Vizinha

Cresci numa zono semi-rural.
Para terem uma ideia, era hábito ir buscar o leite a uma vacaria que ficava bem perto. Era produto biológico, de certeza.
A quinta onde ficava a vacaria não pertencia ao dono das vacas, que era somente um caseiro. Era uma quinta razoavelmente grande, cheia de árvores de fruto, e que pertencia a um tal de Sebastião, um homem gordo, mal-encarado, de maus fígados e pavio curto. A casa estava fechada a maior parte do tempo, uma vez que o tal Sebastião vivia sozinho. Dizia-se que a mulher o tinha deixado…
…bem, dizia-se tanta coisa…
…mas o mais certo é que nem metade do que se dizia seria verdade!
A casa tinha um enorme terraço que era acessível por umas escadas do lado de fora e, quando não estava lá ninguém ao fim de semana ou durante o verão, a canalhada que se juntava ia roubar fruta ao pomar e comê-la para o tal terraço. E digo ao fim de semana e durante o verão porque era quando havia pessoal da minha idade por ali. O pessoal passava lá as férias de verão ou os fins-de-semana, porque todos moravam noutro lado qualquer. Eu era dos poucos que morava ali.
Claro que este hábito não agradava ao Sebastião, que quando vinha a casa e ia ao terraço o encontrava sempre cheio de restos de fruta e punha-se a gritar, para quem o quisesse ouvir, que se um dia apanhasse lá alguém que varria a tiro, fosse quem fosse…
Mas o Sebastião acabou por morrer cedo, e a casa ficou anos fechada.
Entretanto, como os caminhos eram longos a percorrer quando se queria ir de A para B, era normal saltar os muros e cortar caminho. Foi numa destas alturas que descobri que a casa já estava habitada.
Tinha os meus catorze anos (embora parecesse mais velho) e saltei o muro para cortar caminho através da quinta quando ouvi uma voz feminina:
-Olhe lá, que raio pensa que está a fazer?
Claro que me assustei. Olhei de imediato na direcção da voz, que vinha da casa e vi uma mulher no terraço. Não a conseguia ver bem, por causa do sol.
-Peço desculpa, … - respondi assustado - …só queria ir para a quinta ao lado e ia a cortar caminho para não ter de dar a volta toda…
-Mas não viu o muro?
-Vi sim. Paço desculpa mais uma vez. Não volta a acontecer.
E pirei-me rapidamente.
Nos dias seguintes vim a saber que era a filha do tal Sebastião. Vim a saber porque, como é óbvio nestes meios onde todos são “vizinhos” mesmo quando moram a três ou quatro quilómetros de distância, tudo se sabe! E, quando não se sabe, inventa-se!
Como eu morava a uns duzentos metros, comecei a vê-la com alguma frequência. Estava nos seus trintas, tinha um cabelo entre o louro escuro e o acobreado, era bonita sem ser espampanante.
Um dia, em conversa com a minha mãe, a senhora perguntou-lhe se não conhecia ninguém que lhe pudesse dar uma pintura a algumas partes da casa, uma vez que estava bastante má – pudera, esteve pelo menos uns cinco ou seis anos fechada – e que o marido estava sempre fora a trabalho, por isso era sempre algo que iam adiando…
…e a minha mãe, solicita, sem me perguntar nada, ofereceu os meus préstimos, andava eu ocupadíssimo, naquelas férias de verão, a jogar compulsivamente com o meu ZX Spectrum!
A contragosto lá fui pintar a casa da senhora, que aparecia volta e meia para ver como o trabalho estava a andar, mas fora isso raramente a via, excepto quando chegava de manhã e quando saia ao fim da tarde. E andei uma semana armado em pintor, coisa para a qual nunca tive muito jeito.
Ao fim do terceiro dia as coisas começaram a mudar ligeiramente. Ela, talvez por se sentir sozinha, começou a vir mais para o pé de mim e falávamos um pouco de tudo. Eu fumava, mas não tinha dinheiro para tabaco e ela, volta e meia, aparecia e dava-me um cigarro.
-Faz uma pausa. – Dizia-me, e eu acabava por ir com ela até ao tal terraço onde ficávamos um pouco à conversa enquanto fumava e descansava um bocadinho.
Foi-se revelando cada vez mais simpática e ultrapassando a minha timidez (sim, que ninguém me batia em timidez) e no final do trabalho já conseguia estar com ela e falar-lhe normalmente.
Claro que, como qualquer puto, era um autêntico contentor de hormonas descontroladas e ela parecia mais bonita e atraente a cada dia que passava. No entanto eu não deixava de ser isso mesmo, um puto, ainda que já tivesse o tamanho que tenho hoje (mais esguio, menos arredondado, é um facto, mas já tinha um valente porte) e tratava-a com a reverência que sempre me foi inculcada pela minha educação em relação às pessoas mais velhas. E ela tratava-me como um miúdo, não dando qualquer indício de se sentir incomodada ou embaraçada com a minha presença.
E chegou o fim da obra, mais cedo do que tínhamos pensado. Ela desculpou-se por não ter dinheiro para me pagar, uma vez que precisava ir ao banco e só iria no dia seguinte, mas perguntou-me se não me importava de receber no dia a seguir. Tendo-lhe dito que não me importava, ela convidou-me para lanchar no dia seguinte e disse que me pagaria então.
No dia seguinte vi o carro dela passar à frente do meu portão, perto da hora do lanche, e lá fui, para ver se recebia uns trocos.
Ela, acabada de chegar, ainda estava a tirar sacos com mercearias de dentro do carro e ainda não tinha mudado de roupa, e se ela já me parecia bonita, quase tive um baque ao vê-la. Usava uns saltos que lhe torneavam as pernas reveladas por uma mini-saia justa, uma camisa leve, semi-transparente que deixava ver o soutien na sua transparência e desabotoada em cima, revelando um decote que, de repente, me encheu a vista. Que diferença para as batas que normalmente usava e que lhe escondiam por completo as formas. O cabelo, apanhado num rabo-de-cavalo e uma leve maquilhagem acentuavam ainda mais a diferença. Fiquei estático e acredito que corado que nem um tomate devido às ideias que povoaram os meus pensamentos. Se ela reparou, fingiu que não.
-Estás aí,… - disse ela com um sorriso – desculpa, atrasei-me um bocadinho nas compras… Ajudas-me a levar os sacos para a cozinha?
Claro que ajudei!
Depois de estar tudo na cozinha, ela disse-me para me sentar enquanto arrumava as coisas que precisavam de ir já para o frio, que já prepararia um lanche para os dois. Assim fiz e fiquei a vê-la andar de um lado para o outro, o que me estava a perturbar bastante e me estava deixar desconfortável, sobretudo por causa da tremenda erecção que já sentia.
-Se quiser eu venho noutra hora… - disse-lhe meio envergonhado.
-Não, deixa-te estar que isto não demora nada.
Lá acabou as arrumações (cada vez que se baixava para apanhar alguma coisa ou arrumar algo na parte de baixo do frigorifico e espetava aquele rabo na minha direcção eu sentia o calor nas minhas faces), e lá acabou por pôr pão fresco, queijo, fiambre e algumas compotas em cima da mesa, bem como um sumo de frutas e sentou-se ao pé de mim. Começamos a lanchar e ela ia falando enquanto eu respondia com monossílabos.
-O que é que se passa contigo hoje?
-Não é nada.
-É, é. – respondeu ela prontamente – Estas estranho. Pensava que já eramos amigos…
-E somos.
-Então porque é que estas assim?
Lá me enchi de coragem…
-Nunca a tinha visto assim vestida, e a senhora fica muito bonita.
-Com estes trapos? Ora rapaz, deixa-te disso. Além disso, já não sou nenhuma estampa. Já lá vai o tempo…
Apetecia-me refutá-la, mas contive-me.
-…mas achas que me ficam bem?
-Sim!
Ela sorriu.
-Obrigada!
-De nada. – Respondi eu, aliviado por ela não ter levado a mal.
-Sabes, ainda me lembro de quando comprei esta camisa. Já tem uns anos. Na altura era mesmo uma estampa… - levantou a camisa, mostrando-me a barriga, agarrou as gordurinhas - …e ainda não tinha nada disto aqui…
-Ora, também não está gorda… - e não estava!
-Pois, mas antigamente fazia exercício, estava mais tonificada… estava como tu! – disse, tocando-me na barriga, que, por aquelas aturas era lisa e musculada… (saudades…!!!)
-Mas acho que não esta mesmo nada mal.
-Achas? – perguntou ela com um olhar divertido e agarrando-me a mão levou-a à barriga dela para sentir as gordurinhas superficiais.
-Acho!
Ela riu-se.
-Não,… - continuou - …já lá vai mesmo o tempo. Ainda me lembro quando estes… - disse ela pondo as mãos por baixo dos seios - …não precisavam do soutien para ficarem no sítio… Mas ainda assim, se calhar tens alguma razão, se calhar não estou mal de todo…
-Não, não está… - respondi eu, corado, já a imaginar as maiores loucuras e sem tirar os olhos do seu peito. Ela sorriu. Depois, começou a desapertar os botões da camisa, devagar, e quando chegou ao fim, abriu-a:
-Assim podes ver melhor. O que é que achas?
Eu olhava para o lado, envergonhado demais. O que é que eu lhe havia de dizer? Nem sequer sabia o que é que havia de sentir… Embora uma coisa fosse evidente, a minha erecção pressionava de tal forma o tecido das calças que começava a ser doloroso. Com a minha ausência de resposta ela continuou:
-Não estão muito mal, pois não? – e à medida que perguntava ia retirando os seios de dentro do soutien, revelando-os, grandes mas não excessivamente, com uma aureola pequena e redonda, num tom apenas ligeiramente mais escuro que a sua pele bronzeada, mas com uns mamilos enormes e pontiagudos que me mesmerizaram por completo e dos quais eu não conseguia desviar o olhar, tendo que fazer um esforço consciente para não parar de respirar!
Ela acabou de se desenvencilhar da camisa e desapertou o soutien, tirando-o, o que fez o seu peito descair naturalmente, mas não muito!
-Vês, antigamente eram mais rijos e empinados. Agora já não são tanto… - e pegou-me na mão, levando-a ao seu peito e colocando-a por cima do seu seio esquerdo – Vês?
Era a primeira vez que sentia o seio de uma mulher na minha mão e quase sentia a electricidade a passar da pele dela para a minha. Fiz tenção de retirar a mão, envergonhado. Ela agarrou-a firmemente no sitio onde estava com a sua mão esquerda, e com a direita tocou o meu mamilo, por cima da t-shirt, o que lançou um arrepio por todo o meu corpo.
Ficou algum tempo a olhar para mim, sem uma palavra, acariciando-me e mantendo a minha mão contra o seu seio. Observava-me. Eu não fazia a mínima ideia de como reagir.
-Nunca estiveste com uma rapariga?
-Não! – respondi eu envergonhado.
-Não tem mal. – disse ela com um sorriso – Há sempre uma primeira vez para tudo, não é?

(continua)

2 comentários:

Imprópriaparaconsumo disse...

E depois da primeira vez não se quer parar :P
Muito bom!

Anónimo disse...

Imprópriaparaconsumo,

...pois não,...

...o que por vezes é um drama por si só!

:)