela confessou já ter estado com outra mulher o que acho lhe dava a tal segurança…
-Mas não duvides que, por mais que parecesse, a insegurança estava lá.
-Pois, se calhar.
-Sabes que há sempre insegurança num jogo de sedução. É isso que o torna mais delicioso.
Ela sorriu.



-Sabes, acho que tens razão.
Puxei mais uma passa do cigarro e sorri-lhe.
-Eu tenho sempre razão. Excepto quando não tenho, claro.
Ela soltou uma gargalhada. Adoro o som das suas gargalhadas, a maneira franca e sincera como se ri, como é. A sua mera existência prova que, afinal, o universo é justo.
-Queres que eu continue? – Perguntou-me.
-Sem qualquer sombra de duvida.
Ela esperou um bocadinho enquanto organizava as suas recordações. Depois continuou.
-Bem, no meio disto tudo chegámos à sobremesa. Contei-te que levei uma mousse de chocolate, não contei?
Assenti com a cabeça para não a interromper.
-Pois, … - continuou – fomos comendo e brincando com a mousse. Parecíamos duas gaiatas, a sério. Acabamos todas lambuzadas, como é óbvio. Sabes que nessa altura só me lembrava de ti, do que tínhamos falado.
Apaguei o cigarro e sentei-me à sua frente. Apenas a queria ouvir. Ouvia-a e sentia o que ela tinha sentido, como se os seus sentimentos se pudessem transmitir por palavras. Essa era uma das coisas que nos unia, esta forma de nos entendermos, de sabermos como está do outro apesar de tudo, de sentirmos as tristezas, as alegrias, as excitações, por mais separados que estejamos no espaço. Cada vez mais olhava para ela e intuía, ou mesmo, sabia que para nós não havia espaço nem tempo. Nem sequer havia nós. Éramos apenas as duas faces distintas da mesma moeda numa procura constante. Cada experiencia, vivencia, fosse o que fosse apenas contribuía para que ambos crescêssemos em conjunto. Mesmo as coisas absolutamente banais ganhavam uma dimensão transcendente. Ela continuou.



-Ela levantou-se e foi buscar qualquer coisa para nos limparmos. Eu estava mesmo uma desgraça, completamente lambuzada de chocolate.
-Devias estar deliciosa…
-Quando voltou, trazia um guardanapo na mão e limpou-me a boca devagar, sabes? Mas sempre assim a olhar-me, com os olhos nos meus. Foi ai que me deu um beijo, de repente, mas com um carinho, uma suavidade, assim com muita língua, sabes?
-Foi diferente?
-Completamente, amor, foi tão suave, tão doce, com tanto tempo…
-E diz-me, como é que foi ter um primeiro beijo outra vez?
-Amor, este foi muito melhor que o primeiro, sabes?
Adoro quando ela me chama “amor”.
-Foi um primeiro mas com experiencia prévia, não?
-É, acho que é isso.
-Calculo que te tenha feito alguma confusão, na altura.
-Só nos primeiros 2 segundos, porque depois esqueci-me completamente de tudo. Sabes, ela estava em casa, estava mais à vontade, já tinha estado com outra mulher. Foi muito meiga, e começou a beijar-me por todo o lado, por cima da roupa. Ela é assim, muito doce.
-Se bem te conheço, logo após esse primeiro beijo ficaste nas nuvens, não?
-Fiquei surpresa, mas com tanta vontade…
-Surpresa? Mas não estavas à espera do beijo?
-Estava à espera e queria, mas sabes como é a primeira vez, nem sabia muito bem o que fazer. Mas ela foi fantástica e começou-me a mimar de uma maneira, sempre a olhar-me no fundo dos olhos. Deixou-me solta, e comecei a fazer-lhe o mesmo. Ela apetecia-me cada vez mais.
Eu ouvia-a e cada palavra dela fazia com que ela me apetecesse mais. Naquele momento desejava-a. Sentia o quanto tinha sido intensa a experiência que ela tinha vivido e deliciava-me com essa intensidade que passava para mim. As suas palavras excitavam-me.



-Ela, enquanto me beijava começou a acariciar o meu peito, os biquinhos das minhas mamas, o meu corpo, a pôr a mão em cima do meu sexo, sempre assim por cima da roupa. Eu ia-lhe fazendo o mesmo e a tesão estava demais, amor. Só me apetecia tê-la. Queria-a. Ela encostou-se à parede da sala e deu-me o seu sexo para eu acariciar., e volta e meia dava-me a língua para eu chupar. Sabes, no inicio foi mais ela a ter a iniciativa, mas depressa ela me começou a apetecer tanto que eu não me contive. Despi-a da cintura para cima e comecei a lamber e chupar os bicos das mamas. Ela agarrou-me a cabeça por detrás e só me dizia que a minha boca era mágica.
-Ela tem razão, sabes? A tua boca é mesmo mágica.
Ela limitou-se a sorrir com o meu comentário e continuou.
-Ela dizia que me amava e que não parasse de a chupar. As mamas dela estavam tão boas…
-Diz lá que sentir um mamilo de mulher na boca e chupá-lo devagar não sabe bem?
-Mesmo muito, bem, e estive ali montes de tempo a dar-lhe aquele mimo todo, sempre bem devagar. Estivemos assim montes de tempo, e ela só me pedia que não parasse. E, acredita, eu não queria mesmo parar. Só parava para lhe beijar a boca, de vez em quando. As tantas foi ela que se agarrou ao meu peito e começou a chupar-me…
Olhei para o peito dela com um olhar carregado de desejo. Apetecia-me levantar-me ajoelhar-me no chão, em frente a ela, e beijá-la, agarrá-la, sentir o toque dela. Contive-me.
-…e lambia-me as mamas por todo o lado. Agarrava-mas e juntava o mais possível os bicos para passar de um para o outro com a língua. Amor, quase que me vinha nessa altura, a sério. Estive tão perto do orgasmo. Sabes, senti-me tão mais mulher naquele momento…
Partilha. Sem sombra de dúvidas era uma palavra que nos definia. Partilhávamos tudo, até estes momentos por demais íntimos, aqueles momentos que são quase sagrados e que guardamos só para nós. Como poderíamos evitar de o fazer, sendo um só como éramos?
-Sabes, … - continuou ela - …houve uma altura em que ficamos as duas completamente nuas deitadas no sofá dela. Ela agarrou a minhas mamas como quem não quer largar. Depois começou a roçar as dela nas minhas, assim biquinho a biquinho, ao mesmo tempo os nossos sexos se colavam e roçavam um no outro o as nossas bocas se colavam de uma maneira inexplicável, se fundiam uma na outra e as nossas línguas se massajavam e se davam e as nossas salivas se misturavam…
Neste momento eu já não dizia nada, nem sequer reagia. Simplesmente olhava-a. Tinha a noção de que o meu olhar devia estar completamente carregado com o desejo que sentia por ela, tal como entre as minhas pernas e meu membro crescia e tinha a perfeita noção das hormonas a fluírem na minha corrente sanguínea. A vontade que tinha de me tocar era imensa. Nos olhos dela, como um espelho via que a vontade dela era igual à minha, mas ambos nos contínhamos, para que ela continuasse sem distracções, o que só conseguia aumentar ainda mais a nossa excitação. Levantei-me deixando a minha obvia erecção transparecer e fazendo-a ficar em silencio por um momento, com os olhos fixos. Acendi outro cigarro e o fumo desviou a minha atenção apenas por uns meros instantes. O estado em que me encontrava precisava de ser acalmado. Queria, sobretudo, continuar a ouvi-la.
Ela acabou por continuar ao aperceber-se que apenas me tinha levantado para fumar.
-Sabes, às tantas acabamos por ficar assim de lado, encaixadas uma na outra, com os nossos sexos colados um ao outro, os nossos clítoris a roçarem-se, os nossos leites a misturarem-se e as nossas bocas incasáveis à procura uma da outra. Foi mesmo bom, sabes, …
A linguagem dela ia mudando, pouco a pouco, à medida que a sua excitação crescia e fazia crescer a minha. Era óbvia a tesão que ela sentia apenas por recordar.
-…encaixámos tão bem. Mas às tantas ela desceu e começou a lamber-me pernas as pernas e os pés de uma forma absolutamente deliciosa. Começou só por aflorar os lábios um pouco acima do meu clítoris, mas sem lhe tocar e foi descendo para virilhas. Esteve aí muito tempo, mas nunca sequer me tocou no sexo, o que me estava a deixar louca. Só me disse para me deixar estar quieta porque me queria dar prazer. Eu fiquei e ela fez-me de tudo, sabes? Massajou-me tão bem o sexo com os pés, que nem sei que te diga. Só me apetecia fazer-lhe o mesmo, mas ela dizia-me, “A seguir és tu”. Deixei-me ir. Deixei-me completamente assoberbar pelo prazer que sentia, sabes? Ela beijou e lambeu cada pedacinho de mim, não deixou um milímetro por beijar, nada, mesmo nada…
-Deu-te um banho de língua?
-Completamente. Muito devagar, de uma forma completamente extemporânea fez de mim o que queria até que eu não aguentei mais e tive um orgasmo maravilhoso e ela só sorria. Amor, é bom. Tão bom que não consigo descrever…
-Eu sei. Não precisas.
-Eu sei que sabes. Amor, quando me vim estávamos novamente com os nossos Sexos completamente colados, a roçarmo-nos, e as nossas línguas uma na outra. Ela sorriu de uma forma… Amor, é mesmo muito bom, sabes? Eu quero estar com ela outra vez…
Ela olhava-me neste momento com um misto de incerteza. Era claro a forma como de alguma maneira procurava a minha aprovação. Mas não precisava dela. Já a tinha, sempre a tivera.
Sempre lhe tinha dito que o facto de estar com outra mulher a ia mudar, e lhe ia mudar a visão que tinha do mundo. Não porque fosse algo de transcendente, mas porque ela o ia encarar como se fosse. Sabia que quando ela o fizesse, teria de ser com alguém a quem amasse. Era obvio que a amava, não da mesma forma como nos amávamos, mas nunca há duas formas iguais. Desde aquele dia que a mudança nela era evidente, coma sua feminilidade completamente assumida, mais mulher agora que antes, mais segura, mais sensual, mais tudo. E este tudo era meu, mas eu não o queria de uma forma exclusiva ou possessiva. Sempre tinha sido livre e sempre quisera que ela o fosse também. Neste momento éramos um do outro com a plena liberdade de o havermos escolhido.
-Se bem te conheço ficaste passava quando tiveste o orgasmo, não?
-Fiquei para morrer. Só me apetecia estar ali, sempre a fazer amor, sabes? Só me apetecias ali…
Aquela pequena frase disse tudo.
-Ela levantou-se para ir à casa de banho e eu fui atrás. Ela acendeu um cigarro e soprou o fumo para o meu clítoris. Amor, o meu sexo estava tão molhado… Eu nem sabia o que fazer de tão bem que estava, sabes? Sentei-a na banheira enquanto ela fumava, pus-me no meio das pernas dela e comecei a lambê-la. Eu até espalmava a língua para a lamber melhor…
-Amor, sabe bem lamber assim, não sabe?
-Ai, lindo, tão bem…
-Adorava lambê-la junto contigo…
-Eu quero que a lambas junto comigo!



A minha excitação ultrapassava os limites do tolerável. O simples facto da pele do meu membro roçar nos boxers quase me fazia explodir num orgasmo que eu não queria sentir agora. Fazia todos os possíveis por me descontrair e relaxar, mas os meus sentidos trabalhavam cada vez mais de uma forma autónoma. Sabia que ela neste momento padecia do mesmo mal. Um simples toque podia fazê-la vir de uma forma intensa, e nem precisava ser um toque de cariz sexual. Neste momento qualquer movimento teria um cariz sexual. Eu evitava até olhá-la e olhava para a paisagem do mundo que estava lá fora, como se se tratasse de uma moldura com uma fotografia em movimento. Sabia que o seu simples olhar me poderia lançar para o prazer que eu tanto queria, mas não ainda.
-Sabes, ficamos ali na casa de banho a fazer tanto… Ela é mesmo muito meiga, sabes, e debruçou-se sobre o lavatório e empinou o rabinho para mim. Comecei a lambê-la assim, por detrás, dava pequenos beijos e ouvia os gemidos dela. Dizia-me às vezes “quero-te”. Eu deliciei-me com as pernas e o cuzinho. Tive imenso tempo a lambê-la assim, amor, e fiquei outra vez com uma tesão… Ela tava completamente doida de prazer, dizia-me coisas lindas, amor, e dizia que me queria fazer mais. Mas eu não deixava. Não era isso que tínhamos combinado.
Sorri-lhe.
-Ela estava doida de tesão e eu fiquei outra vez por isso mesmo, sabes? Ela só me pedia a língua na boca dela. Eu agarrei-a pela mão e levei-a para o sofá. Sentei-a e comecei a lamber-lhe os pés, a saboreá-la, a chupar os dedos, deixá-los molhados com a minha saliva. Depois passei o pé dela no meu peito, e finalmente no meu sexo. Ela gemia tanto, amor. Dizia que nunca a tinham mimado tanto, sabes?
Eu sorri, não para ela, mas desta vez para com os meus pensamentos. Havia tanta gente que passava por uma vida inteira sem ter um único momento em que se sentisse verdadeiramente amada, verdadeiramente desejada. E o mais interessante é que na verdade ninguém dava por isso, porque o que tinham, julgam eles, é muito. O problema é que quando temos um único momento como este todos os outros se reduzem a uma insignificância extrema, perdem por completo o significado. A vida é, na verdade, para quem ama, para quem vive. Os outros limitam-se a sobreviver dia após dia sem sequer terem a consciência disso!
-Disse-lhe que se deixasse estar, que não pensasse sequer em mim, que eu lhe queria dar tudo. Encostamo-nos e foi a minha vez de a lamber e beijar toda. Lambi-lhe a cara, devagar, e fui descendo, parei nas mamas dela e deliciei-me. Ela só gemia. Fui descendo e sentei-me no chão para, com os pés, começar a masturbá-la devagar. Masturbava-a e lambia os meus dedos. Tocava-me para ela ver. Comecei a meter um dedo no sexo dela e ela só pedia para não parar. Ela tem assim um monte de Vénus como o meu, todo rapadinho, tão macio. O leite dela molhava-me por completo o pé. Foi então que ela me pediu para provar. E eu dei-lhe… só isso. Então fomos uma para cada ponta do sofá e ficamos assim, a masturbarmo-nos uma à outra com os pés e a darmos assim a provar à outra. Acreditas que assim, com os pés foi bom?
-Acredito.
A mera imagem mental do facto provocava-me uma excitação quase incontrolável.
-Tínhamos todo o tempo do mundo e só queríamos dar. Depois levantei-lhe as pernas e fiquei com ela ali, completamente exposta para eu lamber. Ela segurava nas pernas bem para trás e eu lambi-a toda. Queria o cuzinho dela na minha língua. Lambi-o todo, sempre bem devagar. Ela dizia”Não pares! Quero muito!” .
-Foi a primeira vez que a fizeste vir com a tua boca?
-Sim. Ela ali toda exposta, virada para mim era tão boa. Quando lhe meti a língua no cuzinho ela abanou as ancas e deu um berro “EU NÃO AGUENTO! QUERO DAR-TO!”. Eu muito devagar lambia-a tanto que ela se veio ali e chupei o leite todo… Tens de chupar o leite dela, amor. É bom…
-Quero… - limitei-me a dizer.
-Provei-a toda e subi com a minha cara inundada com o leite dela, para a beijar. Então, depois do orgasmo dela, delicioso, estivemos ali no chão, coladinhas e deliciadas com as nossas línguas. Ali pensei tanto em ti que não resisti a dizer-lhe que me apetecia tanto que ali estivesses. Ela olhou-me e perguntou se tu quererias também com ela ao que eu respondi “claro”... Não falamos mais, a não ser com os olhos. A partir daí já só queríamos fazer amor, muito, e ela começa a massajar o meu clítoris devagarinho. Desceu para mo lamber. Achei que queria fazer-lhe o mesmo e viramo-nos de lado. Fizemos um 69 de lado com os sexos na nossa cara e com uma das pernas levantada. Não queria que acabasse. Não sei se me sabia melhor lambê-la ou ser lambida por ela. Depois quis chupar-lhe os dedos outra vez e chegamo-nos para cima. Sem dizermos nada ficamos ali a chupar os dedos uma da outra, como se fossem glandes nas nossas bocas. Eu chupava um de cada vez, deixando-me estar mais tempo no dedo grande, que me enchia mais a boca e que me lembrava que só me apetecia estar ali a provar-te e a chupar-te. Quando já não aguentávamos, levantamo-nos e, de pé, beijamo-nos e metemos os dedos nos sexos uma da outra…
Aproximei-me dela e pus-lhe a mão na face. Ela parou e olhou-me. Suavemente pousei os meus lábios nos dela, e deixei que a minha língua deslizasse para a sua boca e senti o sabor dela.


Quebramos o beijo finalmente. A minha vontade dela era enorme, a minha excitação, a esta altura, algo que me estava a deixar louco. Mas ela ainda não tinha dito tudo, havia ainda muito por dizer e eu queria entende-la, sabê-la, conhecê-la cada vez mais.
Afastei-me novamente para a janela e acendi outro cigarro. Tinha que dar uma pausa aos meus pensamentos, ao meu corpo.
Ela percebeu isso e ficou em silêncio, quieta durante algum tempo. Olhei para ela ao fim de algum tempo e ela percebeu que podia continuar.
-Sabes, o que se passou entre nós duas foi tão intenso que não encontro palavras. O final daquela noite foi muito lindo. Fiquei a olhar para ela e senti-me tão bem, amor, sem culpas. E sei que ela sentiu o mesmo, sabes? Demo-nos tanto, mas tanto…
Na maneira como não descolava o olhar dela deu-lhe a entender que eu queria, aliás, precisava que ela continuasse.
-Depois de ter feito amor daquela maneira só me apetecia ficar assim sempre abraçada a ela. Acho que soubemos as duas, ali, que teríamos que estar juntas assim outra vez.
-Nesse momento acredito que estivesses mesmo apaixonada por ela, não?
Houve alguma hesitação na sua reacção, como se tentasse responder com a verdade mas não me quisesse melindrar. Olhou-me nos olhos e percebeu que nada do que me dissesse faria com que isso acontecesse. Sentiu finalmente que a minha aceitação dela era total, que nada do que me dissesse poderia magoar-me ou melindrar-me. Sentiu que eu apenas queria que ela fosse feliz, que amasse, que se sentisse amada. E eu, indubitavelmente, incondicionalmente, amava-a naquele momento, como sempre. Continuou.
-Sim estava muito e só lhe queria bem. Deitamo-nos as duas no sofá, encaixadas uma na outra, o meu peito nas costas dela e ficamos assim montes de tempo. Ela agarrou a minha mão e levou-a ao seu peito. Ficamos assim imenso tempo. Nem tenho noção de quanto. Amor, foi tão lindo e bom…
Eu simplesmente assentia com a cabeça. Percebia-a perfeitamente. Cada vez mais.
-Eu dava assim beijos e trinquinhas na parte de trás do pescoço dela, ambas de olhos fechados… Só nos apetecia fazer amor daquela maneira simples e quase infantil. Os nossos beijos eram muito mais lentos e doces com o sabor dos nossos sexos. Eram beijos de amor mesmo e apesar de muito excitantes, eram de mimo, sabes? As nossas bocas eram uma só. Às vezes até parávamos para nos provarmos melhor, sabes?
Os meus olhos diziam apenas “apeteces-me tanto…”, mas a resposta que lhe dei foi diferente.
-Já tive essa sensação contigo...
-Sim já a tivemos…
O ar com que ela me respondeu deixava que eu visse que neste momento talvez fosse uma boa ideia chegar-me ao pé dela, tocar-lhe. Sabia que ela o queria muito, mas eu queria espicaça-la ainda mais, tocar-lhe, não o corpo, mas a alma, torturá-la. O rubor das faces dela denotava o que sentia, bem como a maneira como os seios se empinavam e os bicos das suas mamas se faziam notar cada vez mais através do tecido fino que os cobria. O desejo que estava nos meus olhos aumentava ainda mais o dela, mas a minha recusa em ceder excitava-a. Eu gostava de a ver excitada, adorava amaneira como os seus olhos me estavam a seduzir, a implorar para que me chegasse ela. Mas não o fiz, porque sabia que se o fizesse aquilo que ela me contava perderia a intensidade. Ela resignou-se e acabou por continuar.
-Estávamos mesmo felizes e exaustas também. Parecia que o tempo tinha parado para nós e não existia mais nada… Acho que conseguíamos estar neste estado para sempre, com linguados bons e calmos… - ela sorriu com a recordação, e o seu rosto iluminou-se com uma certa nostalgia - Depois de termos feito amor daquela maneira sublime, ela parecia uma menina. Fechava os olhos e sentia prazer só num simples toque meu. Pedia-me para não ir embora ao que eu respondia que fossemos estando até nos apetecer. Amor, as nossas bocas não descolavam e ela beija tão bem, mas tão bem e a língua dela é tão boa de chupar…
Olhei-a enquanto ela me afirmava aquilo com uma clareza de pensamento quase assustadora. O obvio tornava-se ainda mais obvio e o improvável à não muito tempo atrás transformava-se em certeza.
-Amor os nossos beijos, depois de nos termos lambido e chupado tanto, eram deliciosos pois as nossas bocas só sabiam aos nossos sexos…
Depois de ter conseguido que a minha excitação acalmasse um pouco, ela voltava com uma certa dose de vingança. Sentia a minha pulsação nos meus ouvidos, e uma extrema necessidade de me tocar ou ser tocado. Queria, precisava mesmo de sentir um orgasmo. Creio que foi notório o meu estado. Ela observou-me e sorriu. Houve um leve gesto da parte dela que indiciou a vontade que tinha de me tocar também. Mas depois ela resolveu fazer exactamente o que eu lhe estivera a fazer todo este tempo e retraiu-se. Ao invés deixou a sua mão começar a passar pelo seu corpo ao de leve, detendo-se no seu peito. A visão era absolutamente perturbadora. O seu sorriso tornou o seu olhar ainda mais sedutor. Convidava-me. Jogávamos os dois. Alguém teria de ceder primeiro. Ela soltou um pequeníssimo gemido, seguido de um suspiro profundo enquanto passava a mão por dentro do soutien e acariciava o seio. Eu sentia gula por ela. Pura luxúria. Ela continuou.
-Amor, depois de tantos orgasmos, de tanto amor e tanta tesão, só queríamos estar sossegadinhas a tocar o corpo uma da outra. Antes de ficarmos de vez sossegadinha e eu quase adormecer, ela pediu-me só mais uma coisa ao que eu acedi. Pediu-me para me por de pé e não fazer nada. Fiquei de pé e ela começou a beijar-me pelo corpo todo, muito devagar, e só parou no meu peito e depois no meu sexo. Assim, só por cima, com beijinhos pequeninos. Depois abraçou-se á minha cintura, encostou a cabeça ao meu ventre e disse que me adorava...
Compreendi tudo finalmente. Mesmo tudo. Através de toda a excitação que sentia como algo de carnal e que ameaçava cegar-me os sentidos, tudo fez sentido.
-Eu, como ela me tinha pedido, não fazia nada, mas nessa parte puxei-a para cima e dei-lhe um abraço apertado, tão bom… Beijamo-nos nos lábios e deitamo-nos sem dizer nada. Estivemos algum tempo assim, sem dizer nada, até que a meio da noite eu lhe disse que devia ir embora. Ela só disse que entendia, mas pediu-me que eu não fugisse para sempre. Eu sorri. Sabes, apetecia-me ficar, mas também tinha a certeza de que, inevitavelmente, voltaríamos a estar.
Aquilo que ela tinha para me contar tinha acabado ali. Sabia-o. Sabia haver mais, mas também havia tempo e não se pode descobrir o mundo ou viver a vida num único dia. Para além da excitação que sentia e da vontade de lhe tocar precisava de arrumar as ideias, de me arrumar a mim, de perceber o que tinha havido entre estas duas mulheres. Mas tinha já compreendido que aquilo que se passara entre elas não era entre duas mulheres mas sim entre dois seres. Ela estava agora mais mulher, mais sedutora, mais forte, mais segura do que alguma vez estivera. Seduzia em cada palavra, não escondia o olhar nem a sua vontade. Ela sentira-se verdadeiramente amada e desejada. Ela amara e desejara. Era para sempre um ser diferente do que fora antes.
Acendi outro cigarro e inspirei profundamente. Já não me lembrava de fumar tanto há muito tempo. Refugiava-me do seu olhar na paisagem de lá de fora. Amava-a. Profundamente. Ela interrompeu o meu silêncio e os meus pensamentos.
-Sabes o que me passou agora pela cabeça?
-O quê? – Perguntei eu saindo do turbilhão dos meus pensamentos.
-Claro que adorava fazer amor contigo e com ela, mas imaginei-me sentadinha num canto a ver outra mulher dar-lhe prazer. Sentir que mais alguém a quer, entendes? Ver outra mulher dar-lhe tanto quanto ela merece, aprender coma as duas, excitar-me com isso. Vê-la ter o seu peito mimado e o seu sexo chupado com tesão e eu estar a masturbar-me, a passar os meus dedos por cima das cuequinhas e estar só a vê-las, a ouvi-las gemer. Sentir que ela sabe que estou ali para ela. Senti-la molhar-se noutra boca. Senti-la com vontade de mim e dar a outra mulher… Gemer eu, baixinho, só para ela ouvir…
Apaguei o cigarro e sentei-me.
-Sabes, eu já vi em duas ocasiões distintas duas mulheres a foder, mas a foder mesmo, porque fazer amor é outra coisa completamente distinta. Mas contigo e com ela foi completamente diferente. Sei que foi, e cada vez mais me apercebo disso. Ela não quis estar contigo por seres uma mulher, por ser diferente por ser uma experiência nova, o tabu, o fruto proibido. Ela quis estar contigo por seres tu.
Ela olhou-me algo surpreendida, como quem não esperava mais nada que não fosse o eu levantar-me e toma-la nos braços. Eu continuei.
-Sei que, pelo menos a principio, quiseste estar com ela por tudo aquilo, mas depois acabaste por te aperceber que havia mais do que isso e a questão de ser uma experiência proibida acabou por se desvanecer e apareceu algo de que não estavas à espera. Acredito que seria excitante vê-la com outra mulher, mas sabes se ela o quereria? Ou será que ela quis estar contigo por tu seres quem és, e porque ela já sentia algo por ti que não era só uma atracção?
Ela parou para pensar. Apercebi-me de que a confrontei com sentimentos que ela ainda não tinha ainda aprofundado dentro de si, algo que sentia à superfície mas que tinha algum receio de encarar.
-Amor, não sei o que ela quereria. Só queria que ela tivesse muito mimo que não só o meu. Acho que ela me escolheu porque represento algo para ela, mas eu queria tanto que ela se sentisse desejada, que ela visse o quanto é maravilhosa. – Ela parou por um momento e vi a melancolia que lhe veio aos olhos, a saudade, a tristeza e uma lágrima escorreu pelo seu rosto – Sabes, fizemos amor de uma forma tão simples e linda e eu queria dar-lhe tudo mas tenho medo de ter sido tão pouco…
-E tu sabes porque é que tens medo que tenha sido pouco? Bem tu sabes, mas já interiorizaste o porquê?
Ela encarou-me. Eu olhei-a bem no fundo dos seus olhos. As lágrimas começaram a soltar-se livremente e a deixar pequenas linhas húmidas no seu rosto. Respirou fundo, como se todo o ar do mundo não chegasse, e respondeu:
-Sei que tenho medo de ter sido pouco porque a amo e só quero que ela esteja bem.
-E já lhe disseste isso? Já lhe disseste “Eu amo-te!”?
-Não, não disse. Assim não disse.
-Porquê? Tens medo de ouvir um”Eu também te amo…”?
-Tenho!
-Tens medo porque achas que isso mudaria algo em ti? Ou nela?
-Tenho medo ter estas saudades dela e vontade de me apetecer estar sempre a fazer amor com ela. Tenho medo que ela me queira da forma como eu acho que me quer…
-Acho que devias pegar no telefone, ligar-lhe, e quando ela atendesse dizeres-lhe"Olha, sabes que mais? Eu amo-te e sou feliz por isso…". Em relação à forma, acho que isso não é o mais importante. Eu amo-te e somos o que somos, estamos como estamos.
Aproximei-me dela e limpei as lágrimas do seu rosto com os meus dedos, com suavidade. Ela olhou para mim e mais do que desejo, nos seus olhos eu via o amor que esta mulher, que este ser sentia por mim.
-Sabes, não existe nenhuma lei no universo que diga que só podes amar uma pessoa de cada vez. Nós não funcionamos assim, por muito que nos queiramos convencer do contrário. Ama-a. Eu sei que, mesmo sem a conhecer, a amo, só por ela ser o que é para ti…
Ela abraçou-me e ficamos assim um longo tempo, com os nossos corpos colados, fundidos num só que éramos na realidade. Ela, por fim, quebrou o silêncio.
-Sabes, … - disse - …acho que bom mesmo não era com outra mulher, mas contigo. Podemos dar-lhe tudo, amor…
-Sim, podemos…
Cedi, puxei-a para mim, beijei-a com a intensidade, a paixão, e a tesão que estavam em mim, acumulados durante todo este tempo. Amei-a. Dei-me a ela. E fizemos amor de uma forma doce, tão doce…
…e fomos um só…



Gosto...





Gostava que tu soubesses o quanto é boa a sensação de te tocar.
Gostava que soubesses o prazer que me dá fazer-te sentir prazer, masturbar-te devagar, só com um dedo, fazendo uma pequena pressão no teu clítoris, senti-lo a ficar entumecido…
…passar depois o dedo ao longo dos grandes lábios, sentir a humidade neles, envolver o dedo, lubrificá-lo e depois voltar ao teu clítoris…
…massajá-lo…
…senti-lo a erguer-se à procura de carícias…
Juntar outro dedo à festa e fazer o clítoris deslizar ao longo do intervalo dos dois dedos…
…e sentir a tua língua a digladiar-se com a minha enquanto sinto os teus gemidos a aparecerem tímidos mas a começarem a subir de intensidade…
…e sentir a tua mão procurar o meu caralho e começar a masturbá-lo.

Gostas quando ele fica cheio de tesão na tua mão?




Gosto de te começar a foder apenas com um dedo, bem devagar, sentir os músculos a contraírem-se à volta dele enquanto ele vai ao encontro do teu ponto G…
…e depois pôr mais um e massajar-te assim, por dentro, enquanto faço pressão com a palma da minha mão sobre o teu clítoris.
Gosto de te masturbar assim, com calma, até te vires pela primeira vez na minha mão.

Gosto de, quando te acalmas, depois do orgasmo, retirar os dedos completamente encharcados no teu leite, e levar o dedo médio até ao teu ânus, massajar o teu esfíncter, tentá-lo…
…gosto de ao mesmo tempo levar a minha boca à tua cona para a poder lamber, saborear, degustar, limpar, invadir com a minha língua, para depois, só depois, colar os meus lábios em redor do teu clítoris e sorvê-lo, chupá-lo, lambê-lo, senti-lo na ponta da minha língua…
…gosto de ao mesmo tempo invadir o teu ânus com o meu dedo, entrar assim em ti, começar movimentos de vaivém…
…gosto de deixar o dedo parado e deixar que tu, louca de tesão, te enterres nele enquanto o teu clítoris procura os meus lábios…
…gosto quando te vens assim, louca, e me dás mais uma torrente de leite que eu sorvo deliciado, enquanto o teu esfíncter aperta o meu dedo à medida que se contrai com a pulsação do teu orgasmo…
…gosto quando, logo a seguir, me procuras, te inclinas e me engoles e me fodes com a tua boca com uma loucura que vem da tesão que sentes…
…gosto de te fazer vir enquanto estamos assim num sessenta e nove delicioso e tu gemes com a boca completamente cheia com o meu caralho…
…gosto de te penetrar enquanto estas ainda a sentir os espasmos do orgasmo e me sentes a invadir-te…
…gosto quando não consegues conter os gritos…
…gosto de ficar parado e sentir-te a foderes-me, a cavalgares-me em direcção a um orgasmo…
…gosto de sentir a tua cona a ordenhar-me, ansiosa por receber o meu sémen…
…gosto de olhar-te nos olhos quando temos um orgasmo em simultâneo…
…gosto de ti…

Momentos V

Retiro, então, o meu caralho bem duro e teso de dentro do teu cuzinho e olho-te.
A tua cona continua a contrair-se em volta do vibrador. Os teus gemidos, embora menos intensos, ainda lá estão, a cada contração. O teu corpo contorce-se, ainda preenchido.
Agora é a minha vez.
Retiro-te a venda. Olho-te nos olhos e vejo o abandono e a tesão que sentes. Deleito-me nesse teu olhar. Dou-te um beijo longo, molhado, doce, sensual enquanto agarro no vibrador e te continuo a foder devagar.
Estas, neste momento, naquele patamar em que todo o teu corpo é fogo e em que já não pensas em absolutamente nada, apenas te abandonas ao prazer…
…ao teu prazer…
…ao meu prazer…
…ao nosso prazer.
Tiro o vibrador e entro em ti, fundo, de uma só estocada. Deixo-me ficar dentro de ti e sinto a tua cona a envolver-me, a chupar-me.
Adoro.
Depois começo a foder-te, fundo, mas numa cadência calma. Acelero um pouco a cada estocada. Olho-te nos olhos, beijo-te, lambo os teus mamilos, chupo-os.
-Queres mais? – pergunto-te.
-Quero.
-Queres que eu me venha nessa cona boa?
-Sim.
A cadência vai aumentando e eu começo a ficar cego de tesão.
-Gostas do meu caralho a foder-te, gostas?
-Ah! Gosto, fode-me. Fode-me fundo…
-Queres chupar o meu leite com a tua cona?
-Todo. Dá-me o leite.
-Vem-te comigo.
Não dizemos mais nada, não conseguimos. Atingimos o ponto em que não podemos mais parar, libertamo-nos, vimo-nos em simultâneo, e a sala é invadida pelos nossos gritos de prazer.
Quase desfalecemos os dois, enquanto cedemos ao cansaço. Quando finalmente saio de ti, lipo a tua cona dos teus líquidos e do meu sémen com a língua, dedicando-me de tal forma à tarefa que um novo orgasmo teu vem em consequência disso. Depois beijo-te a boca com o nosso sabor misturado e tu devoras cada pedacinho e tiras todo o sabor da minha língua.
Desato-te, por fim, e tu sentas-te na mesa e olhas-me com o olhar mais doce que já te vi. Abraçamo-nos e sussurramos quase em simultâneo ao ouvido um do outro:
-Amo-te…

Momentos IV

Mergulho o meu caralho na tua cona, devagar e profundamente uma única vez, como que para absorver o leite que escorre ainda do orgasmo, e levo-o depois à tua boca.
Lambes-me deleitada, desde os meus testículos, subindo com a língua espalmada até à glande, chupas-me, mordes-me, engoles-me.
Seguro a tua cabeça e começo movimentos de vai-vem vagarosos, fodendo a tua boca cada vez mais fundo, forçando até à tua garganta, até te sentir a engasgar. Depois deixo ficar apenas a glande, e sinto a tua língua a desenhar arabescos enquanto os teus lábios me envolvem e me chupas a querer que eu entre mais em ti.
Passo o vibrador na tua cona. Faço-o deslizar sobre o teu clítoris ao longo dos teus grandes lábios, fazendo com que ele fique molhado. A tua boca não para. Começo a fazer a glande do vibrador entrar na tua cona. Abanas as ancas querendo mais em ti. Faço-te a vontade e fico surpreendido com a facilidade com que ele desliza em ti.
Fodo-te com todo o cumprimento. Gemes e sinto os teus gemidos no meu caralho. Fodo-te devagar e profundamente. Entro no teu ritmo e sinto-te deleitada, enquanto as tuas ancas e ânsia indiciam que te estas a aproximar velozmente de mais um orgasmo. Abrando o ritmo. Quero que sintas o orgasmo a chegas devagar.
Os teus gemidos abafados tornam-se mais agudos. Vou fundo e devagar e tu contorces-te a cada estocada.
Tiro o caralho da tua boca e levo a minha ao teu clítoris. Não aguentas e explodes. Levantas as tuas ancas e queres apenas empurrar o teu clítoris para a minha boca.
-F O D E – M E! - dizes entre suspiros.
Não paro, fazendo-te a vontade. Continuo a foder-te assim até um novo orgasmo.
Quando paro vejo que estas exausta. Contorces-te de mimo, amarrada com estas.
Puxo uma cadeira a sento-me no topo da mesa, entre as tuas pernas, e olho-te como um banquete delicioso à minha frente. Começo a dar-te pequenos toques de língua no clítoris. depois lambo ao longo dos teus grandes lábios, delicio-me no teu sabor intenso, dos orgasmos que tiveste. Depois faço a minha língua deslizar para o teu ânus enquanto te masturbo com os meus dedos.
Volto com a minha boca a chupar-te e ponho um óleo lubrificante nos dedos. Massajo-te o ânus, devagar. Faço deslizar um dedo. Quando te sinto confortável deslizo outro e começo a foder-te o cuzinho desta maneira enquanto te chupo. Quero que te venhas assim. Adoro sentir o teu esfíncter a apertar-me os dedos ao mesmo tempo que a tua cona se contrai.
Fazes-me a vontade e vens-te copiosamente na minha boca. Continuo com a boca colada à tua cona, tiro os dedos do teu ânus, passo óleo no vibrador e começo a metê-lo devagar. A tua primeira reacção quando o sentes é parar. Mas depois relaxas e deixas-te ir.seguro apenas o vibrador e deixo-te ir ao teu ritmo. Não tardas a enterrar-te o mais possível e a fazer deslizar aquele caralho ao longo de teu cuzinho.
Tiro o vibrador e meto-o na tua cona de uma só estocada. Levanto-me e faço o meu caralho duro substituir o vibrador no teu cu. Fodo-te assim, bem cheia, bem apertada.
Gritas…
Deliras…
Tens o orgasmo que te queria dar, aquele que não para, que apenas varia de intensidade, e só paras de te vir quando sou eu a parar finalmente.

Momentos III

Adoro a maneira como me vais chupando, sentir a tua língua a envolver-me a rodear-me, a espalmar-se para me engolires enquanto eu te seguro a cabeça e ma faço deslizar por entre os teus lábios.
Adoro sentir-te a ficar descontrolada à medida que me sentes cada vez maior, a minha tesão a aumentar, que sentes o quanto eu tenho de me controlar para não ter um orgasmo ali mesmo, enchendo-te a boca.
Tenho de parar.
Afasto-me novamente de ti. Mudo o filme e os sons que invadem a sala.
Desta vez escolho algo da Viv Thomas.
Gosto da maneira como ela capta a essência feminina, como os filmes dela conseguem ir muito além da pornografia pura e dura.
Desta vez, ao invés de musica, a sala é invadida pelo 5.1 a debitar gemidos intensos de mulheres a fazer amor. Não vez, mas ouves.
Depois sentes uma gota de agua gelada a cair em cima do mamilo do teu peito esquerdo, depois de se ter desprendido do cubo de galo que tenho entre os meus dedos. O mamilo arrebita ainda mais, pede atenção, tu contorces-te…
Outra gota cai no outro mamilo e contorces-te novamente.
Vou deixando as gotas cair, ao longo do teu corpo, no teu pescoço, no teu peito, nos teus pés, nas tuas pernas, no teu umbigo, no teu ventre.
Gemes, contorces-te, ris…
Volta e meia lambo uma das gotas assim que cai, e faço-te sentir o frio seguido de imediato pelo calor da minha língua. Tenho-te completamente submissa, e por isso, submeto-me eu a ti e à tarefa de te dar prazer. Esta noite é toda acerca de ti, só de ti.
Começo a passar o cubo de gelo no teu clítoris, que está completamente a escaldar. Vejo os arrepios de frio e prazer ao mesmo tempo. Masturbo-te com o cubo gelado e sentes a suavidade do gelo a percorrer o teu clítoris em pequenos círculos. Depois desloco o que ainda sobra do cubo de gelo para a entrada da tua coninha que está completamente molhada e faço-o entrar em ti, auxiliado por um dedo meu.
Adoro sentir os teus músculos a contrair com o frio ao mesmo tempo que tremes de arrepios mas te desfazes em gemidos. Quando sinto o cubo quase derretido, retiro o dedo e vou beber aquela agua fresca que escorre de ti, carregada com o teu sabor. Fodo-te a coninha com a minha língua, penetro-te, saboreio-te. E à medida que o frio do gelo desaparece, subo, espalmo bem a minha língua e faço-a deslizar pelo teu clítoris.
Sei que te queres vir, que precisas de te vir. Colo os meus lábios à tua fonte de prazer e sorvo-te, chupo-te com intensidade, sinto o teu ritmo e acompanho-te, embalamos num crescendo…
…apenas para te frustrar quando estas bem perto do orgasmo, e quando sinto o teu corpo acalmar apenas um instante, volto à carga.
Sei que te queres vir, mas deliras com todo este jogo, e a cada vez que o orgasmo se aproxima, a intensidade é maior, bem como a frustração. Se não estivesses vendada leria a fúria nos teus olhos. Como estas, apenas sobram as tuas palavras desconexas…
…não pares…
…chupa…
…come-me…
…fode-me!
Eu faço-te a vontade e sem aviso faço deslizar todo o comprimento do meu caralho pela tua cona, bem até ao fundo, forço devagar quando ainda sinto alguma resistência, vejo faltar-te o ar, o gemido que dás quando finalmente inspiras, deixo-me ficar dentro de ti a saborear a tua coninha apertada a habituar-se ao meu tamanho, a massajar-me todo o caralho, a sugá-lo com o ventre, e depois deslizo para fora bem devagar também. Até sair de ti.
-Não! – dizes mas calas-te quando sentes novamente a minha língua a passear-se pelo teu sexo e os meus lábios a chupar-te.
Faço a minha língua deslizar ao longo dos grandes lábios e descer mais ainda. Procuro o teu ânus e massajo-o com suavidade. Sei que gostas da sensação da minha língua molhada no teu cuzinho. Forço a língua a penetrar-te um bocadinho enquanto te vou massajando o clítoris. Estás tão molhada que o teu leite escorre da tua cona, e lubrifica-te o ânus.
Quero mais. Quero muito mais do teu prazer.
A minha boca volta a chupar-te a cona com intensidade. Penetro-te a cona uma única vez com o dedo médio da minha mão direita, sinto-o ficar completamente molhado, retiro-o e começo a penetrar-te o ânus com ele. Entra com facilidade, lubrificado com está, e vou-te fodendo devagar enquanto te chupo.
Sinto o teu orgasmo a chegar, o teu esfíncter a apertar-me o dedo enquanto este faz movimentos de vai-vem.
Explodes por fim, na minha boca, libertas toda a tensão acumulada e tens um orgasmo indescritivelmente longo, gritas, inundas-me a língua e a boca com o teu néctar precioso que eu tanto adoro e sorvo cada gota deliciado, lambo-te toda até sentir o teu corpo relaxar exausto em cima da mesa.
Procuro a tua boca com a minha para te dar a provar este teu sabor incrível, e tu saboreias os meus lábios, a minha língua, a minha face.
Depois sussurro-te ao ouvido:
-Espero que estejas a gostar do prologo…

Momentos II

…e tu dás por mim somente quando ouves aquele “SHHHHHHHH” abafado e sentes algo cremoso e frio a desenhar uma linha ao longo da tua barriga e até ao teu ventre.
Encolhes-te com o arrepio. Não esperavas o frio, dás uma pequena risada e contorces-te. Tentas mexer-te mas não consegues.
Tenho-te onde te quero…
Sentes a minha língua a limpar-te o creme do teu umbigo. Depois sentes os meus lábios nos teus a dar-te o doce do chantilly.
Os meus lábios largam os teus apenas para poder voltar a “limpar” o teu corpo. Sinto-te contorcer, com as cócegas. Mas não podes fazer nada para me para. Contorces-te mas não tens a liberdade de me agarrar.
-PARA! - Dizes enquanto te contorces e ris.
Mas eu não paro. Não faço qualquer tenção de parar.
Aos poucos começas a relaxar e as cócegas começam a ser substituídas por sensações mais doces. O teu corpo começa a ficar quente. Os teus mamilos completamente arrebitados de tesão. Ficam ainda mais duros quando os faço arrefecer com o chantilly. Sorvo-os em seguida, duros.
Ponho-te um pouco de chantilly na língua e beijo-te a seguir, tornando o nosso beijo ainda mais doce. Depois ponho um pouco no teu clítoris e vejo o teu arrepio…
…e não só.
Lambo esse chantilly, sorvo-o misturado com a tua humidade quente, limpo-o. E depois dou-te essa mistura de sabores agridoce a provar, deixo-te devorar a minha língua.
Ouves novamente o “Shhh” mas não sentes o creme em ti. Sente depois o creme nos lábios seguido pela minha glande que força, dessa forma doce, a entrada na tua boca, e deleito-me com a sensação…

Momentos

Aproveitar o tempo de estares a tomar banho, e espalhar velas perfumadas pela sala. Não muitas, só duas ou três, para que haja alguma luz, mas não demasiada.
Depois, pôr um filme de Andrew Blake no DVD. Gosto bastante da conjugação da imagem com o som, normalmente contemporâneo e minimalista. Gosto da maneira como ele transforma o banal numa autentica obra de arte que invade os sentidos.
Ponho uma toalha de algodão “bordeaux” por cima da mesa. Quero que a tua pele esteja em contacto com algo orgânico, e não com o laminado frio que imita faia branca lacada.
Depois quero ir buscar-te à casa de banho. Tirar-te de dentro do chuveiro, secar-te, vestir-te o robe de cetim. Trazer-te para a sala, já ambientada, sentar-te e deixar que as imagens te assaltem os sentidos. Sentar-me na outra ponta do sofá e ficar só a olhar-te. Adoro ver como os teus mamilos vão ficando espetados à medida que a tua excitação vai aumentando. A maneira como não consegues evitar tocar-te.
Adoro quando olhas para mim com aqueles olhas onde se lê, inequivocamente, “fode-me”. Adoro os teus pequenos gemidos enquanto te tocas e ver-te levar os dedos carregados com o teu sabor doce à tua boca e deleitares-te.
Adoro quando não consegues aguentar mais e te masturbas. Sabes a tesão que me dá ver-te e olhas para mim com uma ar de miúda marota enquanto me vês a crescer.
Quando estiveres quase a chegar ao orgasmo faço-te parar, contra a tua vontade. Vendo-te com uma fita de cetim e levo-te pela mão até à mesa. Deito-te. Amarro-te cada braço e cada perna a cada um do pés da mesa e deixo-te ali presa, apenas com o som da música minimalista e o cheiro a rosas vindo das velas por companhia.
Deixo-te assim por algum tempo. Depois volto para ti…

Ménage III (conclusão)

Eram umas quatro e meia da tarde quando ela apareceu. Ficamos sentados na sala a conversar os três, acerca de trivialidades e banalidades. A dada altura a minha companheira retirou-se para ir ao WC, e nós ficamos sozinhos. Não resisti, aproximei-me dela e beijei-a. Um beijo leve e solto, furtivo. Depois ficamos em silêncio a aguardar que a minha companheira voltasse.
Passaram uns dez minutos e não havia meio de ela voltar.
-Xiça, - disse eu – cá para mim caiu pela sanita…
Ela levantou-se.
-Eu vou lá ver…
E foi.
Aproveitei para fechar um pouco os olhos e descansar a vista, cansado como estava da directa que tinha feito. Devo ter perdido a noção do tempo, porque não sei mesmo quanto tempo passou.
Abri os olhos quando elas entraram na sala de mãos dadas. Passaram por mim, foram direitas ao quarto. A minha companheira olhou para mim e perguntou:
-Vens?
Pergunta estúpida, que nem mereceu resposta. Claro que fui.
Sentamo-nos os três na cama a olhar uns para os outros, eu completamente a leste. E eis que aparece a pergunta:
-Mas estamos aqui para nos olharmos ou para foder?
Fiquei sem pinga de sangue, a olhar para a minha companheira. Devo ter ficado lívido. Sem pinga de sangue na face, porque este desviou-se por completo para outra parte da minha anatomia que ficou “firme e hirta como uma barra de ferro” de repente.
A minha companheira olhou para mim e respondeu:
-Para foder, claro.
Dito isto agarrou-a e deu-lhe um beijo nos lábios e depois outro e depois um linguado e outro beijo e as bocas uniram-se e colaram-se e as peças de roupa começaram a voar para o chão do quarto e quando dei por isso tinha a minha companheira deitada de costas à minha frente a ser lambida e fodida, muito bem fodida por aquela mulher cheia de classe que tanto me apetecia.
Tirei a roupa, deitei-me de lado, ao lado da minha companheira e beijei-a, lambi-lhe e suguei-lhe o peito, lambi-lhe o pescoço, os lóbulos das orelhas. Ela só gemia enquanto me abraçava com um braço e com o outro segurava a cabeça dela enquanto ela lhe chupava o clítoris.
Ela, enquanto chupava a minha companheira, agarrou o meu caralho e masturbava-o lentamente, com suavidade. Depois tirou a boca daquela cona deliciosa que eu tão bem conhecia e continuou a fodê-la com dois dedos enquanto me começou a chupar.
Que sensação fenomenal, estarmos os dois a ser fodidos por ela.
Depois largou-me por completo e dedicou-se à minha companheira por inteiro, lambeu, chupou, até que, por fim, a minha companheira não aguentando mais lhe inundou a boca com um orgasmo maravilhoso.
-És tão boa… - foram as primeiras palavras que a minha companheira disse quando conseguiu articular algo de inteligível.
Ainda não tinham terminado os espasmos quando ela saiu do meio das pernas e me puxou para o lugar onde tinha estado.
Enterrei o meu caralho naquela cona alagada sem quaisquer cerimónias, cego de tesão como estava. A minha companheira fervia.
-Queres comer a minha cona? – Perguntou ela à minha companheira? – Queres?
-Sim… - foi a resposta suspirada.
Ela pôs-se de pernas abertas por cima da boca da minha companheira que primeiro apenas timidamente mas depois com muita vontade começou a chupá-la enquanto me sentia a deslizar na cona.
Ter aquelas mamas perfeitas à frente era mais do que uma tentação e eu ia-a beijando, chupando, lambendo, à medida que as minhas estocadas ficavam cada vez mais fortes.
As duas chegaram a um orgasmo quase simultâneo e eu não aguentei a tesão, vindo-me logo em seguida na cona da minha companheira. Sai de dentro dela ainda bem duro e a nossa convidada não se fez rogada, atirando-se a mim e fodendo-me com a boca, limpando o meu caralho na perfeição. Depois beijou a minha companheira, dando-lhe os nossos sabores.
De seguida deitar na da cama.
-É a minha vez. – Disse enquanto se sentava fazendo o meu caralho entrar naquela cona por inteiro. A minha companheira sorriu ao vê-la a começar a foder-me.
-Ele tem um caralho tão bom não tem?
-Divinal. – disse ela – Estava-me a saber tão bem hoje de manhã quando entraste…
-Desculpa ter interrompido.
-Não faz mal. Assim até foi bem melhor.
Eu estava nas nuvens e ao mesmo tempo estupefacto. Limitei-me a deixar-me ir na corrente. Também não conseguia pensar o suficiente para articular qualquer palavra, por isso…
A minha companheira levantou-se e pôs-se por cima da minha cara. Comecei de imediato a lambê-la e, elas beijavam-se e apalpavam-se e abraçavam-se e lambiam-se e desfrutavam-se…
Não há sensação igual a estar a lamber uma cona e a ser fodido por outra. A sobrecarga sensorial era demais e não demoramos a ter outro orgasmo quase simultâneo.
Arrastei-me para fora da cama e acendi um cigarro enquanto elas se dedicaram a um sessenta e nove delicioso. O quarto tresandava a sexo e os orgasmos que elas iam tendo sem parar uns atrás dos outros. Finalmente recomposto, voltei a juntar-me a elas e continuamos.
Nesse dia jantámos à meia-noite fazendo um intervalo nas nossas actividades e voltamos para a cama.
Aquelas duas fizeram-me ter oito orgasmos, coisa para mim inédita até então e que até à data ainda não se voltou a repetir.
Já não estou com a minha companheira e nos últimos anos apenas a vi a ela duas ou três vezes, mas quando relembro isto tudo ainda sinto uma pena de não poder voltar atrás no tempo…

Ménage II

“Oh puta de sorte…” pensei. “Não se podia ter atrasado mais meia hora, caralho…”
Sentei-me rapidamente ao fundo da cama e arrumei-me da melhor forma possível enquanto ela se limitou a cobrir-se com o robe.
O ar, sereno como sempre, não dava o mínimo indicio de que segundos antes estava ser ser fodida por mim, o melhor que eu sabia e podia. Tirou um cigarro do maço que tinha deixado em cima da mesa-de-cabeceira e acendeu-o quando a minha companheira entrava no quarto.
-Só estão vocês os dois? – Perguntou ela com um olhar estranho, meio desconfiado.
-Só. – respondi eu. – o resto do pessoal cortou-se…
-Yá, também só consegui chegar a esta hora. Caraças, pá, que noite estúpida.
-Então?
-Houve para lá porrada e meteu policia e tudo…
-Mas está tudo bem contigo?
-Está. Só estou chateada por ter saído de lá tão tarde. E vocês?
-Olha, bebemos, fumamos, vimos filmes, jogamos à copa…
-Versão “strip” pelos vistos…
-Ya…
Nem era preciso camuflar ou negar. Já não era a primeira vez que jogávamos juntos, éramos adultos e sabia que ela não levava a mal. Se ela tivesse estado tínhamos jogado na mesma.
-E pelos vistos ganhaste tu…
-Foi.
A nossa convidada limitava-se a assistir à nossa conversa enquanto fumava calma e descontraidamente o seu cigarro.
-Bem, - disse a minha companheira – isto hoje foi complicado e estou mesmo a precisar de descansar umas horinhas. – Olhou directamente para mim – Vamos fechar os olhos por um bocadinho?
-Claro, se estas cansada…
E levantei-me da cama para a seguir. Ela saiu e quando eu ia a sair do quarto olhei para o monumento que apagava o cigarro e se espreguiçava na cama. Ela olhou-me com um sorriso, encolheu os ombros e piscou-me o olho.
Esticamo-nos em cima da cama do quarto ao lado. A minha companheira adormeceu quase de imediato. Já eu não conseguia. Parecia sentir humidade daquela cona divinal a envolver o meu caralho. Limitei-me a ficar ali acordado.
Eram uma onze da manhã quando a porta do quarto abriu, ela espreitou e me viu acordado.
-Posso pedir-te um favor? – Perguntou num sussurro.
-Claro.
-Levas-me? Combinei um almoço com o meu pai e odiava faltar…
-Na boa, dá-me só um minuto para me vestir.
Entramos no carro e arrancamos. É mau hábito conduzir com a mão na alavanca da caixa de velocidades. É um mau hábito, eu sei, mas há piores. A mão dela veio depositar-se em cima da minha.
-És um gajo mesmo fixe, sabias?
-Deixa-te de tretas…
-Não, a sério… Porque é que quando conheço gajos como tu já estão apanhados?
Ri-me.
-Não te rias. Adoro mesmo falar contigo, pá.
-E eu contigo. Não és só uma gaja boa. Também és uma gaja boa, o que é muito diferente.
E era verdade. Disse-o com toda a sinceridade.
-És um querido. Eu não digo?
Chegamos a um semáforo vermelho. Parei e conforme o fiz virei-me para ela, as nossas bocas colaram-se e este beijo foi diferente dos outros de há pouco. Não era tanto a tesão que ainda estávamos a sentir um pelo outro, mas também a amizade e o carinho.
Quebramos o beijo forçadamente quando os carros atrás de nós começaram a buzinar.
-Onde é que queres que te deixe?
-Por mim, qualquer sítio nestas vizinhanças está bem…
-Tenho de ir ali ao supermercado. Ficas por ali?
-Pode ser…
Ainda não tinha puxado o travão de mão e já estávamos envolvidos na continuação do que fora interrompido lá atrás.
-Tens noção de que quero mesmo foder-te, independentemente do resto, não tens? – Perguntei-lhe.
-Se tenho. Aliás, senti bem essa noção há pouco.
-Pena que tenhas de almoçar com o teu pai. Podias ter almoçado connosco…
-Mas posso aparecer por lá a meio da tarde. Que é que achas?
-Acho bem.
Saímos do carro. Abraçamo-nos, eu envolvi-a, demos um beijo tórrido no meio da rua, ela passa a mão no meu rabo, apalpando-me descaradamente e diz:
-Então até logo. – Afastando-se em seguida.
O polícia que estava de serviço à porta do supermercado olhou para mim com um sorriso que tinha a legenda “Se soubesses a puta de inveja que tenho de ti…”
Eu devolvi o sorriso com outra legenda: “quem pode, pode. Quem não pode, sai de cima…”

Ménage

-Mas estamos aqui para nos olharmos ou para foder?
Fiquei sem qualquer reacção ao ouvir esta pergunta. Limitei-me olhar para a minha companheira e esperar por uma reacção dela.
Deixem-me falar-vos dessa minha companheira, que o foi ainda durante alguns anos. Um metro e setenta de mulher voluptuosa, loura, com o cabelo escorrido até ao fundo das costas, pele alva e que parecia cetim ao toque, rosto esculpido e lindo nos quais uns olhos castanhos luminosos residiam. Metaleira, tal como eu o era, usava sempre botas de “gaja” até ao joelho e, ou calças de ganga elásticas ou mini saias justas, um pouco acima do joelho e que deixavam pouco a descoberto daquelas pernas lindas, mas abriam o apetite de tentar descobrir o resto.
Já estava com ela há um ano e nunca tinha estado tanto tempo com alguém.
À nossa frente estava quem nos fez a pergunta.
Um metro e setenta e cinco do mais puro pedaço de mau caminho que já tinha visto. Cabelo preto e luzidio como as penas de um corvo, completamente liso e pelos ombros, com uma franja absolutamente direita pela altura das sobrancelhas perfeitamente desenhadas. Tez morena e um ar de miúda travessa e ao mesmo tempo de mulher absolutamente vivida, ou seja, a mulher mais perigosa que eu já conheci. Falava sempre com um tom de voz e uma pronúncia perfeita e com uma compostura que nunca se alterava. Tinha classe, muita classe. Era dona de um corpo esguio e curvilíneo que não deixava ninguém indiferente e era, nas suas próprias palavras “perfeita e absoluta e assumidamente puta”. Gostava de foder, e pronto. Mas sempre nos seus próprios termos. Não era engatada, engatava. Não era comida, comia.
Mas volto um pouco atrás, umas quantas horas.
Era o aniversário da minha companheira e combinamos estar com alguns amigos em casa. O objectivo era esperarmos por ela, visto que fazia um biscate como “barmaid” de um bar nas noites de fim de semana e só chegaria por volta das quatro da manhã.
O pessoal que era para aparecer cortou-se à ultima da hora, mas ela veio e ficou. Tinha-a conhecido duas semanas antes. Era amiga de uma amiga com quem eu tinha dado umas fodas valentes algum tempo antes. Ficamos amigos com uma velocidade espantosa e gostávamos realmente da companhia um do outro, de falarmos e trocarmos ideias.
Claro que não sou santo, e desde que a conheci que não me saia da cabeça a ideia de a levar para a cama, ou para o banco de trás do carro, ou para um banco de jardim, ou fosse para onde fosse, desde que a pudesse desfrutar. E fui-me apercebendo que a ideia não lhe desagradava de todo. No entanto havia a minha companheira que também se tinha tornado amiga dela e, por respeito, contínhamo-nos.
Nessa noite de Sábado, enquanto esperávamos pela minha companheira, vimos filmes, bebemos bem, muito bem mesmo, e, a partir das duas da manhã resolvemos jogar à copa. Regras simples: cada dez pontos acumulados faziam com que se tivesse de tirar uma peça de roupa. Uma vez que a dama de espadas por si só valia dez pontos, a cada ronda alguém tinha de tirar uma peça de roupa. O jogo acabava quando alguém já não tivesse mais roupa para tirar.
Parti em desvantagem, visto que tinha muito menos peças e adornos que ela, mas ainda assim ganhei o jogo. Consegui manter os meus boxers quando ela teve de tirar o seu fio dental preto de renda entre muitos protestos e choradinhos de “não me vais mesmo obrigar a ficar aqui nua à tua frente pois não?” e “não é justo, pá…”.
Escusado será dizer que não me levantei da cadeira. Se o fizesse a tesão que sentia e o estado em que estava enquanto a via fazer descer a peça de roupa ao longo das suas longas pernas seria notório e evidente.
-Pronto, estás satisfeito? – disse ela, nua à minha frente com um olhar desafiador.
-Quase… - disse eu.
Pediu-me um robe para se tapar. Disse-lhe que havia um pendurado atrás da porta do quarto. Ela sorriu ao ver que não me levantava e olhou directamente para a minha zona genital.
-Gostava de te ter ganho o jogo…
-Porquê?
-Porque o resultado da vitória parecia ser interessante…
Rimo-nos. Ela pegou no robe e cobriu-se, muito contra a minha vontade.
Com isto passava já das quatro, estávamos alcoolicamente alegres, já tínhamos fumado uns charros e a minha companheira não havia meio de chegar.
-Olha, vou-me encostar um bocadinho na cama enquanto ela não chega. Estou cansada… Não te importas, pois não?
-Não, fica à vontade.
Ela foi e eu fiquei a ver televisão enquanto esperava.
Dez minutos depois resolvi levantar-me e fui espreitá-la ao quarto. Ela estava estendida por cima da colcha, com o robe aberto. Sentiu-me a abrir a porta do quarto, olhou para mim e fez um sorriso matreiro e doce. Eu entrei no quarto e sentei-me ao lado dela. Ela virou-se para mim. A minha mão foi direita ao seu peito enquanto os meus lábios se colaram aos dela. A sua mão foi direita ao volume que havia nos meus boxers.
A minha mão desceu do seu peito e passou pelo rabo firma antes de se depositar na coninha imaculadamente rapada, suberbamente molhada e afirmativamente esfomeada de atenção. A sua encontrou a abertura dos meus boxers e agarrava-me agora o caralho rubro de tesão, masturbando-o.
-Eu sabia que valia a pena ganhar o jogo… - disse quando separamos os lábios.
-Gostas?
-Bastante…
-Queres?
-Na coninha, que eu já tou tão quente que só me apetece foder.
Levantei-lhe a perna e aproximei-me. Ela, sem me largar guiou-me. Assim que sentiu a minha glande, puxou-me com a perna e encaixou-se toda em mim.
Só posso dizer uma coisa: que fêmea sublime.
E foi neste momento que ouvi a porta da rua a abrir…

Ira IV

Chegados ao quarto, gatinhou para cima da cama e virou-se para mim, tomando-me novamente com a boca. Pus as mãos na sua cabeça, afagando-lhe o cabelo e sentindo os seus movimentos, segurando-a de vez em quando para fazer o meu caralho deslizar ainda mais fundo e sentindo a sua garganta a apertar-me a glande. Ela gemia propositadamente quando eu fazia isto, sabendo que a vibração que sentia até obstruir por completo a garganta me dava um prazer doido.
-Foda-se, … - dizia eu - …já me tinha esquecido de como fodes bem com a boca.
Ela largou-me pelo tempo suficiente para dizer:
-Querido, quem sabe não esquece… - e dito isto cuspiu-me na glande e voltou a engolir-me.
-Gostas de me chupar assim cheio do sabor da tua esporra, não é?
Assentiu em resposta afirmativa.
Estava a levar-me quase ao orgasmo com a sua boca. Aos poucos esquecia-me de tudo o que me tinha levado ali e começava a penas a desfrutar o prazer carnal. Se calhar, bem no fundo de mim, sabia que indo a casa dela isto aconteceria. Talvez por isso tenha aceite o convite.
Ela passou os dedos da mão direita na sua cona molhada, enterrou-os fodendo-se por um bocado, e depois tirou-os e levou-os assim lubrificados ao meu ânus que começou a massajar levemente. Isto fez com que eu ficasse perigosamente próximo do orgasmo. Ela notou e parou.
Respirei fundo, recuperando o controlo, embora continuasse cego pela tesão. Ela puxou-me para cima da cama, fazendo-me ficar de joelhos e virou-se de costas para mim, empinando o rabo.
-Fode-me como eu gosto.
Decidi torturá-la.
Meti apenas a glande na sua vulva e agarrei-a pelas ancas para a controlar. Depois limitei-ma a ondular as minhas fazendo-me entrar e sair apenas um ou dois centímetros. Ela gemia. Eu sabia que ela queria mais. Eu também.
De repente, de uma vez só e num único movimento brusco enterrei-me por inteiro nela.
-FODA-SE! – gritou.
Deixei-me ficar todo dentro dela enquanto sentia a sua cona a sugar-me, literalmente. Depois fui saindo lentamente e voltei ao começo.
-Fode-me. – dizia, enquanto eu a torturava daquela maneira boa que apenas a fazia querer mais – Fode-me, fode-me, fode-me fode-me, fode-me.
-Queres?
-SIM!
-Todo?
-SIM!
-Pede.
-Dá-mo todo. Enterra-o todo. Fode esta coninha, fode…
-Queres-te vir para mim?
-Quero,
-Muito?
-SIM! Dá-mo…
Sem aviso enterrei-o todo novamente. Comecei a fodê-la com força e com violência. Ela não demorou a ter um orgasmo que não parava. Ela enfiou a cara na almofada que tinha à frente para abafar os grito e agarrava com força os lençóis da cama. Sentia as suas contrações e sentia-me a deslizar no seu gozo.
-Para.
-Mesmo?
-Sim, para. Não aguento mais…
Continuei.
-Tens a certeza?
-Tenho.
E fez-me sair dela.
Lançou a mão à mesa de cabeceira, abriu uma gaveta e tirou um frasco de óleo para a pele. Derramou um pouco para a mão e agarrou-me, fazendo a mão deslizar em toda a minha tesão. Voltou a empinar o rabo para mim, pôs mais um pouco de óleo na mão e lubrificou o ânus, massajando-o e metendo um dedo até este escorregar com facilidade. Depois agarrou-me e encostou a glande ao ânus.
-Mete.
-Tens a certeza?
Sempre tive alguma relutância em relação ao sexo anal. Não é que não goste, antes pelo contrário. No entanto tenho a perfeita noção de que as minhas dimensões causam bastante desconforto, e por isso nunca me sinto confortável em fazê-lo ou sequer sugeri-lo. Não gosto de causar dor ou desconforto, muito menos nestas alturas.
-Tenho. Quero.
Fiz um pouco de pressão e senti-me a deslizar para dentro dela, facilitado pelo óleo. Ela mordeu a almofada.
-Estás bem? Queres que eu pare?
-Não pares, mas vai devagar.
Fodi-a bem devagar, com calma, para ela se ir habituando ao meu tamanho, sem pressas. Ainda assim notava o desconforto que lhe causava. Parei.
-Porque é que paraste?
Não lhe respondi. Agarrei-a, fi-la deitar de barriga para cima e dediquei-me a lambê-la toda, cheia do sabor dos seus orgasmos.
-Ai, foda-se, já me tinha esquecido de o quanto lambes tão bem… Chupa-me assim, querido, chupa…
Lambi, chupei, levei-a mais um orgasmo enquanto me deliciava com o sabor dela. Quando ela recuperou pôs-se novamente de gatas na cama.
-Quero vir-me com esse caralho no meu cu. – disse com a voz carregada de tesão.
-Mas eu sei que é desconfortável para ti…
-Cala-te e fode-me.
Desta vez deslizei para dentro dela com mais facilidade e percebi que ela já não estava tão desconfortável. Aos poucos fui aumentando o ritmo enquanto ela ela se tocava. Não demorou muito a ter um novo orgasmo e senti o esfíncter a apertar-me e tive de me controlar para não chegar ali ao orgasmo.
Ela desfaleceu em cima da cama.
Eu sai dela, penetrando-lhe a cona de imediato.
-Vou-me vir todo na tua cona. Queres?
-SIM!
Fodi-a com força, com intensidade.
-Gostas de sentir assim a minha tesão?
-Dá-me tudo, fode-me…
Agarrava-lhe as ancas e puxava-a toda para mim.
-Goza… Sente…
-Fode…
-Vem-te comigo…
-Sim…
-Vem…
Deixei-me invadir pelas sensações enquanto o meu orgasmo chegava galopante junto com mais um delas. Libertei-me todo dentro dela.
Quebrei, por fim. Sai dela e fiquei ajoelhado na cama. E tudo o que sentia antes caiu novamente sobre mim como uma parede, e doeu, e algo subiu por mim que me fez cair num pranto que eu não queria, não à frente dela, pelo menos.
Ela abraçou-me.
-Eu sei, garoto, eu sei… - Dizia com uma voz maternal enquanto me abraçava – Eu sei, está tudo bem.
Demorei alguns minutos a recompor-me.
Por fim, levantei-me, voltei à sala e vesti-me.
Ela foi à casa de banho pôr agua a correr para um banho enquanto eu me vestia.
Despedimo-nos com um beijo suave.
-Desculpa… - Foi a única palavra que encontrei para lhe dizer.
-Vai com calma. Está tudo bem. – Foi a resposta.
Fui com calma para casa a sentir-me ainda pior acerca de tudo.
Não estava nem está tudo bem.
Antes pelo contrário…

Ira III

Ela beijava-me os labios, e eu respondia aos seus beijos, não com paixão, mas com medo de a desapontar de alguma maneira. Beijava-me o pescoço, chupava os lóbulos das minhas orelhas…

Apetecia-me afastá-la, mas sentia-me fraco demais para o fazer.

Ela começou a desapertar-me a camisa e foi beijando o meu peito até se pôr a sugar os meus mamilos enquanto descia até chegar ao ultimo botão. Lá chegada, levantou-se e passou as mãos ao longo do meu corpo.

Fez deslizar o robe pelos ombros, deixando-o cair no chão, desapertou os botões do pijama e, já com o peito desnudo, colou-se novamente a mim, fazendo os seus mamilos duros de tesão deslizarem ao longo da minha pele.

Sempre adorei o contacto do corpo dela. Pena que a minha cabeça estivesse tão longe.

-Fecha os olhos. – dizia-me ela – Tudo estará bem. Pensa que é ela que está aqui, e não eu.

Eu queria, mas não funciono assim. Ainda assim deixei-me ficar, submetido a ela, aos seus carinhos.

Ela acabou por deslizar para o chão, abriu-me as pernas, deitou a mão ao meu cinto, desapertando-o. Depois fez deslizar as calças até me as tirar por completo. Agarrou então os meus boxers e fez o mesmo, expondo-me.

Olhei para ela, envergonhado pelo facto de não haver um indicio de excitação da minha parte. Ela agarrou-me, flácido como estava, e começou a masturbar-me devagar. Com a outra mão começou a massajar os meus testículos e além deles, o espaço até ao meu ânus.

Estranho como, mesmo ao fim de tanto tempo, ela sabia o que eu gosto melhor do que eu próprio e me conhece tão bem.

Lentamente o meu corpo foi reagindo e via nos olhos dela a felicidade por se aperceber disso, assim como a via a lamber os lábios de antecipação. E de repente toma-me com os seus lábios e engole-me por inteiro, conseguindo fazer a língua tocar nos meus testículos. Sempre me perguntei como ela o conseguia fazer. Apenas duas mulheres o fizeram desta forma, comigo, até hoje, e ela foi a primeira. Lembro-me de lhe ter perguntado da primeira vez “Como é que conseguiste?2 e da resposta “quero comer-te todo!”.

Começou a foder-me assim, com a boca, devagar, engolindo-me sempre por inteiro enquanto se masturbava. Os seus pequenos e abafados gemidos faziam vibrar a sua garganta o que me dava ainda mais sensações. A pouco e pouco conseguiu ter-me completamente excitado, e quando o sentiu, levantou-se num ápice, nunca me largando da sua mão, e sentou-se em cima de mim fazendo-se penetrar de uma só vez. Estava ainda apertada, mas completamente molhada pela sua própria masturbação, e conforme se me sentiu inteiro soltou um pequeno grito de prazer e de alguma dor.

Olhou-me directo nos olhos.

-Já me tinha esquecido de que eras tão grande…

-Queres parar?

-Não!

E dito isto colou o seu corpo ao meu e ondulou as ancas para me sentir melhor e para se habituar a mim. Depois levantou-se, apoiou as mãos nos meus ombros e fez-se deslizar devagar ate me tirar quase por inteiro para depois se deixar cair pesadamente.

-Sabes as saudades que a minha coninha tinha de ti? Tanto tempo e nunca ninguém a tratou como tu tratavas… Deixa-te estar sossegado. Quero foder-te esse caralho boooom!

Foi aumentando o ritmo e a intensidade. Gemia. Agarrei-lhe as nádegas e fiz-me afundar ainda mais nela. Gritou.

-Fode-me. Foda-se, que saudades do teu caralho…

Aos poucos as palavras que diziam foram-se perdendo no meio dos seus gemidos. Foram ficando desconexas. Arfava. E por fim, com um grito veio-se num orgasmo longo, muito longo e que acabou com ela a desabar em cima de mim.

Deixei-me ficar dentro dela, completamente dentro dela enquanto sentia ainda um ou outro espasmo seu. Depois ela elevou-se um pouco, beijou-me com uma tesão louca, levantou-se, agarrou-me na mão e disse:

-A cama é mais confortável. Anda…

Ira II

Abriu-me a porta.

Estava vestida de uma forma simples, normal para quem está em casa sozinha. Um pijama largo, um robe leve e umas meias daquelas para andar por casa.

Tinha tomado banho à pouco tempo e tinha o cabelo esticado pelo secador, como me recordava de ela sempre ter feito, porque detestava o seu cabelo naturalmente encaracolado, que eu, por acaso, simplesmente adorava.

O sorriso que trouxera até à porta desvanecera-se assim que olhou para mim. Abraçou-me mesmo antes de fechar a porta.

-Então, rapaz? Que é que se passa contigo?

Não fui capaz de falar. Abracei-a, agarrei-me a ela e explodi finalmente, deixei as lágrimas correr livremente.

Ela ficou comigo ali no hall de entrada, suportando-me. Agarrei-me a ela como a um rochedo, uma tábua de salvação, uma bóia que me mantivesse a flutuar num oceano de emoções que queria afundar-me. Ou onde eu me queria afundar.

Depois ela agarrou-me a face com ambas as mãos e beijou-me os lábios, com a suavidade de alguém que apenas quer sarar. E depois beijou outra vez e voltou a abraçar-me.

-Anda, … - disse - …não vamos passar o resto da noite no hall de entrada, pois não?

Deixei que ela me guiasse até à sala, onde me fez sentar no sofá.

Ela sentou-se na mesinha, à minha frente, e ficou um bocado a olhar para mim antes de me perguntar:

-Afinal o que é que se passa, garoto? Nunca te vi assim…

E em resposta, numa torrente, se calhar até algo desconexa, disse-lhe tudo o que me ia na alma, tudo o que estava acumulado e que se recusava a sair, todas as duvidas, medos, frustrações. O quanto a minha vida mudara desde o principio do ano, o quanto eu me sentia inseguro. O quanto eu sentia que a razão do peso que eu carregava era por minha exclusiva culpa…

…e ela limitou-se a ouvir. Sem juízos, sem opinião. Sabia que eu não tinha ido ter com ela para ser julgado, para lhe pedir conselhos, apenas precisava de libertar a pressão que sentia.

Por fim, quando me calei, levantei-me e fumei um cigarro. Ela abraçou-me por trás e ficou ali. Por fim largou-me e fez-me companhia, acendendo também um.

Eu acabei o meu e sentei-me, apático.

Ela acabou logo a seguir e sentou-se ao meu colo, aninhando-se em mim, pequena que é para me poder dar ela colo.

Depois, naturalmente começou a beijar-me.

Por uns momentos deixei-me ir, mas depois fi-la parar. Ela levantou-se, olhou para mim com doçura.

-Eu sei que não é a mim que queres, mas sou eu que estou aqui. Não te preocupes.

Juntou-me as pernas, sentou-se em cima delas, agarrou-me beijou-me, colou o seu sexo ao meu, por cima da roupa e fez ondular as ancas, enquanto me beijava.

Ira

Estava com a cabeça completamente fodida.
Depois do que falámos era difícil sequer pensar.
Como é que era possível?
Estava passado.
Fumava um charro atrás do outro com a esperança de que o Haxixe me adormecesse o espírito e o corpo. Apetecia-me apanhar uma bebedeira, mas não havia álcool por ali, por isso vingava-me no que tinha.
Sentia-me aéreo, como se flutuasse, e esperava, mas ainda assim, não esquecia e as palavras não me saiam da cabeça.
Fui forçado a sair do reino dos meus pensamentos pelo toque do telemóvel.
-Sim?
-Pá, afinal hoje não vai dar… Já tas aí?
-Há duas horas, caralho. Uma seca de duas horas e dizes que já não há nada?
-Pa, desculpa, mas é que…
Foda-se! Há sempre um “mas é que…”. Só para mim é que não pode haver.
-Pá, caga lá nas desculpas. Não aparecem, não é? Que se foda.
E desliguei. Desculpas de merda para quê?
Fui para o carro. Sentei-me e quando o ia para ligar o meu corpo começou a tremer e quando dei por mim chorava convulsivamente.
Peguei no telemóvel. Tinha de falar com alguém. Marquei o numero de cor. Já não marcava aquele numero há 8 anos.
-Sim? – Atendeu ela do outro lado, com a mesma doçura como sempre o fazia, embora a voz estivesse mais áspera, mais madura ainda.
-Olá. – ela ficou muda por uns segundos, assim que reconheceu a voz – Está tudo bem contigo?
-Meu anjo, há quanto tempo… E contigo?
Não consegui responder. Ela ouviu os meus soluços do outro lado.
-Que se passa, meu querido? – Perguntou.
-Tudo. Desculpa, eu não te devia ter ligado, mas apetecia-me tanto falar com alguém… Mas não tenho o direito de te incomodar. Já perdi esse direito há muito tempo.
-Deixa de ser parvo. Olha, estou sozinha em casa, não queres vir até cá e falamos um bocadinho?
Apesar de relutante, acabei por aceitar e meti-me à estrada.
Precisava mesmo tirar de cima dos ombros o peso que sentia e sabia que ela entenderia.
Vinte minutos depois estacionava à porta dela.