…e aquele beijo, tantas vezes imaginado, esperado, desejado, queimava-lhe agora os lábios e deixava-lhe o corpo sem qualquer reacção, o coração a bater descompassado, provocava-lhe um torpor que o trespassava e o fazia sentir cada milímetro da sua pele e o toque suave das mãos que o abraçavam nas suas costas causava impressões indeléveis que jamais desapareceriam e que tornavam aquele momento eterno na sua lembrança, como que queimado a ferros, marca indelével do desejo que ambos sentiam enquanto as suas línguas se envolviam numa urgência calma de quem tinha ansiado demais mas que tinha agora todo o tempo do mundo, e quando as bocas se separaram, finalmente, os corpos falaram mais alto, a vontade do contacto da pele sobrepôs-se a tudo, as roupas escorreram para o chão, os corpos tocaram-se, provaram-se, enalteceram-se e ela provou-o finalmente, ao mesmo tempo que se dava a provar, sentiu finalmente a textura da pele fina que envolvia o seu sexo, lambeu-o, provou-o, sorveu-o, beijou-o, engoliu-o, por vezes em movimentos suaves e delicados, outras vezes com a voracidade de um predador que ataca a presa enquanto o sentia a satisfazer o seu apetite por ela lambendo-a e chupando-a, sorvendo cada gota da humidade que invadia o seu sexo, levando-a à loucura uma e outra vez, não lhe dando tréguas e lançando-a numa espiral de orgasmos que parecia não ter fim e que pareciam ser a confirmação de o quanto ele a queria, até ela, exausta lhe pedir para parar e assim sentir-se voltar à tona e respirar um pouco, mas os corpos falavam mais alto e ele, deitado ao lado dela, olha-a nos olhos, cola os seus lábios aos dela, afasta-se um pouco, toca-a sentindo quente, molhada, desejosa, massaja-a levemente, o que provoca de imediato uma cascata de sentimentos que lhe consegue ler no olhar, fixa os olhos nos dela, obriga-a a fixar os olhos nos dele, penetra-a com dois dedos, profundamente, toca-a, primeiro devagar, pequenas massagens suaves por dentro de si, que aumentam de intensidade conforme se dá cada vez mais, até a agarrar firmemente e com movimentos calculados, fortes a leva a descobrir cores nunca vistas, o ouvir as melodias dos anjos, a esquecer o seu ego e até a sua existência perdida em ondas de prazer nunca antes sentidas enquanto se sente derreter por completo, enquanto espasmos percorrem o seu corpo e está ainda no limbo quando o sente, finalmente, a entrar em si e oferece-se por inteiro, sem barreiras…
Um dia chato, chuvoso, não com aquela chuva diluviana, nas com uma chuva miudinha e chata, daquela que se entranha até aos ossos, e tu…
…estavas ali, sentada, de perna cruzada, casual como sempre, vestida para passar despercebida e aparentemente toda contente, alheia à confusão e sem sequer saberes que me tinhas na mão, especado a olhar para ti, feito parvo a olhar para ti ali sentada, a oitava maravilha do mundo moderno, com um ar sereno e intelectual, com uma descontracção que não era normal, alheia ao que estava em volta, despretensiosa e solta, não havia ninguém que não desse por ti, o mundo parou por ti e é verdade que estáva frio em Lisboa,…
…mas eu estava quente por dentro!
E tudo o que eu queria naquele momento era a intervenção de um qualquer santo que descesse do céu e me desse um olhar teu!
Até me fizeste acreditar em Deus, cair de joelhos, olhar para os céus e só eu sei o que passei para conseguir um olhar teu…
A seus lábios aflorados pelos lábios dela, num pequeno toque, suave, mas com um sentido de urgência, e depois outro beijo e outro, até os lábios se colarem, se apartarem e as línguas se envolverem num tango complexo e cheio de desejo, cheio de urgência, obrigando os olhos a fecharem-se para que todos os sentidos e sensações se concentrem apenas naquela dança, e os corpos tocam-se, comprimem-se um contra o outro, como se se quisessem fundir, as mãos libertas exploram os contornos e as formas ao mesmo tempo que encontram maneiras de libertar os corpos das fronteiras tecidas entre ambos, e a pele toca-se, sente-se, o calor repassa e alimenta ainda mais o desejo de ambos e a vontade de se tornarem um só, as bocas apartam-se e os lábios percorrem a pele, milímetro a milímetro, provocando, saboreando, enaltecendo a vontade que se sente do outro, com a urgência animal e a calma do sentimento, os lábios tocam sexos, sentem o sabor, a textura ansiada, alimentam a ansiedade de se terem, promovem picos de intensidade, orgasmos ditos, prometidos, e por fim os corpos fundem-se num só, num só desejo, num só acto, o ego eliminado, o prazer supremos que chega para ambos para saciar momentaneamente um fome que não pode ser saciada...
 
 
 
 
…e que desperta logo em seguida!

Vizinha III (conclusão)

Descalçou-se, finalmente, e sentou-se ao meu lado, virou-se para mim, a sua boca colou-se à minha e com uma das mãos começou a masturbar-me. A sua boca, quando não estava colada à minha, cobria-me de beijos na face, no pescoço, nos lóbulos das orelhas, no peito, e, sentindo que o meu sexo despertava novamente, percorreu de novo o meu corpo e voltou a chupar-me trazendo-o de novo a uma erecção plena.
Levantou-se, sem a sua mão me largar, passou uma perna por cima de mim, posicionou-se e disse simplesmente - Relaxa! – fazendo-se em seguida penetrar de uma só vez, profundamente, envolvendo-me por completo e fazendo com que a sensação que sentira há minutos atrás fosse algo de pequeno por comparação. Inclinou-se para mim, beijando-me, abraçando-me, colando os seis seios ao meu peito, e começou um vai-vem lento, dolorosamente lento, que me fazia sentir toda a sua textura sobrecarregando os meus sentidos a pontos impossíveis.
-Calma,… - dizia-me ao ouvido - …relaxa… - despertando-me para a necessidade de controlar toda aquela carga erótica e sensorial.
À medida que me ia habituando às sensações e as ia conseguindo controlar melhor, embora me parecesse estar permanentemente à beira de um orgasmo, ela ia-se apercebendo e acelerava os movimentos, começando ela própria a descontrolar-se mas quando começava a sentir o meu descontrolo abrandava ou parava mesmo, fazendo-me sair de dentro dela para me acalmar, agarrando-me e voltando a encaixar-me nela logo que me sentia mais calmo.
Mas à medida que o tempo passava o seu descontrolo era cada vez maior, até que no meio de gemidos me perguntou:
-Achas que consegues aguentar? Não quero que te venhas já…
Eu assenti com a cabeça e ela ergueu-se, aumentou a intensidade, fodeu-me de forma puramente animal, libertando-se finalmente num orgasmo longo que me precipitava perigosamente para a beira do abismo e tive de usar de toda a minha força de vontade para não a acompanhar.
Colapsou em cima de mim, deixando-me ficar por completo dentro dela a sentir ainda as suas contracções e assim que recuperou o folego cobriu-me de beijos. Depois levantou-se, virou-se de costas para mim, voltou a sentar-se, fazendo-se penetrar novamente, agarrou a minha mão, que levou ao seu clitóris e começou novamente a foder-me, elevando-se e atirando-se contra mim com força, como se quisesse absorber-me por inteiro para dentro dela.
-Gostas assim? – perguntava-me sem que eu conseguisse articular uma resposta – Eu sei que gostas, dá para sentir o quanto tu gostas…
Veio-se descontroladamente, no meio de gritos que seria, decerto, ouvidos na rua. Sorte que as ruas ali estavam quase sempre desertas…
Levantou-se a seguir, agarrou-me, chupou-me, depois fez-me levantar, o que me custou um pouco uma vez que sentia as pernas completamente bambas, ajoelhou-se no sofá.
-Agora que que me fodas! – disse fazendo-me sinal para ir para trás dela e eu, menino obediente, fiz-lhe a vontade. Tinha noção de que não conseguiria durar muito tempo, mas pela maneira como ela se atirava contra mim, percebi que ela também não. Mas foi quando senti o orgasmo dela a chegar que não me consegui aguentar mais e viemo-nos juntos, de uma maneira puramente animal.
Em seguida, simplesmente colapsei, exausto, não tanto pelo esforço físico, mas sim pelo emocional! À minha frente estendia-se um mundo de delícias e prazeres até ali somente imaginados.
Foi um rapaz que entrou em casa dela para lanchar. Foi um homem que saiu ao fim da tarde, já muito perto da hora do jantar.
Durante o verão eram frequentes os nossos encontros, em casa dela, a qualquer hora do dia, excepto aos fins-de-semana, quando o marido vinha a casa. Acho que não houve divisão que não tivéssemos experimentado, inclusive o terraço que, como tinha um muro em volta, nos permitia o luxo de estarmos ao ar livre a disfrutarmo-nos.
A umas duas semanas do começo das aulas o marido veio e ficou, o que fazia com que trocássemos pouco mais do que cumprimentos de circunstância, pese embora o fogo que passava sempre no olhar.
Um dia apercebi-me que o caseiro, um tal de Sr. Monge, estava a transportar as vacas para outro lado e que a casa estava novamente fechada.
Pouco depois vi que a casa estava habitada novamente, mas já não por ela. A quinta tinha sido vendida.
Nunca mais a vi.
Nunca tive sequer a oportunidade de lhe dizer adeus!
Mas entretanto as aulas recomeçavam…
…e havia um enorme novo mundo à minha frente…

Vizinha II (continuação)

Largou a minha mão, que se afastou de imediato do seu seio e senti puro medo ao pensar que aquele momento ficaria, afinal, por ali, após a minha confissão de que era ainda virgem. Mas, felizmente, não foi mais que um momento, porque a seguir vi-a inclinar-se para mim, agarrar a parte de baixo da minha t-shirt, fazendo-a em seguida deslizar ao longo do meu corpo, deixando-me em tronco nu. Depois inclinou-se, lambeu e sugou o meu mamilo, o que me fez fechar os olhos e abandonar-me a sensação enquanto a minha mão lhe acariciava os cabelos. Estava em puro êxtase!
Depois parou. Levantou-se da cadeira, sentou-se ao meu colo, suportou um seio com uma mão e levou-o à minha boca.
-Passa só com a língua por cima, devagar,… - ensinava-me ela com calma - …sentes a ficar mais durinho? Agora chupa, mas devagar, com calma… - e eu obedecia deliciado com o sabor da sua pele e com o abandono dela que fechava os olhos e me acariciava os cabelos, que volta a meia agarrava, afastando-me o seu seio da boca o suficiente para o substituir com a sua boca e língua. E quando quebrava o beijo, voltava a dirigir o seu seio aos meus lábios que o recebiam deliciado.
Agarrou-me na mão, fê-la deslizar pelas suas pernas até ao seu sexo coberto ainda por uma pequena peça de roupa rendada, já completamente encharcada, e guiava os meus dedos, por cima do tecido, ensinando-me a tocá-la. Estava quente, molhada, gemia…
Estava a ponto de ter um orgasmo só pelas sensações que tinha. Ela, se calhar intuindo isso, levantou-se, agarrou-me pela mão, fazendo-me percorrer os dois passos até à bancada da cozinha, onde se apoiou, de costas para mim. Soltou o botão e o fecho da saia e depois ordenou:
-Despe-me a saia!
Obedeci prontamente, mas ela, vendo a minha urgência, acrescentou:
-Devagar.
E eu assim fiz, fazendo a saia deslizar ao longo das suas pernas e revelando um rabo absolutamente perfeito, ainda mais empinado pelos saltos que usava. Depois virou-se, sentou-se na bancada, que era relativamente alta, e puxou-me para si, encaixando-me entre as suas pernas e abraçando-me. Beijámo-nos com intensidade e as minhas mãos vagueavam livremente pelo seu corpo, como se quisesse manter uma memória da sensação do toque da sua pele e das suas formas.
Quebrou o beijo e guiou a minha boca na exploração pelo seu corpo, puxando-me contra o seu pescoço, fazendo-me descer aos seus seios, ao seu ventre e depois agarrou com força o meu cabelo com uma mão enquanto a outra afastou o minúsculo pedaço de pano que ainda tinha vestido revelando-me pela primeira vez um sexo feminino e empurrou a minha boca para lá e eu penetrei-a com a minha língua, o mais fundo que consegui chegar e senti todos os meus sentidos invadidos por ela, o seu sabor e cheiro a sobreporem-se a tudo, lambi-lhe os grande lábios, ela puxou-me mais acima, fazendo a minha língua deslizar pelo seu clítoris – Aí! – dizia com um suspiro – Agora chupa! – e eu obedecia e tinha como recompensa os gemidos de prazer dela e caminhamos assim, juntos, até ao primeiro orgasmo que dei a uma mulher, sentindo a força com que ela me puxava para si, as suas ancas a atirarem-se contra a minha língua e os meus lábios, os gritos de prazer que preenchiam os meus ouvidos, o calor impossível da sua pele…
…e depois, senti-la a acalmar, relaxar, senti-la a puxar-me de novo para cima, colar os meus lábios aos dela, novamente, para um beijo calmo e terno e doce…
Quando os nossos lábios se apartaram ela olhou para o meu sexo, ainda oculto, fez um sorriso de miúda marota, agarrou-me por cima do tecido, fazendo-me quase encolher, tal a sensação, desapertou-me o cinto, baixar as calças e os boxers o suficiente para me libertar, fazendo o meu sexo saltar como uma mola na sua direcção e fazendo-me corar de vergonha.
Desceu da bancada, agachou-se à minha frente, descalçou-me, despiu-me as calças e os boxers e empurrou-me para trás, fazendo-me sentar numa cadeira, ajoelhou-se no chão, à minha frente, entre as minhas pernas, começou a arranhar-me as pernas muito ao de leve, pelo lado de dentro, enquanto subia por elas com as mãos, passou-as ao lado do meu sexo enquanto continuava a subir e a fazer-me aquela espécie de tortura, beijou-me o umbigo e foi subindo para os meus mamilos, com toques de língua suaves e pequenos chupões que me fazias arrepiar por completo enquanto sentia os seus seios a roçar no meu sexo, sem nunca desviar os olhos dos meus, e depois começou a descer pelo mesmo caminho até que, de repente, senti a humidade quente da sua boca a envolver a minha glande, fazendo-me conjurar cada pequeno pedaço da minha força de vontade para não perder esta batalha, mas, de repente, engole-me por inteiro e a sensação foi mais do que eu podia aguentar, as sensações sublimaram-se, o mundo desapareceu por completo e o orgasmo chegou com uma força que me fez prender a respiração e atingir um ponto inédito para mim enquanto me diluía na sua boca, e senti, pela primeira vez, que podia alcançar o intangível, que o incompreensível se tornava claro, ainda que apenas por um breve instante, que se pode sentir a eternidade ainda que apenas por um instante, e após esse instante havia em mim a dualidade de sentimentos, a alegria efusiva de ter tocado essa eternidade e saber que estaria dentro de mim e a profunda tristeza por aquele momento ter acabado.
Quando os meus sentidos voltaram a sentir, quando as sensações acalmaram, consegui abrir os olhos, e vi-a, ainda sorvendo-me meigamente, e senti-me envergonhado.
-Desculpa! – disse como pude.
Ela parou, sorriu-me e respondeu:
-Não tem mal. Já esperava algo assim! – e depois lançou-me o olhar mais sedutor que tinha sentido e continuo – Mas ainda bem, porque vai tornar o que vem aí muito melhor…
E com isto, levantou-se, agarrou-me pela mão, levando-me até à sala, onde me fez sentar no sofá…

(continua)

Vizinha

Cresci numa zono semi-rural.
Para terem uma ideia, era hábito ir buscar o leite a uma vacaria que ficava bem perto. Era produto biológico, de certeza.
A quinta onde ficava a vacaria não pertencia ao dono das vacas, que era somente um caseiro. Era uma quinta razoavelmente grande, cheia de árvores de fruto, e que pertencia a um tal de Sebastião, um homem gordo, mal-encarado, de maus fígados e pavio curto. A casa estava fechada a maior parte do tempo, uma vez que o tal Sebastião vivia sozinho. Dizia-se que a mulher o tinha deixado…
…bem, dizia-se tanta coisa…
…mas o mais certo é que nem metade do que se dizia seria verdade!
A casa tinha um enorme terraço que era acessível por umas escadas do lado de fora e, quando não estava lá ninguém ao fim de semana ou durante o verão, a canalhada que se juntava ia roubar fruta ao pomar e comê-la para o tal terraço. E digo ao fim de semana e durante o verão porque era quando havia pessoal da minha idade por ali. O pessoal passava lá as férias de verão ou os fins-de-semana, porque todos moravam noutro lado qualquer. Eu era dos poucos que morava ali.
Claro que este hábito não agradava ao Sebastião, que quando vinha a casa e ia ao terraço o encontrava sempre cheio de restos de fruta e punha-se a gritar, para quem o quisesse ouvir, que se um dia apanhasse lá alguém que varria a tiro, fosse quem fosse…
Mas o Sebastião acabou por morrer cedo, e a casa ficou anos fechada.
Entretanto, como os caminhos eram longos a percorrer quando se queria ir de A para B, era normal saltar os muros e cortar caminho. Foi numa destas alturas que descobri que a casa já estava habitada.
Tinha os meus catorze anos (embora parecesse mais velho) e saltei o muro para cortar caminho através da quinta quando ouvi uma voz feminina:
-Olhe lá, que raio pensa que está a fazer?
Claro que me assustei. Olhei de imediato na direcção da voz, que vinha da casa e vi uma mulher no terraço. Não a conseguia ver bem, por causa do sol.
-Peço desculpa, … - respondi assustado - …só queria ir para a quinta ao lado e ia a cortar caminho para não ter de dar a volta toda…
-Mas não viu o muro?
-Vi sim. Paço desculpa mais uma vez. Não volta a acontecer.
E pirei-me rapidamente.
Nos dias seguintes vim a saber que era a filha do tal Sebastião. Vim a saber porque, como é óbvio nestes meios onde todos são “vizinhos” mesmo quando moram a três ou quatro quilómetros de distância, tudo se sabe! E, quando não se sabe, inventa-se!
Como eu morava a uns duzentos metros, comecei a vê-la com alguma frequência. Estava nos seus trintas, tinha um cabelo entre o louro escuro e o acobreado, era bonita sem ser espampanante.
Um dia, em conversa com a minha mãe, a senhora perguntou-lhe se não conhecia ninguém que lhe pudesse dar uma pintura a algumas partes da casa, uma vez que estava bastante má – pudera, esteve pelo menos uns cinco ou seis anos fechada – e que o marido estava sempre fora a trabalho, por isso era sempre algo que iam adiando…
…e a minha mãe, solicita, sem me perguntar nada, ofereceu os meus préstimos, andava eu ocupadíssimo, naquelas férias de verão, a jogar compulsivamente com o meu ZX Spectrum!
A contragosto lá fui pintar a casa da senhora, que aparecia volta e meia para ver como o trabalho estava a andar, mas fora isso raramente a via, excepto quando chegava de manhã e quando saia ao fim da tarde. E andei uma semana armado em pintor, coisa para a qual nunca tive muito jeito.
Ao fim do terceiro dia as coisas começaram a mudar ligeiramente. Ela, talvez por se sentir sozinha, começou a vir mais para o pé de mim e falávamos um pouco de tudo. Eu fumava, mas não tinha dinheiro para tabaco e ela, volta e meia, aparecia e dava-me um cigarro.
-Faz uma pausa. – Dizia-me, e eu acabava por ir com ela até ao tal terraço onde ficávamos um pouco à conversa enquanto fumava e descansava um bocadinho.
Foi-se revelando cada vez mais simpática e ultrapassando a minha timidez (sim, que ninguém me batia em timidez) e no final do trabalho já conseguia estar com ela e falar-lhe normalmente.
Claro que, como qualquer puto, era um autêntico contentor de hormonas descontroladas e ela parecia mais bonita e atraente a cada dia que passava. No entanto eu não deixava de ser isso mesmo, um puto, ainda que já tivesse o tamanho que tenho hoje (mais esguio, menos arredondado, é um facto, mas já tinha um valente porte) e tratava-a com a reverência que sempre me foi inculcada pela minha educação em relação às pessoas mais velhas. E ela tratava-me como um miúdo, não dando qualquer indício de se sentir incomodada ou embaraçada com a minha presença.
E chegou o fim da obra, mais cedo do que tínhamos pensado. Ela desculpou-se por não ter dinheiro para me pagar, uma vez que precisava ir ao banco e só iria no dia seguinte, mas perguntou-me se não me importava de receber no dia a seguir. Tendo-lhe dito que não me importava, ela convidou-me para lanchar no dia seguinte e disse que me pagaria então.
No dia seguinte vi o carro dela passar à frente do meu portão, perto da hora do lanche, e lá fui, para ver se recebia uns trocos.
Ela, acabada de chegar, ainda estava a tirar sacos com mercearias de dentro do carro e ainda não tinha mudado de roupa, e se ela já me parecia bonita, quase tive um baque ao vê-la. Usava uns saltos que lhe torneavam as pernas reveladas por uma mini-saia justa, uma camisa leve, semi-transparente que deixava ver o soutien na sua transparência e desabotoada em cima, revelando um decote que, de repente, me encheu a vista. Que diferença para as batas que normalmente usava e que lhe escondiam por completo as formas. O cabelo, apanhado num rabo-de-cavalo e uma leve maquilhagem acentuavam ainda mais a diferença. Fiquei estático e acredito que corado que nem um tomate devido às ideias que povoaram os meus pensamentos. Se ela reparou, fingiu que não.
-Estás aí,… - disse ela com um sorriso – desculpa, atrasei-me um bocadinho nas compras… Ajudas-me a levar os sacos para a cozinha?
Claro que ajudei!
Depois de estar tudo na cozinha, ela disse-me para me sentar enquanto arrumava as coisas que precisavam de ir já para o frio, que já prepararia um lanche para os dois. Assim fiz e fiquei a vê-la andar de um lado para o outro, o que me estava a perturbar bastante e me estava deixar desconfortável, sobretudo por causa da tremenda erecção que já sentia.
-Se quiser eu venho noutra hora… - disse-lhe meio envergonhado.
-Não, deixa-te estar que isto não demora nada.
Lá acabou as arrumações (cada vez que se baixava para apanhar alguma coisa ou arrumar algo na parte de baixo do frigorifico e espetava aquele rabo na minha direcção eu sentia o calor nas minhas faces), e lá acabou por pôr pão fresco, queijo, fiambre e algumas compotas em cima da mesa, bem como um sumo de frutas e sentou-se ao pé de mim. Começamos a lanchar e ela ia falando enquanto eu respondia com monossílabos.
-O que é que se passa contigo hoje?
-Não é nada.
-É, é. – respondeu ela prontamente – Estas estranho. Pensava que já eramos amigos…
-E somos.
-Então porque é que estas assim?
Lá me enchi de coragem…
-Nunca a tinha visto assim vestida, e a senhora fica muito bonita.
-Com estes trapos? Ora rapaz, deixa-te disso. Além disso, já não sou nenhuma estampa. Já lá vai o tempo…
Apetecia-me refutá-la, mas contive-me.
-…mas achas que me ficam bem?
-Sim!
Ela sorriu.
-Obrigada!
-De nada. – Respondi eu, aliviado por ela não ter levado a mal.
-Sabes, ainda me lembro de quando comprei esta camisa. Já tem uns anos. Na altura era mesmo uma estampa… - levantou a camisa, mostrando-me a barriga, agarrou as gordurinhas - …e ainda não tinha nada disto aqui…
-Ora, também não está gorda… - e não estava!
-Pois, mas antigamente fazia exercício, estava mais tonificada… estava como tu! – disse, tocando-me na barriga, que, por aquelas aturas era lisa e musculada… (saudades…!!!)
-Mas acho que não esta mesmo nada mal.
-Achas? – perguntou ela com um olhar divertido e agarrando-me a mão levou-a à barriga dela para sentir as gordurinhas superficiais.
-Acho!
Ela riu-se.
-Não,… - continuou - …já lá vai mesmo o tempo. Ainda me lembro quando estes… - disse ela pondo as mãos por baixo dos seios - …não precisavam do soutien para ficarem no sítio… Mas ainda assim, se calhar tens alguma razão, se calhar não estou mal de todo…
-Não, não está… - respondi eu, corado, já a imaginar as maiores loucuras e sem tirar os olhos do seu peito. Ela sorriu. Depois, começou a desapertar os botões da camisa, devagar, e quando chegou ao fim, abriu-a:
-Assim podes ver melhor. O que é que achas?
Eu olhava para o lado, envergonhado demais. O que é que eu lhe havia de dizer? Nem sequer sabia o que é que havia de sentir… Embora uma coisa fosse evidente, a minha erecção pressionava de tal forma o tecido das calças que começava a ser doloroso. Com a minha ausência de resposta ela continuou:
-Não estão muito mal, pois não? – e à medida que perguntava ia retirando os seios de dentro do soutien, revelando-os, grandes mas não excessivamente, com uma aureola pequena e redonda, num tom apenas ligeiramente mais escuro que a sua pele bronzeada, mas com uns mamilos enormes e pontiagudos que me mesmerizaram por completo e dos quais eu não conseguia desviar o olhar, tendo que fazer um esforço consciente para não parar de respirar!
Ela acabou de se desenvencilhar da camisa e desapertou o soutien, tirando-o, o que fez o seu peito descair naturalmente, mas não muito!
-Vês, antigamente eram mais rijos e empinados. Agora já não são tanto… - e pegou-me na mão, levando-a ao seu peito e colocando-a por cima do seu seio esquerdo – Vês?
Era a primeira vez que sentia o seio de uma mulher na minha mão e quase sentia a electricidade a passar da pele dela para a minha. Fiz tenção de retirar a mão, envergonhado. Ela agarrou-a firmemente no sitio onde estava com a sua mão esquerda, e com a direita tocou o meu mamilo, por cima da t-shirt, o que lançou um arrepio por todo o meu corpo.
Ficou algum tempo a olhar para mim, sem uma palavra, acariciando-me e mantendo a minha mão contra o seu seio. Observava-me. Eu não fazia a mínima ideia de como reagir.
-Nunca estiveste com uma rapariga?
-Não! – respondi eu envergonhado.
-Não tem mal. – disse ela com um sorriso – Há sempre uma primeira vez para tudo, não é?

(continua)

Acróstico

Foram-se as armas e os barões assinalados
Onde andam os heróis e os grandes feitos?
Deram à costa, mutilados os seus peitos
A gritarem a injustiça dos seus fados
-Onde andarão os Sebastiões desejados,
Se nem das brumas se atrevem a sair
E assim deixam a nação cair?