...terás?

…terás tu a mais pálida ideia de o quanto eu gosto de te manter naquele limbo extasiante e torturante, levando-te pela mão, guiando-te com passos seguros e fazendo-te perceber que é mais importante a viagem que o destino enquanto te faço derreter de prazer, gemer, sussurrar, gritar, implorar e te mantenho cativa dos meus caprichos, a um mero toque do abismo sem te permitir que saltes, abras os braços e voes até eu próprio estar saciado do teu sabor?
…terás tu a mais pálida ideia de que quando finalmente o faço é porque sei que a viagem já dura há muito e o corpo precisa de libertação, porque eu nunca, nunca estou saciado de ti?

Todas as mulheres têm uma fantasia... (parte VII - conclusão)

Êxtase.
A única palavra capaz de definir o que sentia naqueles instantes depois de uma série de orgasmos como não tinha memória provocados pelas bocas que percorreram todo o seu corpo procurando cada centímetro da sua pele, bocas que se haviam alternado no seu sexo, ora lambendo e sugando de forma meiga, ora de forma mais forte, que lhe procuraram os lábios, o peito...
Nem nos seus sonhos mais eróticos se atrevera a pensar que esta sensação podia ser tão envolvente e forte, e ao mesmo tempo calma e doce. O casal parecia estar ali apenas para si, para lhe proporcionar o prazer que ela recebia e lhes dava de volta.
Completamente cansada pedira-lhes para parar por alguns instantes e observava agora a atenção que Rute dava ao marido sorvendo-lhe o sexo meigamente, e sentia a gula de fazer o mesmo. Apesar do cansaço do corpo, a luxúria falou mais alto e chegou perto de Rute que prontamente partilhou o sexo dele, de quem ela nem sequer sabia o nome, com ela, fazendo com que ele fosse agora o centro das atenções.
Ele, deitado na cama, olhava-as apreciando cada movimento das bocas delas, cada movimento das línguas, os beijos que elas iam trocando ocasionalmente…
Rute levantou-se, levando-a consigo num beijo carregado de desejo e, num convite explícito, ofereceu-lhe o sexo do marido. Ela, por cima, fê-lo deslizar para dentro de si, numa tentativa de apagar o fogo que ainda lhe consumia o ventre.
-Devagar. – disse ele, querendo prolongar o prazer e o momento e ela fez-lhe a vontade, fazendo movimentos lentos com as suas ancas, recebendo-o profundamente, fodendo-o com calma, apreciando.
Rute oferece o seu sexo à boca do marido, ficando de frente para ela e cola a boca à sua, levando as mãos às suas nádegas e auxiliando e controlando os movimentos dela.
Ela e Rute acabam por ter um orgasmo quase simultâneo, abraçadas uma à outra, mas não quebram o auto-controle do homem que continua a fazer amor com ambas com desejo.
Ainda assim, saem ambas de cima dele e ela, com uma curiosidade que crescia a cada momento dentro de si, mas também com o receio de não saber o que fazer, faz com que Rute se deite ao lado do marido, prova-lhe o sexo, explora e deleita-se na experiência, sentindo-se realizada de uma forma diferente ao provocar-lhe um orgasmo.
Por fim, decidem fazer quebrar o homem o voltam a deleitar-se com o sexo dele nas suas bocas até provarem o precioso liquido…

***

Já vestida, eles acompanham-na até à porta do quarto. As despedidas são breves e ela sai.
Entra no elevador, vê-se ao espelho e repara no quanto o seu rosto reflecte um brilho de felicidade…
…e só então se lembra do marido e uma ponta de culpa aparece no seu rosto.
O caminho para casa é feito já com lágrimas nos olhos, sem saber o que fazer.
Evita sequer olhá-lo nos olhos, mesmo ao jantar e durante o resto do serão.
Já deitados, no escuro, ela diz:
-Tenho uma coisa para te contar…
-Diz.
-É grave…
Ele acende a luz e olha para ela, vê as marcas das lágrimas nos seus olhos.
-Fala.
-Primeiro que tudo, quero que saibas que te amo e que és a pessoa que eu quero ter ao meu lado, sempre.
Ele olha-a com um ar sério e expectante.
Ela conta-lhe resumidamente tudo o que aconteceu e explode num choro, esperando a reacção dele.
Ele abraça-a, espera que ela se acalme. Por fim ela olha para ele.
-Não dizes nada?
Ele olha-a, sorri-lhe de uma forma carinhosa e pergunta:
-Foi bom?
Ela, aliviada pela expressão dele, sorri também e responde:
-Extasiante…
Ele afaga-lhe o rosto, beija-a com suavidade, aninha-se a ela.
-E não queres contar com pormenores de requinte? – pergunta enquanto a afaga com suavidade.
-Queres mesmo que conte?
-Claro. – responde ele enquanto faz uma mão deslizar para o sexo dela.
Ela solta um suspiro enquanto se sente a acender novamente e começa:
-Bem, como te disse tudo começou por causa da greve…

F I M

Todas as mulheres têm uma fantasia... (parte VI)

A sensação daqueles lábios nos seus foi estranha ao inicio, o sabor a cereja do batom, a suavidade do beijo, mas fechou os olhos e deixou-se levar, sentiu-se abraçada, envolvida, e abraçou, envolveu, perdeu o pudor, e aquele algo no fundo da sua mente que lhe dizia que isto não era normal, natural, foi subjugado por um mar de sensações que a invadiu e a electrizou, excitou-a, talvez apenas o facto de ser um fruto proibido ou então foi a suavidade com que foi tocada, acarinhada, a maneira como sentiu aquelas mãos femininas a explorar o seu corpo sem a urgência tão presente no toque masculino, com a calma da certeza de se ter todo o tempo do mundo, o facto de naquela envolvência não haver uma batalha mas antes o serenar da alma, sentir uma mão a percorrer o sei seio e tocá-la em todos os pontos certos…
…e, quase sem dar por isso, estava envolvida numa dança em que a musica parecia ser apenas ouvida pelas duas.
Esqueceu-se completamente da presença masculina que não dava qualquer sinal da sua existência, e atreveu-se a explorar, também ela, aquele corpo feminino que estava à sua disposição, e percebeu o quanto era natural a maneira como recebia e provocava um mar de sensações suaves mas avassaladoras.
Sentiu uma mão dela sobre o seu sexo, ainda por cima do tecido, a toca-la com uma lentidão e uma calma que faziam com que quisesse mais, que a faziam gemer baixinho, uma doce tortura…
…sentiu-se a querer um clímax ali, mas sentiu que não era urgente tê-lo, e quis tocá-la também e pela primeira vez sentir um sexo feminino nos seus dedos que não o seu, e tocou-a e deu-lhe prazer, sentiu o prazer dela…
Perdeu a noção de quanto tempo esteve entre beijos e toques, completamente envolvida pela calma, como se flutuassem as duas acima do chão…
…e depois sentiu um corpo quente que se colou às suas costas, que a envolveu, uns lábios que lhe beijaram o pescoço, umas mãos diferentes, mais agrestes, que lhe tocaram o peito, , e quebrou o beijo com ela para procurar os lábios dele enquanto sentia a excitação dele, a sua carne pulsante colada às suas nádegas…
-Vamos? – perguntou ele às duas num sussurro quando o beijo quebrou e a resposta não chegou em palavras mas em actos, seguindo todos eles em direcção à cama…

(continua)

Todas as mulheres têm uma fantasia... (parte V)

Sobressaltou-se, olhou para a porta e olhou para ele, que continuava a exibir uma calma e um controle fora do comum, calma essa que a confundia. Era obvio que ele, enquanto ela se despia, apreciava cada movimento, cada centímetro do seu corpo, e no entanto não havia nele qualquer reacção que não fosse de puro cavalheirismo.
E agora, neste momento, limitou-se a levantar-se e caminhou em direcção a ela e à porta. Ao chegar ao pé dela limitou-se a dizer com um sorriso:
-Não se preocupe, é apenas a minha mulher.
Ela ficou sim pingo de sangue.
-O quê? – perguntou enquanto se baixava rapidamente para apanhar a camisa para se cobrir.
-A sério, não se preocupe. – voltou a afirmar enquanto se virava para abrir a porta não lhe dando tempo para vestir a camisa. Ela limitou-se a pô-la atabalhoadamente à sua frente, cobrindo o peito enquanto ele abria a porta e deixava entrar uma mulher.
A mulher era loura, com o cabelo comprido a cair numa cascata de caracóis largos até quase à cintura, pequena e magra, com uma pele branca que lhe dava um ar de boneca de porcelana, um ar frágil e tímido. O rosto era lindíssimo, como se tivesse sido finamente desenhado, com uns lábios carnudos realçados por um batom de um encarnado vivo que fazia parecer que todo o seu sangue se concentrava ali. A maquilhagem suave que usava era perfeita para realçar os olhos verde jade, lindos e intensos, mas que espelhavam toda a timidez dela.
Vestia uma gabardine comprida que a tapava por completo até bem abaixo do joelho, com um cito que a ajustava à sua silhueta, o que deixava adivinhar que seria magra mas não deixava adivinhar as suas formas.
Trazia consigo uma caixa embrulhada.
Deram os dois um suave beijo nos lábios, ele fechou a porta e voltou a sentar-se no sofá. A mulher voltou-se finalmente para ela.
-Olá, eu sou a Rute. – disse numa voz quase apagada.
-Olá. Eu sou a Ana. – respondeu ela sem fazer a mínima ideia de como reagir à situação.
A mulher apresentou-lhe a caixa embrulhada.
-É uma prenda para si.
Ela agarrou a caixa com uma mão, mantendo a outra a agarrar a camisa que a cobria.
-Obrigada.
-Não quer abrir?
Ela assentiu. Dirigiu-se até ao sofá que estava desocupado e sentou-se, sempre sem largar a camisa, pousou a caixa na mesa, ao lado dos copos de vinho e abriu o embrulho apenas com a mão livre. A caixa no interior era de uma conhecida marca de langerie.
-Só pude tentar adivinhar o seu tamanho pela conversa que teve com o meu marido. Espero que lhe sirva…
Ana abriu a caixa e lá dentro estava uma deslumbrante combinação de cetim branco.
-É linda. Obrigado.
-Não a quer experimentar? – Perguntou a Rute.
Ana corou. Olhou para o homem de quem nem sabia ainda o nome que acenou afirmativamente com um sorriso calmo.
Respirou fundo, levantou-se, largou finalmente a camisa, expondo-se aos olhos dos dois, tirou a combinação da caixa e apreciou-a. Depois, pôs-se de pé e dirigiu-se ao espelho, vestindo-a e observando-se. A medida era perfeita e a peça pereceu moldar-se ao seu corpo. Sentiu-se deslumbrante e pôde ver o ar de aprovação de ambos os elementos do casal.
-Acho que estou bem, não estou?
-Está linda. - Afirmou Rute.
-Mas sinto-me… deslocada.
-Porquê?
-Sou a única pessoa aqui nestes preparos…
Rute aproximou-se dela.
-Compreendo.
Desapertou o cinto que lhe cingia a gabardine, desabotoou-a e abriu-a revelando que por baixo da mesma havia apenas um corpete com ligas encarnado bem escuro, aveludado, que lhe segurava as meias de seda, e um fio dental que fazia conjunto. As peças adornavam um corpo absolutamente pecaminoso, antes insuspeito por baixo da gabardine.
-Ainda se sente deslocada? – Perguntou Rute fixando-a nos olhos.
-Não, já não. Não me leva a mal se eu lhe disser que é uma mulher deslumbrante?
-Nada, mas olhe que a Ana não fica atrás…
-Ora. Não será assim tanto…
-Acha que não? Basta ver a expressão do meu marido…
Rute aproximou-se de Ana pondo-se ao seu lado e envolvendo-a pela cintura, ficando as duas voltadas para ele, ambas um puro contraste uma da outra, mas ambas deslumbrantes.
-Vê? – Perguntou Rute. – O olhar dele não nos larga.
Ana sorriu. Sentia-se absolutamente deliciada com a atenção que recebia, sentia-se plena e mulher, sensual e apreciava o momento. Sorriu ao homem e olhou para Rute, que tinha o olhar fixo em si, ficando com o olhar preso no dela.
Rute aproximou-se de Ana, chegando com o seu rosto bem perto do dela, e Ana, ao vê-la aproximar sentiu em si uma hesitação e vacilou. Rute deixou os seus lábios bem próximos dos dela, esperou um pouco para ver se a indecisão se desvanecia e acabou por sussurrar apenas… - Confia - …e com isto foi como se algo levantasse entre elas e os lábios de ambas colaram-se num beijo…

(continua)