Grande Cisão



Grande Cisão

Tento perceber
Mas a lógica falha
Pela tua mão

Um teste de fé?
Como posso eu sair
Deste labirinto de ratos?

Isto é um pesadelo?
Não justo perguntar
Se estás mesmo aí?

Não devia uma simples menção a ti
Servir para unir
Não deveríamos aceitar
Que ninguém tem razão?
Porque é que é o teu nome
A Grande Cisão?

Finjo ser forte
Para ninguém me ver a quebrar

É difícil manter a fé
Quando o mundo inteiro
Parece explodir na cara de toda a gente!

Então, se estás mesmo aí,
Porque fizeste este mundo tão injusto?

Não devia uma simples menção a ti
Servir para unir
Não deveríamos aceitar
Que ninguém tem razão?
Porque é que é o teu nome
A Grande Cisão?

Dystopia of Truth



…e aquele beijo, tantas vezes imaginado, esperado, desejado, queimava-lhe agora os lábios e deixava-lhe o corpo sem qualquer reacção, o coração a bater descompassado, provocava-lhe um torpor que o trespassava e o fazia sentir cada milímetro da sua pele e o toque suave das mãos que o abraçavam nas suas costas causava impressões indeléveis que jamais desapareceriam e que tornavam aquele momento eterno na sua lembrança, como que queimado a ferros, marca indelével do desejo que ambos sentiam enquanto as suas línguas se envolviam numa urgência calma de quem tinha ansiado demais mas que tinha agora todo o tempo do mundo, e quando as bocas se separaram, finalmente, os corpos falaram mais alto, a vontade do contacto da pele sobrepôs-se a tudo, as roupas escorreram para o chão, os corpos tocaram-se, provaram-se, enalteceram-se e ela provou-o finalmente, ao mesmo tempo que se dava a provar, sentiu finalmente a textura da pele fina que envolvia o seu sexo, lambeu-o, provou-o, sorveu-o, beijou-o, engoliu-o, por vezes em movimentos suaves e delicados, outras vezes com a voracidade de um predador que ataca a presa enquanto o sentia a satisfazer o seu apetite por ela lambendo-a e chupando-a, sorvendo cada gota da humidade que invadia o seu sexo, levando-a à loucura uma e outra vez, não lhe dando tréguas e lançando-a numa espiral de orgasmos que parecia não ter fim e que pareciam ser a confirmação de o quanto ele a queria, até ela, exausta lhe pedir para parar e assim sentir-se voltar à tona e respirar um pouco, mas os corpos falavam mais alto e ele, deitado ao lado dela, olha-a nos olhos, cola os seus lábios aos dela, afasta-se um pouco, toca-a sentindo quente, molhada, desejosa, massaja-a levemente, o que provoca de imediato uma cascata de sentimentos que lhe consegue ler no olhar, fixa os olhos nos dela, obriga-a a fixar os olhos nos dele, penetra-a com dois dedos, profundamente, toca-a, primeiro devagar, pequenas massagens suaves por dentro de si, que aumentam de intensidade conforme se dá cada vez mais, até a agarrar firmemente e com movimentos calculados, fortes a leva a descobrir cores nunca vistas, o ouvir as melodias dos anjos, a esquecer o seu ego e até a sua existência perdida em ondas de prazer nunca antes sentidas enquanto se sente derreter por completo, enquanto espasmos percorrem o seu corpo e está ainda no limbo quando o sente, finalmente, a entrar em si e oferece-se por inteiro, sem barreiras…
Um dia chato, chuvoso, não com aquela chuva diluviana, nas com uma chuva miudinha e chata, daquela que se entranha até aos ossos, e tu…
…estavas ali, sentada, de perna cruzada, casual como sempre, vestida para passar despercebida e aparentemente toda contente, alheia à confusão e sem sequer saberes que me tinhas na mão, especado a olhar para ti, feito parvo a olhar para ti ali sentada, a oitava maravilha do mundo moderno, com um ar sereno e intelectual, com uma descontracção que não era normal, alheia ao que estava em volta, despretensiosa e solta, não havia ninguém que não desse por ti, o mundo parou por ti e é verdade que estáva frio em Lisboa,…
…mas eu estava quente por dentro!
E tudo o que eu queria naquele momento era a intervenção de um qualquer santo que descesse do céu e me desse um olhar teu!
Até me fizeste acreditar em Deus, cair de joelhos, olhar para os céus e só eu sei o que passei para conseguir um olhar teu…
A seus lábios aflorados pelos lábios dela, num pequeno toque, suave, mas com um sentido de urgência, e depois outro beijo e outro, até os lábios se colarem, se apartarem e as línguas se envolverem num tango complexo e cheio de desejo, cheio de urgência, obrigando os olhos a fecharem-se para que todos os sentidos e sensações se concentrem apenas naquela dança, e os corpos tocam-se, comprimem-se um contra o outro, como se se quisessem fundir, as mãos libertas exploram os contornos e as formas ao mesmo tempo que encontram maneiras de libertar os corpos das fronteiras tecidas entre ambos, e a pele toca-se, sente-se, o calor repassa e alimenta ainda mais o desejo de ambos e a vontade de se tornarem um só, as bocas apartam-se e os lábios percorrem a pele, milímetro a milímetro, provocando, saboreando, enaltecendo a vontade que se sente do outro, com a urgência animal e a calma do sentimento, os lábios tocam sexos, sentem o sabor, a textura ansiada, alimentam a ansiedade de se terem, promovem picos de intensidade, orgasmos ditos, prometidos, e por fim os corpos fundem-se num só, num só desejo, num só acto, o ego eliminado, o prazer supremos que chega para ambos para saciar momentaneamente um fome que não pode ser saciada...
 
 
 
 
…e que desperta logo em seguida!

Vizinha III (conclusão)

Descalçou-se, finalmente, e sentou-se ao meu lado, virou-se para mim, a sua boca colou-se à minha e com uma das mãos começou a masturbar-me. A sua boca, quando não estava colada à minha, cobria-me de beijos na face, no pescoço, nos lóbulos das orelhas, no peito, e, sentindo que o meu sexo despertava novamente, percorreu de novo o meu corpo e voltou a chupar-me trazendo-o de novo a uma erecção plena.
Levantou-se, sem a sua mão me largar, passou uma perna por cima de mim, posicionou-se e disse simplesmente - Relaxa! – fazendo-se em seguida penetrar de uma só vez, profundamente, envolvendo-me por completo e fazendo com que a sensação que sentira há minutos atrás fosse algo de pequeno por comparação. Inclinou-se para mim, beijando-me, abraçando-me, colando os seis seios ao meu peito, e começou um vai-vem lento, dolorosamente lento, que me fazia sentir toda a sua textura sobrecarregando os meus sentidos a pontos impossíveis.
-Calma,… - dizia-me ao ouvido - …relaxa… - despertando-me para a necessidade de controlar toda aquela carga erótica e sensorial.
À medida que me ia habituando às sensações e as ia conseguindo controlar melhor, embora me parecesse estar permanentemente à beira de um orgasmo, ela ia-se apercebendo e acelerava os movimentos, começando ela própria a descontrolar-se mas quando começava a sentir o meu descontrolo abrandava ou parava mesmo, fazendo-me sair de dentro dela para me acalmar, agarrando-me e voltando a encaixar-me nela logo que me sentia mais calmo.
Mas à medida que o tempo passava o seu descontrolo era cada vez maior, até que no meio de gemidos me perguntou:
-Achas que consegues aguentar? Não quero que te venhas já…
Eu assenti com a cabeça e ela ergueu-se, aumentou a intensidade, fodeu-me de forma puramente animal, libertando-se finalmente num orgasmo longo que me precipitava perigosamente para a beira do abismo e tive de usar de toda a minha força de vontade para não a acompanhar.
Colapsou em cima de mim, deixando-me ficar por completo dentro dela a sentir ainda as suas contracções e assim que recuperou o folego cobriu-me de beijos. Depois levantou-se, virou-se de costas para mim, voltou a sentar-se, fazendo-se penetrar novamente, agarrou a minha mão, que levou ao seu clitóris e começou novamente a foder-me, elevando-se e atirando-se contra mim com força, como se quisesse absorber-me por inteiro para dentro dela.
-Gostas assim? – perguntava-me sem que eu conseguisse articular uma resposta – Eu sei que gostas, dá para sentir o quanto tu gostas…
Veio-se descontroladamente, no meio de gritos que seria, decerto, ouvidos na rua. Sorte que as ruas ali estavam quase sempre desertas…
Levantou-se a seguir, agarrou-me, chupou-me, depois fez-me levantar, o que me custou um pouco uma vez que sentia as pernas completamente bambas, ajoelhou-se no sofá.
-Agora que que me fodas! – disse fazendo-me sinal para ir para trás dela e eu, menino obediente, fiz-lhe a vontade. Tinha noção de que não conseguiria durar muito tempo, mas pela maneira como ela se atirava contra mim, percebi que ela também não. Mas foi quando senti o orgasmo dela a chegar que não me consegui aguentar mais e viemo-nos juntos, de uma maneira puramente animal.
Em seguida, simplesmente colapsei, exausto, não tanto pelo esforço físico, mas sim pelo emocional! À minha frente estendia-se um mundo de delícias e prazeres até ali somente imaginados.
Foi um rapaz que entrou em casa dela para lanchar. Foi um homem que saiu ao fim da tarde, já muito perto da hora do jantar.
Durante o verão eram frequentes os nossos encontros, em casa dela, a qualquer hora do dia, excepto aos fins-de-semana, quando o marido vinha a casa. Acho que não houve divisão que não tivéssemos experimentado, inclusive o terraço que, como tinha um muro em volta, nos permitia o luxo de estarmos ao ar livre a disfrutarmo-nos.
A umas duas semanas do começo das aulas o marido veio e ficou, o que fazia com que trocássemos pouco mais do que cumprimentos de circunstância, pese embora o fogo que passava sempre no olhar.
Um dia apercebi-me que o caseiro, um tal de Sr. Monge, estava a transportar as vacas para outro lado e que a casa estava novamente fechada.
Pouco depois vi que a casa estava habitada novamente, mas já não por ela. A quinta tinha sido vendida.
Nunca mais a vi.
Nunca tive sequer a oportunidade de lhe dizer adeus!
Mas entretanto as aulas recomeçavam…
…e havia um enorme novo mundo à minha frente…

Vizinha II (continuação)

Largou a minha mão, que se afastou de imediato do seu seio e senti puro medo ao pensar que aquele momento ficaria, afinal, por ali, após a minha confissão de que era ainda virgem. Mas, felizmente, não foi mais que um momento, porque a seguir vi-a inclinar-se para mim, agarrar a parte de baixo da minha t-shirt, fazendo-a em seguida deslizar ao longo do meu corpo, deixando-me em tronco nu. Depois inclinou-se, lambeu e sugou o meu mamilo, o que me fez fechar os olhos e abandonar-me a sensação enquanto a minha mão lhe acariciava os cabelos. Estava em puro êxtase!
Depois parou. Levantou-se da cadeira, sentou-se ao meu colo, suportou um seio com uma mão e levou-o à minha boca.
-Passa só com a língua por cima, devagar,… - ensinava-me ela com calma - …sentes a ficar mais durinho? Agora chupa, mas devagar, com calma… - e eu obedecia deliciado com o sabor da sua pele e com o abandono dela que fechava os olhos e me acariciava os cabelos, que volta a meia agarrava, afastando-me o seu seio da boca o suficiente para o substituir com a sua boca e língua. E quando quebrava o beijo, voltava a dirigir o seu seio aos meus lábios que o recebiam deliciado.
Agarrou-me na mão, fê-la deslizar pelas suas pernas até ao seu sexo coberto ainda por uma pequena peça de roupa rendada, já completamente encharcada, e guiava os meus dedos, por cima do tecido, ensinando-me a tocá-la. Estava quente, molhada, gemia…
Estava a ponto de ter um orgasmo só pelas sensações que tinha. Ela, se calhar intuindo isso, levantou-se, agarrou-me pela mão, fazendo-me percorrer os dois passos até à bancada da cozinha, onde se apoiou, de costas para mim. Soltou o botão e o fecho da saia e depois ordenou:
-Despe-me a saia!
Obedeci prontamente, mas ela, vendo a minha urgência, acrescentou:
-Devagar.
E eu assim fiz, fazendo a saia deslizar ao longo das suas pernas e revelando um rabo absolutamente perfeito, ainda mais empinado pelos saltos que usava. Depois virou-se, sentou-se na bancada, que era relativamente alta, e puxou-me para si, encaixando-me entre as suas pernas e abraçando-me. Beijámo-nos com intensidade e as minhas mãos vagueavam livremente pelo seu corpo, como se quisesse manter uma memória da sensação do toque da sua pele e das suas formas.
Quebrou o beijo e guiou a minha boca na exploração pelo seu corpo, puxando-me contra o seu pescoço, fazendo-me descer aos seus seios, ao seu ventre e depois agarrou com força o meu cabelo com uma mão enquanto a outra afastou o minúsculo pedaço de pano que ainda tinha vestido revelando-me pela primeira vez um sexo feminino e empurrou a minha boca para lá e eu penetrei-a com a minha língua, o mais fundo que consegui chegar e senti todos os meus sentidos invadidos por ela, o seu sabor e cheiro a sobreporem-se a tudo, lambi-lhe os grande lábios, ela puxou-me mais acima, fazendo a minha língua deslizar pelo seu clítoris – Aí! – dizia com um suspiro – Agora chupa! – e eu obedecia e tinha como recompensa os gemidos de prazer dela e caminhamos assim, juntos, até ao primeiro orgasmo que dei a uma mulher, sentindo a força com que ela me puxava para si, as suas ancas a atirarem-se contra a minha língua e os meus lábios, os gritos de prazer que preenchiam os meus ouvidos, o calor impossível da sua pele…
…e depois, senti-la a acalmar, relaxar, senti-la a puxar-me de novo para cima, colar os meus lábios aos dela, novamente, para um beijo calmo e terno e doce…
Quando os nossos lábios se apartaram ela olhou para o meu sexo, ainda oculto, fez um sorriso de miúda marota, agarrou-me por cima do tecido, fazendo-me quase encolher, tal a sensação, desapertou-me o cinto, baixar as calças e os boxers o suficiente para me libertar, fazendo o meu sexo saltar como uma mola na sua direcção e fazendo-me corar de vergonha.
Desceu da bancada, agachou-se à minha frente, descalçou-me, despiu-me as calças e os boxers e empurrou-me para trás, fazendo-me sentar numa cadeira, ajoelhou-se no chão, à minha frente, entre as minhas pernas, começou a arranhar-me as pernas muito ao de leve, pelo lado de dentro, enquanto subia por elas com as mãos, passou-as ao lado do meu sexo enquanto continuava a subir e a fazer-me aquela espécie de tortura, beijou-me o umbigo e foi subindo para os meus mamilos, com toques de língua suaves e pequenos chupões que me fazias arrepiar por completo enquanto sentia os seus seios a roçar no meu sexo, sem nunca desviar os olhos dos meus, e depois começou a descer pelo mesmo caminho até que, de repente, senti a humidade quente da sua boca a envolver a minha glande, fazendo-me conjurar cada pequeno pedaço da minha força de vontade para não perder esta batalha, mas, de repente, engole-me por inteiro e a sensação foi mais do que eu podia aguentar, as sensações sublimaram-se, o mundo desapareceu por completo e o orgasmo chegou com uma força que me fez prender a respiração e atingir um ponto inédito para mim enquanto me diluía na sua boca, e senti, pela primeira vez, que podia alcançar o intangível, que o incompreensível se tornava claro, ainda que apenas por um breve instante, que se pode sentir a eternidade ainda que apenas por um instante, e após esse instante havia em mim a dualidade de sentimentos, a alegria efusiva de ter tocado essa eternidade e saber que estaria dentro de mim e a profunda tristeza por aquele momento ter acabado.
Quando os meus sentidos voltaram a sentir, quando as sensações acalmaram, consegui abrir os olhos, e vi-a, ainda sorvendo-me meigamente, e senti-me envergonhado.
-Desculpa! – disse como pude.
Ela parou, sorriu-me e respondeu:
-Não tem mal. Já esperava algo assim! – e depois lançou-me o olhar mais sedutor que tinha sentido e continuo – Mas ainda bem, porque vai tornar o que vem aí muito melhor…
E com isto, levantou-se, agarrou-me pela mão, levando-me até à sala, onde me fez sentar no sofá…

(continua)

Vizinha

Cresci numa zono semi-rural.
Para terem uma ideia, era hábito ir buscar o leite a uma vacaria que ficava bem perto. Era produto biológico, de certeza.
A quinta onde ficava a vacaria não pertencia ao dono das vacas, que era somente um caseiro. Era uma quinta razoavelmente grande, cheia de árvores de fruto, e que pertencia a um tal de Sebastião, um homem gordo, mal-encarado, de maus fígados e pavio curto. A casa estava fechada a maior parte do tempo, uma vez que o tal Sebastião vivia sozinho. Dizia-se que a mulher o tinha deixado…
…bem, dizia-se tanta coisa…
…mas o mais certo é que nem metade do que se dizia seria verdade!
A casa tinha um enorme terraço que era acessível por umas escadas do lado de fora e, quando não estava lá ninguém ao fim de semana ou durante o verão, a canalhada que se juntava ia roubar fruta ao pomar e comê-la para o tal terraço. E digo ao fim de semana e durante o verão porque era quando havia pessoal da minha idade por ali. O pessoal passava lá as férias de verão ou os fins-de-semana, porque todos moravam noutro lado qualquer. Eu era dos poucos que morava ali.
Claro que este hábito não agradava ao Sebastião, que quando vinha a casa e ia ao terraço o encontrava sempre cheio de restos de fruta e punha-se a gritar, para quem o quisesse ouvir, que se um dia apanhasse lá alguém que varria a tiro, fosse quem fosse…
Mas o Sebastião acabou por morrer cedo, e a casa ficou anos fechada.
Entretanto, como os caminhos eram longos a percorrer quando se queria ir de A para B, era normal saltar os muros e cortar caminho. Foi numa destas alturas que descobri que a casa já estava habitada.
Tinha os meus catorze anos (embora parecesse mais velho) e saltei o muro para cortar caminho através da quinta quando ouvi uma voz feminina:
-Olhe lá, que raio pensa que está a fazer?
Claro que me assustei. Olhei de imediato na direcção da voz, que vinha da casa e vi uma mulher no terraço. Não a conseguia ver bem, por causa do sol.
-Peço desculpa, … - respondi assustado - …só queria ir para a quinta ao lado e ia a cortar caminho para não ter de dar a volta toda…
-Mas não viu o muro?
-Vi sim. Paço desculpa mais uma vez. Não volta a acontecer.
E pirei-me rapidamente.
Nos dias seguintes vim a saber que era a filha do tal Sebastião. Vim a saber porque, como é óbvio nestes meios onde todos são “vizinhos” mesmo quando moram a três ou quatro quilómetros de distância, tudo se sabe! E, quando não se sabe, inventa-se!
Como eu morava a uns duzentos metros, comecei a vê-la com alguma frequência. Estava nos seus trintas, tinha um cabelo entre o louro escuro e o acobreado, era bonita sem ser espampanante.
Um dia, em conversa com a minha mãe, a senhora perguntou-lhe se não conhecia ninguém que lhe pudesse dar uma pintura a algumas partes da casa, uma vez que estava bastante má – pudera, esteve pelo menos uns cinco ou seis anos fechada – e que o marido estava sempre fora a trabalho, por isso era sempre algo que iam adiando…
…e a minha mãe, solicita, sem me perguntar nada, ofereceu os meus préstimos, andava eu ocupadíssimo, naquelas férias de verão, a jogar compulsivamente com o meu ZX Spectrum!
A contragosto lá fui pintar a casa da senhora, que aparecia volta e meia para ver como o trabalho estava a andar, mas fora isso raramente a via, excepto quando chegava de manhã e quando saia ao fim da tarde. E andei uma semana armado em pintor, coisa para a qual nunca tive muito jeito.
Ao fim do terceiro dia as coisas começaram a mudar ligeiramente. Ela, talvez por se sentir sozinha, começou a vir mais para o pé de mim e falávamos um pouco de tudo. Eu fumava, mas não tinha dinheiro para tabaco e ela, volta e meia, aparecia e dava-me um cigarro.
-Faz uma pausa. – Dizia-me, e eu acabava por ir com ela até ao tal terraço onde ficávamos um pouco à conversa enquanto fumava e descansava um bocadinho.
Foi-se revelando cada vez mais simpática e ultrapassando a minha timidez (sim, que ninguém me batia em timidez) e no final do trabalho já conseguia estar com ela e falar-lhe normalmente.
Claro que, como qualquer puto, era um autêntico contentor de hormonas descontroladas e ela parecia mais bonita e atraente a cada dia que passava. No entanto eu não deixava de ser isso mesmo, um puto, ainda que já tivesse o tamanho que tenho hoje (mais esguio, menos arredondado, é um facto, mas já tinha um valente porte) e tratava-a com a reverência que sempre me foi inculcada pela minha educação em relação às pessoas mais velhas. E ela tratava-me como um miúdo, não dando qualquer indício de se sentir incomodada ou embaraçada com a minha presença.
E chegou o fim da obra, mais cedo do que tínhamos pensado. Ela desculpou-se por não ter dinheiro para me pagar, uma vez que precisava ir ao banco e só iria no dia seguinte, mas perguntou-me se não me importava de receber no dia a seguir. Tendo-lhe dito que não me importava, ela convidou-me para lanchar no dia seguinte e disse que me pagaria então.
No dia seguinte vi o carro dela passar à frente do meu portão, perto da hora do lanche, e lá fui, para ver se recebia uns trocos.
Ela, acabada de chegar, ainda estava a tirar sacos com mercearias de dentro do carro e ainda não tinha mudado de roupa, e se ela já me parecia bonita, quase tive um baque ao vê-la. Usava uns saltos que lhe torneavam as pernas reveladas por uma mini-saia justa, uma camisa leve, semi-transparente que deixava ver o soutien na sua transparência e desabotoada em cima, revelando um decote que, de repente, me encheu a vista. Que diferença para as batas que normalmente usava e que lhe escondiam por completo as formas. O cabelo, apanhado num rabo-de-cavalo e uma leve maquilhagem acentuavam ainda mais a diferença. Fiquei estático e acredito que corado que nem um tomate devido às ideias que povoaram os meus pensamentos. Se ela reparou, fingiu que não.
-Estás aí,… - disse ela com um sorriso – desculpa, atrasei-me um bocadinho nas compras… Ajudas-me a levar os sacos para a cozinha?
Claro que ajudei!
Depois de estar tudo na cozinha, ela disse-me para me sentar enquanto arrumava as coisas que precisavam de ir já para o frio, que já prepararia um lanche para os dois. Assim fiz e fiquei a vê-la andar de um lado para o outro, o que me estava a perturbar bastante e me estava deixar desconfortável, sobretudo por causa da tremenda erecção que já sentia.
-Se quiser eu venho noutra hora… - disse-lhe meio envergonhado.
-Não, deixa-te estar que isto não demora nada.
Lá acabou as arrumações (cada vez que se baixava para apanhar alguma coisa ou arrumar algo na parte de baixo do frigorifico e espetava aquele rabo na minha direcção eu sentia o calor nas minhas faces), e lá acabou por pôr pão fresco, queijo, fiambre e algumas compotas em cima da mesa, bem como um sumo de frutas e sentou-se ao pé de mim. Começamos a lanchar e ela ia falando enquanto eu respondia com monossílabos.
-O que é que se passa contigo hoje?
-Não é nada.
-É, é. – respondeu ela prontamente – Estas estranho. Pensava que já eramos amigos…
-E somos.
-Então porque é que estas assim?
Lá me enchi de coragem…
-Nunca a tinha visto assim vestida, e a senhora fica muito bonita.
-Com estes trapos? Ora rapaz, deixa-te disso. Além disso, já não sou nenhuma estampa. Já lá vai o tempo…
Apetecia-me refutá-la, mas contive-me.
-…mas achas que me ficam bem?
-Sim!
Ela sorriu.
-Obrigada!
-De nada. – Respondi eu, aliviado por ela não ter levado a mal.
-Sabes, ainda me lembro de quando comprei esta camisa. Já tem uns anos. Na altura era mesmo uma estampa… - levantou a camisa, mostrando-me a barriga, agarrou as gordurinhas - …e ainda não tinha nada disto aqui…
-Ora, também não está gorda… - e não estava!
-Pois, mas antigamente fazia exercício, estava mais tonificada… estava como tu! – disse, tocando-me na barriga, que, por aquelas aturas era lisa e musculada… (saudades…!!!)
-Mas acho que não esta mesmo nada mal.
-Achas? – perguntou ela com um olhar divertido e agarrando-me a mão levou-a à barriga dela para sentir as gordurinhas superficiais.
-Acho!
Ela riu-se.
-Não,… - continuou - …já lá vai mesmo o tempo. Ainda me lembro quando estes… - disse ela pondo as mãos por baixo dos seios - …não precisavam do soutien para ficarem no sítio… Mas ainda assim, se calhar tens alguma razão, se calhar não estou mal de todo…
-Não, não está… - respondi eu, corado, já a imaginar as maiores loucuras e sem tirar os olhos do seu peito. Ela sorriu. Depois, começou a desapertar os botões da camisa, devagar, e quando chegou ao fim, abriu-a:
-Assim podes ver melhor. O que é que achas?
Eu olhava para o lado, envergonhado demais. O que é que eu lhe havia de dizer? Nem sequer sabia o que é que havia de sentir… Embora uma coisa fosse evidente, a minha erecção pressionava de tal forma o tecido das calças que começava a ser doloroso. Com a minha ausência de resposta ela continuou:
-Não estão muito mal, pois não? – e à medida que perguntava ia retirando os seios de dentro do soutien, revelando-os, grandes mas não excessivamente, com uma aureola pequena e redonda, num tom apenas ligeiramente mais escuro que a sua pele bronzeada, mas com uns mamilos enormes e pontiagudos que me mesmerizaram por completo e dos quais eu não conseguia desviar o olhar, tendo que fazer um esforço consciente para não parar de respirar!
Ela acabou de se desenvencilhar da camisa e desapertou o soutien, tirando-o, o que fez o seu peito descair naturalmente, mas não muito!
-Vês, antigamente eram mais rijos e empinados. Agora já não são tanto… - e pegou-me na mão, levando-a ao seu peito e colocando-a por cima do seu seio esquerdo – Vês?
Era a primeira vez que sentia o seio de uma mulher na minha mão e quase sentia a electricidade a passar da pele dela para a minha. Fiz tenção de retirar a mão, envergonhado. Ela agarrou-a firmemente no sitio onde estava com a sua mão esquerda, e com a direita tocou o meu mamilo, por cima da t-shirt, o que lançou um arrepio por todo o meu corpo.
Ficou algum tempo a olhar para mim, sem uma palavra, acariciando-me e mantendo a minha mão contra o seu seio. Observava-me. Eu não fazia a mínima ideia de como reagir.
-Nunca estiveste com uma rapariga?
-Não! – respondi eu envergonhado.
-Não tem mal. – disse ela com um sorriso – Há sempre uma primeira vez para tudo, não é?

(continua)

Acróstico

Foram-se as armas e os barões assinalados
Onde andam os heróis e os grandes feitos?
Deram à costa, mutilados os seus peitos
A gritarem a injustiça dos seus fados
-Onde andarão os Sebastiões desejados,
Se nem das brumas se atrevem a sair
E assim deixam a nação cair?

Naqueles dias… (III)


…o Leão, liberal como era, resolveu decretar o amor livre na selva!
A partir desse dia, toda a gente poderia ir com toda a gente.
A comunicar a sua decisão na assembleia da selva, houve alguém que disse:
-Pá, ó Leão, olha que isso ainda vai dar molho!
O Leão, sensato como era, pensou de si para si que era capaz de haver alguma verdade naquilo.
Discutiram todos juntos o problema e acharam que era melhor fazer as coisas por sorteio!
Assim sendo, todos os dias haveria um sorteio em que se juntaria um par completamente à sorte!
Fez-se logo ali o primeiro sorteio e…
…pimba, sai a Girafa e o Macaco!
Os amigos do Macaco foram logo ter com ele, cheios de inveja:
-Pá, isso é que vai ser…
-Hápoizé! – respondia o macaco com um sorriso manhoso e já com um brilho de luxúria no canto do olho.
-A Girafa, toda boazona, com aquele pernil todo e toda elegante…
-Hápoizé! – continuava o Macaco já a esfregar as mãos a pensar nessa noite.
E lá foi com a Girafa…

No dia seguinte o Macaco aparece todo completamente arrasado ao pé dos amigos!
-Xiça! A gaja deu-te uma sova… Isso é que foi, há?
-É páh, vocês calem-se, páh!
-Hehehe, dá para ver que isso foi de caixão à cova…
-Foi o caraças, páh! Atão não é que a puta passou a noite a dizer “Beija-me na boca, apalpa-me o cu, beija-me na boca, apalpa-me o cu…”

Naqueles dias… (II)



…andaba o Xenhuore pela Galileia quando bieram ter com ele az irmãz de Lázaro e lhe disserem:
-Xenhuore, Lázaro morreu!
-Maz morreu como?
-Óh Xenhuore, finou-xe! Exticouê o pernil!
-Atão lebái-me até ele..
E axim caminharem até que xegarem ao pé do xitiu onde o tinhem xepultado! Lá xegados o Xenhoure dixe:
-Retirái a pedra do tumulo!
-Mas o Xenhoure,… - dixe alguém - …ele já morreu bai pra três diax! Já fede!
-Máu! Mas eu num dixe para retirardes a pedra? Xe eu dixe, tá dito!
E eles axim o fizerem!
O Xenhoure recolheu-xe então num momento de oraxão e depois disse:
-Lázaro, lebanta-te e ianda!
Mas num acontexeu nada! Muitos pensarem que num tinha acontexido nada porque além de morto, sabia-se que Lázaro era tb meio mouco! O Xenhoure boltou a dixer:
-Lázaro, lebanta-te e ianda!
Mas continuou tudo quieto!
O Xenhoure, já um bocado agastado, gritouê:
-Lázaro, lebanta-te e ianda!
E Lázaro lá se levantou e andeu…

Nisto o sacristão dá um encontrão ao padre e corrige-o baixinho:
-Andou, estupido!
E o padre apressa-se a responder:
-Poix, andou estupido uns diaz, mas depois paxou-lhe!

Naqueles dias…

…o leão andava a ficar preocupado com o seu amigo elefante!
Desde que o elefante enviuvara que não era o mesmo. Andava sempre cabisbaixo e deprimido…
…andava sempre de trombas!
O leão, preocupado, e uma vez que era o rei lá do sítio, resolveu convocar uma assembleia dos animais da selva!
-Meus amigos, estamos aqui todos para tentar resolver a situação do elefante. Como sabem, ele não anda bem desde que perdeu a companheira, e qualquer sugestão é bem vinda, por mais disparatada que seja! Só através de uma discussão salutar acharemos uma solução para o problema!
Foram várias a sugestões que foram sendo apresentadas, mas todas foram sendo descartadas até que alguém disse:
-Porque é que não o juntamos com a ovelha? Ela também ficou viúva há pouco tempo, passa a vida a ruminar os pensamentos naquela cabecinha… Se calhar fazia bem aos dois!
Fez-se silêncio!
Mas logo a seguir alguém contrapôs:
-Pá, um elefante e uma ovelha, não dá!
-Claro que dá! Há o carinho, o campanheirismo…
-Mas é um elefante e uma ovelha! É impossível…
-Não é…
-É…
De tal forma foi a coisa que o leão acabou por convocar um referendo!
Foram a votos e ganhou o sim!
Apresentaram a ovelha ao elefante, abos gostaram da companhia um do outro, começaram a namorar e, inevitavelmente, chegou a altura do casamento.
Foi reservada a melhor suite do hotel da selva para a lua de mel, o casamento deu-se com pompa e circunstância e, à noite, lá foram os dois…
Fora do hotel continuavam os partidários do sim e do não em discussão acesa, que durou até às quatro da manhã, quando o elefante sai do hotel a chorar!
Os partidários do não fizeram logo subir a sua voz!
-Nós sabíamos! Não deu, pois não?
E o elefante respondeu, por entre soluços:
-D… Dar at…até deu! M… mas quando e… eu m… me vim e… ela explodiu!

Morais da história:
-Nem sempre a maioria tem razão!
-Nunca juntar uma ovelha e um elefante!

Mergulho



Suguei o fumo quente do cigarro e senti-o a arranhar-me levemente a garganta enquanto se encaminhava para os meus pulmões.
Olhei-a nos olhos. Estava linda, como sempre estava quando a via.
Desviei o olhar dela, e olhei pela janela. Parecia que esta, neste momento, me separava do mundo lá fora e fazia com que não houvesse qualquer contacto. Havia duas realidades distintas. A que existia somente dentro destas paredes e a que existia lá fora. Ambas estavam alheias uma da outra.
Abri a janela e deixei que os sons do outro mundo invadissem o meu enquanto proporcionava um escape ao fumo que saia dos meus pulmões. Quase podia sentir a nicotina a invadir o meu sistema nervoso e a deixa-lo ligeiramente mais descontraído.
Ela continuava a olhar para mim, com o seu olhar doce, apaixonado. Era linda. Puramente linda, e apesar dos poucos metros que nos separavam, podia sentir a sua pele contra a minha, o seu corpo, as suas emoções, a sua alma. Nunca estávamos separados, e ambos sabíamos disso.
-Conta-me. – Acabei por lhe dizer.
-Queres que te conte?
-Sim. – Respondi-lhe – Com pormenores de requinte.
-Sabes que não é fácil.
-Sei.
-Espera, entende, não é que não queira, mas porque foi tão diferente e teve uma envolvência tão grande que me é difícil por tudo em palavras, percebes?
-Sabes que percebo. Mas ainda assim gostava que tentasses.
Dei mais uma passa longa olhando-a sempre. Ela não desviou o olhar de mim. Vi que procurava as palavras para o mais difícil: começar. Eu olhava-a. Sabia o efeito que teria nela reviver a recordação. Ela sabia o efeito que teria em mim.
-Não sei como começar…
-O principio costuma ser um bom local. – Disse eu com um sorriso. – Conta-me o que se passou quando chegaste lá.
Ela hesitou um pouco, ainda em busca de palavras. Por fim, decidiu-se.
-Já te disse que a casa dela é a beira da praia?
-Sim…
-Bem, cheguei lá já perto da hora do almoço. Entrei e cumprimentámo-nos normalmente, como sempre. Mas sabes, parece que já havia uma electricidade no ar, algo de diferente.
Acenei que sim com a cabeça. Era-me absolutamente familiar essa sensação.
-Ela é assim toda daquele tipo de comidas leves, saladinhas e assim. Eu ainda a ajudei a pôr a mesa. Sentamo-nos para comer e fomos falando, mas se queres que te diga até me esqueci do comer. Havia mesmo algo de diferente na maneira como olhávamos uma para a outra, muita troca de olhares, muita sedução mesmo. A maneira como ela me olhava deixava-me completamente sem saliva. Mas não nos tocávamos. Acho que houve frases na nossa conversa que foram ficando a meio. Ainda assim fomos tentando parecer o mais descontraídas possível. Não havia nada de explícito, sabes.
-Calculo. Havia de certeza uma certa insegurança de ambas as partes, não?
-Mais da minha, acho. Fomos falando e inevitavelmente acabamos por falar de sexo . No meio da conversa ela confessou já ter estado com outra mulher o que acho lhe dava a tal segurança…
-Mas não duvides que, por mais que parecesse, a insegurança estava lá.
-Pois, se calhar.
-Sabes que há sempre insegurança num jogo de sedução. É isso que o torna mais delicioso.
Ela sorriu.
-Sabes, acho que tens razão.
Puxei mais uma passa do cigarro e sorri-lhe.
-Eu tenho sempre razão. Excepto quando não tenho, claro.
Ela soltou uma gargalhada. Adoro o som das suas gargalhadas, a maneira franca e sincera como se ri, como é. A sua mera existência prova que, afinal, o universo é justo.
-Queres que eu continue? – Perguntou-me.
-Sem qualquer sombra de duvida.
Ela esperou um bocadinho enquanto organizava as suas recordações. Depois continuou.
-Bem, no meio disto tudo chegámos à sobremesa. Contei-te que levei uma mousse de chocolate, não contei?
Assenti com a cabeça para não a interromper.
-Pois, … - continuou – fomos comendo e brincando com a mousse. Parecíamos duas gaiatas, a sério. Acabamos todas lambuzadas, como é óbvio. Sabes que nessa altura só me lembrava de ti, do que tínhamos falado.
Apaguei o cigarro e sentei-me à sua frente. Apenas a queria ouvir. Ouvia-a e sentia o que ela tinha sentido, como se os seus sentimentos se pudessem transmitir por palavras. Essa era uma das coisas que nos unia, esta forma de nos entendermos, de sabermos como está do outro apesar de tudo, de sentirmos as tristezas, as alegrias, as excitações, por mais separados que estejamos no espaço. Cada vez mais olhava para ela e intuía, ou mesmo, sabia que para nós não havia espaço nem tempo. Nem sequer havia nós. Éramos apenas as duas faces distintas da mesma moeda numa procura constante. Cada experiencia, vivencia, fosse o que fosse apenas contribuía para que ambos crescêssemos em conjunto. Mesmo as coisas absolutamente banais ganhavam uma dimensão transcendente. Ela continuou.
-Ela levantou-se e foi buscar qualquer coisa para nos limparmos. Eu estava mesmo uma desgraça, completamente lambuzada de chocolate.
-Devias estar deliciosa…
-Quando voltou, trazia um guardanapo na mão e limpou-me a boca devagar, sabes? Mas sempre assim a olhar-me, com os olhos nos meus. Foi ai que me deu um beijo, de repente, mas com um carinho, uma suavidade, assim com muita língua, sabes?
-Foi diferente?
-Completamente, amor, foi tão suave, tão doce, com tanto tempo…
-E diz-me, como é que foi ter um primeiro beijo outra vez?
-Amor, este foi muito melhor que o primeiro, sabes?
Adoro quando ela me chama “amor”.
-Foi um primeiro mas com experiencia prévia, não?
-É, acho que é isso.
-Calculo que te tenha feito alguma confusão, na altura.
-Só nos primeiros 2 segundos, porque depois esqueci-me completamente de tudo. Sabes, ela estava em casa, estava mais à vontade, já tinha estado com outra mulher. Foi muito meiga, e começou a beijar-me por todo o lado, por cima da roupa. Ela é assim, muito doce.
-Se bem te conheço, logo após esse primeiro beijo ficaste nas nuvens, não?
-Fiquei surpresa, mas com tanta vontade…
-Surpresa? Mas não estavas à espera do beijo?
-Estava à espera e queria, mas sabes como é a primeira vez, nem sabia muito bem o que fazer. Mas ela foi fantástica e começou-me a mimar de uma maneira, sempre a olhar-me no fundo dos olhos. Deixou-me solta, e comecei a fazer-lhe o mesmo. Ela apetecia-me cada vez mais.
Eu ouvia-a e cada palavra dela fazia com que ela me apetecesse mais. Naquele momento desejava-a. Sentia o quanto tinha sido intensa a experiência que ela tinha vivido e deliciava-me com essa intensidade que passava para mim. As suas palavras excitavam-me.
-Ela, enquanto me beijava começou a acariciar o meu peito, os biquinhos das minhas mamas, o meu corpo, a pôr a mão em cima do meu sexo, sempre assim por cima da roupa. Eu ia-lhe fazendo o mesmo e a tesão estava demais, amor. Só me apetecia tê-la. Queria-a. Ela encostou-se à parede da sala e deu-me o seu sexo para eu acariciar., e volta e meia dava-me a língua para eu chupar. Sabes, no inicio foi mais ela a ter a iniciativa, mas depressa ela me começou a apetecer tanto que eu não me contive. Despi-a da cintura para cima e comecei a lamber e chupar os bicos das mamas. Ela agarrou-me a cabeça por detrás e só me dizia que a minha boca era mágica.
-Ela tem razão, sabes? A tua boca é mesmo mágica.
Ela limitou-se a sorrir com o meu comentário e continuou.
-Ela dizia que me amava e que não parasse de a chupar. As mamas dela estavam tão boas…
-Diz lá que sentir um mamilo de mulher na boca e chupá-lo devagar não sabe bem?
-Mesmo muito, bem, e estive ali montes de tempo a dar-lhe aquele mimo todo, sempre bem devagar. Estivemos assim montes de tempo, e ela só me pedia que não parasse. E, acredita, eu não queria mesmo parar. Só parava para lhe beijar a boca, de vez em quando. As tantas foi ela que se agarrou ao meu peito e começou a chupar-me…
Olhei para o peito dela com um olhar carregado de desejo. Apetecia-me levantar-me ajoelhar-me no chão, em frente a ela, e beijá-la, agarrá-la, sentir o toque dela. Contive-me.
-…e lambia-me as mamas por todo o lado. Agarrava-mas e juntava o mais possível os bicos para passar de um para o outro com a língua. Amor, quase que me vinha nessa altura, a sério. Estive tão perto do orgasmo. Sabes, senti-me tão mais mulher naquele momento…
Partilha. Sem sombra de dúvidas era uma palavra que nos definia. Partilhávamos tudo, até estes momentos por demais íntimos, aqueles momentos que são quase sagrados e que guardamos só para nós. Como poderíamos evitar de o fazer, sendo um só como éramos?
-Sabes, … - continuou ela - …houve uma altura em que ficamos as duas completamente nuas deitadas no sofá dela. Ela agarrou a minhas mamas como quem não quer largar. Depois começou a roçar as dela nas minhas, assim biquinho a biquinho, ao mesmo tempo os nossos sexos se colavam e roçavam um no outro o as nossas bocas se colavam de uma maneira inexplicável, se fundiam uma na outra e as nossas línguas se massajavam e se davam e as nossas salivas se misturavam…
Neste momento eu já não dizia nada, nem sequer reagia. Simplesmente olhava-a. Tinha a noção de que o meu olhar devia estar completamente carregado com o desejo que sentia por ela, tal como entre as minhas pernas e meu membro crescia e tinha a perfeita noção das hormonas a fluírem na minha corrente sanguínea. A vontade que tinha de me tocar era imensa. Nos olhos dela, como um espelho via que a vontade dela era igual à minha, mas ambos nos contínhamos, para que ela continuasse sem distracções, o que só conseguia aumentar ainda mais a nossa excitação. Levantei-me deixando a minha obvia erecção transparecer e fazendo-a ficar em silencio por um momento, com os olhos fixos. Acendi outro cigarro e o fumo desviou a minha atenção apenas por uns meros instantes. O estado em que me encontrava precisava de ser acalmado. Queria, sobretudo, continuar a ouvi-la.
Ela acabou por continuar ao aperceber-se que apenas me tinha levantado para fumar.
-Sabes, às tantas acabamos por ficar assim de lado, encaixadas uma na outra, com os nossos sexos colados um ao outro, os nossos clítoris a roçarem-se, os nossos leites a misturarem-se e as nossas bocas incasáveis à procura uma da outra. Foi mesmo bom, sabes, …
A linguagem dela ia mudando, pouco a pouco, à medida que a sua excitação crescia e fazia crescer a minha. Era óbvia a tesão que ela sentia apenas por recordar.
-…encaixámos tão bem. Mas às tantas ela desceu e começou a lamber-me pernas as pernas e os pés de uma forma absolutamente deliciosa. Começou só por aflorar os lábios um pouco acima do meu clítoris, mas sem lhe tocar e foi descendo para virilhas. Esteve aí muito tempo, mas nunca sequer me tocou no sexo, o que me estava a deixar louca. Só me disse para me deixar estar quieta porque me queria dar prazer. Eu fiquei e ela fez-me de tudo, sabes? Massajou-me tão bem o sexo com os pés, que nem sei que te diga. Só me apetecia fazer-lhe o mesmo, mas ela dizia-me, “A seguir és tu”. Deixei-me ir. Deixei-me completamente assoberbar pelo prazer que sentia, sabes? Ela beijou e lambeu cada pedacinho de mim, não deixou um milímetro por beijar, nada, mesmo nada…
-Deu-te um banho de língua?
-Completamente. Muito devagar, de uma forma completamente extemporânea fez de mim o que queria até que eu não aguentei mais e tive um orgasmo maravilhoso e ela só sorria. Amor, é bom. Tão bom que não consigo descrever…
-Eu sei. Não precisas.
-Eu sei que sabes. Amor, quando me vim estávamos novamente com os nossos Sexos completamente colados, a roçarmo-nos, e as nossas línguas uma na outra. Ela sorriu de uma forma… Amor, é mesmo muito bom, sabes? Eu quero estar com ela outra vez…
Ela olhava-me neste momento com um misto de incerteza. Era claro a forma como de alguma maneira procurava a minha aprovação. Mas não precisava dela. Já a tinha, sempre a tivera.
Sempre lhe tinha dito que o facto de estar com outra mulher a ia mudar, e lhe ia mudar a visão que tinha do mundo. Não porque fosse algo de transcendente, mas porque ela o ia encarar como se fosse. Sabia que quando ela o fizesse, teria de ser com alguém a quem amasse. Era obvio que a amava, não da mesma forma como nos amávamos, mas nunca há duas formas iguais. Desde aquele dia que a mudança nela era evidente, coma sua feminilidade completamente assumida, mais mulher agora que antes, mais segura, mais sensual, mais tudo. E este tudo era meu, mas eu não o queria de uma forma exclusiva ou possessiva. Sempre tinha sido livre e sempre quisera que ela o fosse também. Neste momento éramos um do outro com a plena liberdade de o havermos escolhido.
-Se bem te conheço ficaste passava quando tiveste o orgasmo, não?
-Fiquei para morrer. Só me apetecia estar ali, sempre a fazer amor, sabes? Só me apetecias ali…
Aquela pequena frase disse tudo.
-Ela levantou-se para ir à casa de banho e eu fui atrás. Ela acendeu um cigarro e soprou o fumo para o meu clítoris. Amor, o meu sexo estava tão molhado… Eu nem sabia o que fazer de tão bem que estava, sabes? Sentei-a na banheira enquanto ela fumava, pus-me no meio das pernas dela e comecei a lambê-la. Eu até espalmava a língua para a lamber melhor…
-Amor, sabe bem lamber assim, não sabe?
-Ai, lindo, tão bem…
-Adorava lambê-la junto contigo…
-Eu quero que a lambas junto comigo!
A minha excitação ultrapassava os limites do tolerável. O simples facto da pele do meu membro roçar nos boxers quase me fazia explodir num orgasmo que eu não queria sentir agora. Fazia todos os possíveis por me descontrair e relaxar, mas os meus sentidos trabalhavam cada vez mais de uma forma autónoma. Sabia que ela neste momento padecia do mesmo mal. Um simples toque podia fazê-la vir de uma forma intensa, e nem precisava ser um toque de cariz sexual. Neste momento qualquer movimento teria um cariz sexual. Eu evitava até olhá-la e olhava para a paisagem do mundo que estava lá fora, como se se tratasse de uma moldura com uma fotografia em movimento. Sabia que o seu simples olhar me poderia lançar para o prazer que eu tanto queria, mas não ainda.
-Sabes, ficamos ali na casa de banho a fazer tanto… Ela é mesmo muito meiga, sabes, e debruçou-se sobre o lavatório e empinou o rabinho para mim. Comecei a lambê-la assim, por detrás, dava pequenos beijos e ouvia os gemidos dela. Dizia-me às vezes “quero-te”. Eu deliciei-me com as pernas e o cuzinho. Tive imenso tempo a lambê-la assim, amor, e fiquei outra vez com uma tesão… Ela tava completamente doida de prazer, dizia-me coisas lindas, amor, e dizia que me queria fazer mais. Mas eu não deixava. Não era isso que tínhamos combinado.
Sorri-lhe.
-Ela estava doida de tesão e eu fiquei outra vez por isso mesmo, sabes? Ela só me pedia a língua na boca dela. Eu agarrei-a pela mão e levei-a para o sofá. Sentei-a e comecei a lamber-lhe os pés, a saboreá-la, a chupar os dedos, deixá-los molhados com a minha saliva. Depois passei o pé dela no meu peito, e finalmente no meu sexo. Ela gemia tanto, amor. Dizia que nunca a tinham mimado tanto, sabes?
Eu sorri, não para ela, mas desta vez para com os meus pensamentos. Havia tanta gente que passava por uma vida inteira sem ter um único momento em que se sentisse verdadeiramente amada, verdadeiramente desejada. E o mais interessante é que na verdade ninguém dava por isso, porque o que tinham, julgam eles, é muito. O problema é que quando temos um único momento como este todos os outros se reduzem a uma insignificância extrema, perdem por completo o significado. A vida é, na verdade, para quem ama, para quem vive. Os outros limitam-se a sobreviver dia após dia sem sequer terem a consciência disso!
-Disse-lhe que se deixasse estar, que não pensasse sequer em mim, que eu lhe queria dar tudo. Encostamo-nos e foi a minha vez de a lamber e beijar toda. Lambi-lhe a cara, devagar, e fui descendo, parei nas mamas dela e deliciei-me. Ela só gemia. Fui descendo e sentei-me no chão para, com os pés, começar a masturbá-la devagar. Masturbava-a e lambia os meus dedos. Tocava-me para ela ver. Comecei a meter um dedo no sexo dela e ela só pedia para não parar. Ela tem assim um monte de Vénus como o meu, todo rapadinho, tão macio. O leite dela molhava-me por completo o pé. Foi então que ela me pediu para provar. E eu dei-lhe… só isso. Então fomos uma para cada ponta do sofá e ficamos assim, a masturbarmo-nos uma à outra com os pés e a darmos assim a provar à outra. Acreditas que assim, com os pés foi bom?
-Acredito.
A mera imagem mental do facto provocava-me uma excitação quase incontrolável.
-Tínhamos todo o tempo do mundo e só queríamos dar. Depois levantei-lhe as pernas e fiquei com ela ali, completamente exposta para eu lamber. Ela segurava nas pernas bem para trás e eu lambi-a toda. Queria o cuzinho dela na minha língua. Lambi-o todo, sempre bem devagar. Ela dizia”Não pares! Quero muito!” .
-Foi a primeira vez que a fizeste vir com a tua boca?
-Sim. Ela ali toda exposta, virada para mim era tão boa. Quando lhe meti a língua no cuzinho ela abanou as ancas e deu um berro “EU NÃO AGUENTO! QUERO DAR-TO!”. Eu muito devagar lambia-a tanto que ela se veio ali e chupei o leite todo… Tens de chupar o leite dela, amor. É bom…
-Quero… - limitei-me a dizer.
-Provei-a toda e subi com a minha cara inundada com o leite dela, para a beijar. Então, depois do orgasmo dela, delicioso, estivemos ali no chão, coladinhas e deliciadas com as nossas línguas. Ali pensei tanto em ti que não resisti a dizer-lhe que me apetecia tanto que ali estivesses. Ela olhou-me e perguntou se tu quererias também com ela ao que eu respondi “claro”... Não falamos mais, a não ser com os olhos. A partir daí já só queríamos fazer amor, muito, e ela começa a massajar o meu clítoris devagarinho. Desceu para mo lamber. Achei que queria fazer-lhe o mesmo e viramo-nos de lado. Fizemos um 69 de lado com os sexos na nossa cara e com uma das pernas levantada. Não queria que acabasse. Não sei se me sabia melhor lambê-la ou ser lambida por ela. Depois quis chupar-lhe os dedos outra vez e chegamo-nos para cima. Sem dizermos nada ficamos ali a chupar os dedos uma da outra, como se fossem glandes nas nossas bocas. Eu chupava um de cada vez, deixando-me estar mais tempo no dedo grande, que me enchia mais a boca e que me lembrava que só me apetecia estar ali a provar-te e a chupar-te. Quando já não aguentávamos, levantamo-nos e, de pé, beijamo-nos e metemos os dedos nos sexos uma da outra…
Aproximei-me dela e pus-lhe a mão na face. Ela parou e olhou-me. Suavemente pousei os meus lábios nos dela, e deixei que a minha língua deslizasse para a sua boca e senti o sabor dela.


Quebramos o beijo finalmente. A minha vontade dela era enorme, a minha excitação, a esta altura, algo que me estava a deixar louco. Mas ela ainda não tinha dito tudo, havia ainda muito por dizer e eu queria entende-la, sabê-la, conhecê-la cada vez mais.
Afastei-me novamente para a janela e acendi outro cigarro. Tinha que dar uma pausa aos meus pensamentos, ao meu corpo.
Ela percebeu isso e ficou em silêncio, quieta durante algum tempo. Olhei para ela ao fim de algum tempo e ela percebeu que podia continuar.
-Sabes, o que se passou entre nós duas foi tão intenso que não encontro palavras. O final daquela noite foi muito lindo. Fiquei a olhar para ela e senti-me tão bem, amor, sem culpas. E sei que ela sentiu o mesmo, sabes? Demo-nos tanto, mas tanto…
Na maneira como não descolava o olhar dela deu-lhe a entender que eu queria, aliás, precisava que ela continuasse.
-Depois de ter feito amor daquela maneira só me apetecia ficar assim sempre abraçada a ela. Acho que soubemos as duas, ali, que teríamos que estar juntas assim outra vez.
-Nesse momento acredito que estivesses mesmo apaixonada por ela, não?
Houve alguma hesitação na sua reacção, como se tentasse responder com a verdade mas não me quisesse melindrar. Olhou-me nos olhos e percebeu que nada do que me dissesse faria com que isso acontecesse. Sentiu finalmente que a minha aceitação dela era total, que nada do que me dissesse poderia magoar-me ou melindrar-me. Sentiu que eu apenas queria que ela fosse feliz, que amasse, que se sentisse amada. E eu, indubitavelmente, incondicionalmente, amava-a naquele momento, como sempre. Continuou.
-Sim estava muito e só lhe queria bem. Deitamo-nos as duas no sofá, encaixadas uma na outra, o meu peito nas costas dela e ficamos assim montes de tempo. Ela agarrou a minha mão e levou-a ao seu peito. Ficamos assim imenso tempo. Nem tenho noção de quanto. Amor, foi tão lindo e bom…
Eu simplesmente assentia com a cabeça. Percebia-a perfeitamente. Cada vez mais.
-Eu dava assim beijos e trinquinhas na parte de trás do pescoço dela, ambas de olhos fechados… Só nos apetecia fazer amor daquela maneira simples e quase infantil. Os nossos beijos eram muito mais lentos e doces com o sabor dos nossos sexos. Eram beijos de amor mesmo e apesar de muito excitantes, eram de mimo, sabes? As nossas bocas eram uma só. Às vezes até parávamos para nos provarmos melhor, sabes?
Os meus olhos diziam apenas “apeteces-me tanto…”, mas a resposta que lhe dei foi diferente.
-Já tive essa sensação contigo...
-Sim já a tivemos…
O ar com que ela me respondeu deixava que eu visse que neste momento talvez fosse uma boa ideia chegar-me ao pé dela, tocar-lhe. Sabia que ela o queria muito, mas eu queria espicaça-la ainda mais, tocar-lhe, não o corpo, mas a alma, torturá-la. O rubor das faces dela denotava o que sentia, bem como a maneira como os seios se empinavam e os bicos das suas mamas se faziam notar cada vez mais através do tecido fino que os cobria. O desejo que estava nos meus olhos aumentava ainda mais o dela, mas a minha recusa em ceder excitava-a. Eu gostava de a ver excitada, adorava amaneira como os seus olhos me estavam a seduzir, a implorar para que me chegasse ela. Mas não o fiz, porque sabia que se o fizesse aquilo que ela me contava perderia a intensidade. Ela resignou-se e acabou por continuar.
-Estávamos mesmo felizes e exaustas também. Parecia que o tempo tinha parado para nós e não existia mais nada… Acho que conseguíamos estar neste estado para sempre, com linguados bons e calmos… - ela sorriu com a recordação, e o seu rosto iluminou-se com uma certa nostalgia - Depois de termos feito amor daquela maneira sublime, ela parecia uma menina. Fechava os olhos e sentia prazer só num simples toque meu. Pedia-me para não ir embora ao que eu respondia que fossemos estando até nos apetecer. Amor, as nossas bocas não descolavam e ela beija tão bem, mas tão bem e a língua dela é tão boa de chupar…
Olhei-a enquanto ela me afirmava aquilo com uma clareza de pensamento quase assustadora. O obvio tornava-se ainda mais obvio e o improvável à não muito tempo atrás transformava-se em certeza.
-Amor os nossos beijos, depois de nos termos lambido e chupado tanto, eram deliciosos pois as nossas bocas só sabiam aos nossos sexos…
Depois de ter conseguido que a minha excitação acalmasse um pouco, ela voltava com uma certa dose de vingança. Sentia a minha pulsação nos meus ouvidos, e uma extrema necessidade de me tocar ou ser tocado. Queria, precisava mesmo de sentir um orgasmo. Creio que foi notório o meu estado. Ela observou-me e sorriu. Houve um leve gesto da parte dela que indiciou a vontade que tinha de me tocar também. Mas depois ela resolveu fazer exactamente o que eu lhe estivera a fazer todo este tempo e retraiu-se. Ao invés deixou a sua mão começar a passar pelo seu corpo ao de leve, detendo-se no seu peito. A visão era absolutamente perturbadora. O seu sorriso tornou o seu olhar ainda mais sedutor. Convidava-me. Jogávamos os dois. Alguém teria de ceder primeiro. Ela soltou um pequeníssimo gemido, seguido de um suspiro profundo enquanto passava a mão por dentro do soutien e acariciava o seio. Eu sentia gula por ela. Pura luxúria. Ela continuou.
-Amor, depois de tantos orgasmos, de tanto amor e tanta tesão, só queríamos estar sossegadinhas a tocar o corpo uma da outra. Antes de ficarmos de vez sossegadinha e eu quase adormecer, ela pediu-me só mais uma coisa ao que eu acedi. Pediu-me para me por de pé e não fazer nada. Fiquei de pé e ela começou a beijar-me pelo corpo todo, muito devagar, e só parou no meu peito e depois no meu sexo. Assim, só por cima, com beijinhos pequeninos. Depois abraçou-se á minha cintura, encostou a cabeça ao meu ventre e disse que me adorava...
Compreendi tudo finalmente. Mesmo tudo. Através de toda a excitação que sentia como algo de carnal e que ameaçava cegar-me os sentidos, tudo fez sentido.
-Eu, como ela me tinha pedido, não fazia nada, mas nessa parte puxei-a para cima e dei-lhe um abraço apertado, tão bom… Beijamo-nos nos lábios e deitamo-nos sem dizer nada. Estivemos algum tempo assim, sem dizer nada, até que a meio da noite eu lhe disse que devia ir embora. Ela só disse que entendia, mas pediu-me que eu não fugisse para sempre. Eu sorri. Sabes, apetecia-me ficar, mas também tinha a certeza de que, inevitavelmente, voltaríamos a estar.
Aquilo que ela tinha para me contar tinha acabado ali. Sabia-o. Sabia haver mais, mas também havia tempo e não se pode descobrir o mundo ou viver a vida num único dia. Para além da excitação que sentia e da vontade de lhe tocar precisava de arrumar as ideias, de me arrumar a mim, de perceber o que tinha havido entre estas duas mulheres. Mas tinha já compreendido que aquilo que se passara entre elas não era entre duas mulheres mas sim entre dois seres. Ela estava agora mais mulher, mais sedutora, mais forte, mais segura do que alguma vez estivera. Seduzia em cada palavra, não escondia o olhar nem a sua vontade. Ela sentira-se verdadeiramente amada e desejada. Ela amara e desejara. Era para sempre um ser diferente do que fora antes.
Acendi outro cigarro e inspirei profundamente. Já não me lembrava de fumar tanto há muito tempo. Refugiava-me do seu olhar na paisagem de lá de fora. Amava-a. Profundamente. Ela interrompeu o meu silêncio e os meus pensamentos.
-Sabes o que me passou agora pela cabeça?
-O quê? – Perguntei eu saindo do turbilhão dos meus pensamentos.
-Claro que adorava fazer amor contigo e com ela, mas imaginei-me sentadinha num canto a ver outra mulher dar-lhe prazer. Sentir que mais alguém a quer, entendes? Ver outra mulher dar-lhe tanto quanto ela merece, aprender coma as duas, excitar-me com isso. Vê-la ter o seu peito mimado e o seu sexo chupado com tesão e eu estar a masturbar-me, a passar os meus dedos por cima das cuequinhas e estar só a vê-las, a ouvi-las gemer. Sentir que ela sabe que estou ali para ela. Senti-la molhar-se noutra boca. Senti-la com vontade de mim e dar a outra mulher… Gemer eu, baixinho, só para ela ouvir…
Apaguei o cigarro e sentei-me.
-Sabes, eu já vi em duas ocasiões distintas duas mulheres a foder, mas a foder mesmo, porque fazer amor é outra coisa completamente distinta. Mas contigo e com ela foi completamente diferente. Sei que foi, e cada vez mais me apercebo disso. Ela não quis estar contigo por seres uma mulher, por ser diferente por ser uma experiência nova, o tabu, o fruto proibido. Ela quis estar contigo por seres tu.
Ela olhou-me algo surpreendida, como quem não esperava mais nada que não fosse o eu levantar-me e toma-la nos braços. Eu continuei.
-Sei que, pelo menos a principio, quiseste estar com ela por tudo aquilo, mas depois acabaste por te aperceber que havia mais do que isso e a questão de ser uma experiência proibida acabou por se desvanecer e apareceu algo de que não estavas à espera. Acredito que seria excitante vê-la com outra mulher, mas sabes se ela o quereria? Ou será que ela quis estar contigo por tu seres quem és, e porque ela já sentia algo por ti que não era só uma atracção?
Ela parou para pensar. Apercebi-me de que a confrontei com sentimentos que ela ainda não tinha ainda aprofundado dentro de si, algo que sentia à superfície mas que tinha algum receio de encarar.
-Amor, não sei o que ela quereria. Só queria que ela tivesse muito mimo que não só o meu. Acho que ela me escolheu porque represento algo para ela, mas eu queria tanto que ela se sentisse desejada, que ela visse o quanto é maravilhosa. – Ela parou por um momento e vi a melancolia que lhe veio aos olhos, a saudade, a tristeza e uma lágrima escorreu pelo seu rosto – Sabes, fizemos amor de uma forma tão simples e linda e eu queria dar-lhe tudo mas tenho medo de ter sido tão pouco…
-E tu sabes porque é que tens medo que tenha sido pouco? Bem tu sabes, mas já interiorizaste o porquê?
Ela encarou-me. Eu olhei-a bem no fundo dos seus olhos. As lágrimas começaram a soltar-se livremente e a deixar pequenas linhas húmidas no seu rosto. Respirou fundo, como se todo o ar do mundo não chegasse, e respondeu:
-Sei que tenho medo de ter sido pouco porque a amo e só quero que ela esteja bem.
-E já lhe disseste isso? Já lhe disseste “Eu amo-te!”?
-Não, não disse. Assim não disse.
-Porquê? Tens medo de ouvir um”Eu também te amo…”?
-Tenho!
-Tens medo porque achas que isso mudaria algo em ti? Ou nela?
-Tenho medo ter estas saudades dela e vontade de me apetecer estar sempre a fazer amor com ela. Tenho medo que ela me queira da forma como eu acho que me quer…
-Acho que devias pegar no telefone, ligar-lhe, e quando ela atendesse dizeres-lhe"Olha, sabes que mais? Eu amo-te e sou feliz por isso…". Em relação à forma, acho que isso não é o mais importante. Eu amo-te e somos o que somos, estamos como estamos.
Aproximei-me dela e limpei as lágrimas do seu rosto com os meus dedos, com suavidade. Ela olhou para mim e mais do que desejo, nos seus olhos eu via o amor que esta mulher, que este ser sentia por mim.
-Sabes, não existe nenhuma lei no universo que diga que só podes amar uma pessoa de cada vez. Nós não funcionamos assim, por muito que nos queiramos convencer do contrário. Ama-a. Eu sei que, mesmo sem a conhecer, a amo, só por ela ser o que é para ti…
Ela abraçou-me e ficamos assim um longo tempo, com os nossos corpos colados, fundidos num só que éramos na realidade. Ela, por fim, quebrou o silêncio.
-Sabes, … - disse - …acho que bom mesmo não era com outra mulher, mas contigo. Podemos dar-lhe tudo, amor…
-Sim, podemos…
Cedi, puxei-a para mim, beijei-a com a intensidade, a paixão, e a tesão que estavam em mim, acumulados durante todo este tempo. Amei-a. Dei-me a ela. E fizemos amor de uma forma doce, tão doce…
…e fomos um só…




Como já há algum tempo que não aparecia algo assim por aqui... :)


Há já algum tempo, que ela ambicionava realizar aquela fantasia! Mas sentia, pela parte dele alguma relutância em satisfazer-lhe esse desejo…
Até que decidiu ser ela própria a tomar a iniciativa.
 Naquela manhã, acordou com um desejo enorme, o despertador tocou no melhor momento do sonho que estava a ter!! 
- Merda, tinhas de tocar agora!!! - pensou 
Ainda meia atordoada, sem saber se tinha sido um sonho ou não – as consequências do mesmo eram bem visíveis – levantou-se dirigiu-se à cozinha, colocou café na máquina, o pão na torradeira e fez o seu habitual sumo de laranja. 
Sentou-se, a tomar o pequeno-almoço, o seu primeiro ritual do dia. Pensou no dia que ia ter pela frente…
Enquanto tomava duche, veio-lhe à mente novamente o sonho que tinha tido, e como desejava que o mesmo fosse real! Sentiu a temperatura subir à medida que as suas mãos passavam a espuma pelo corpo. Tocou-se. Sentiu um arrepio delicioso por todo o corpo. Nunca tivera o hábito de se tocar, mas soube-lhe bem, sentir-se…
Teve de se despachar porque já estava na hora de sair e não queria chegar atrasada ao trabalho. A pontualidade era uma das suas qualidades.

Foi todo o caminho a pensar no sonho, e no quanto queria realizá-lo…
No escritório, o dia decorreu da mesma forma rotineira, despachou algum trabalho acumulado e quando viu que já não tinha mais ninguém por perto ligou o Google e foi pesquisar os Motéis da zona para ver se havia algum como aquele que tinha visto no sonho. Nunca tinha ido a um motel. Uma fantasia que desejava à muito realizar!
Não foi difícil, pelo que percebeu, todos se assemelham. Uns com alguns pormenores mais requintados do que outros, como por exemplo banheiras jacuzzi, ou cama redonda, ou ainda espelhos no teto etc. Mas houve um, que lhe chamou mais atenção, não havia muitas imagens do mesmo, apenas a indicação da área onde se situava bem como a referência a uma oferta “surpresa”…
- Que surpresa será? - pensou                                                                                                     
Pegou no telefone, marcou o nº que anunciava no site. Pediu todas as informações, localização, sigilo, preço e a curiosidade que a tinha levado a ligar, qual era a “surpresa” que ofereciam? Obteve todas as respostas exceto, em relação à surpresa. Desligou e pensou – têm razão, se é surpresa não vão dizer qual é pelo telefone, obviamente!
Voltou a olhar o site, e decidiu que era naquele dia! Ligou novamente e fez a reserva em nome dele. Olhou para o relógio, faltava uma hora para ele sair. Enviou-lhe uma mensagem:  
Vou encontrar-me contigo às 17h; fiz reserva em teu nome; a morada é esta…
Entrou no carro, introduziu a morada no GPS e arrancou. Durante o percurso foi ouvindo as informações de trânsito, era hora de ponta e ainda tinha 30 km para fazer, só esperava não apanhar nenhum acidente pelo caminho…

Nos últimos tempos, tinham- se visto muito poucas vezes. A disponibilidade que ele tinha para ela, resumia-se a encontros muito esporádicos e os locais onde estes aconteciam não eram os mais apropriados para que tivessem o “momento completo”, o tal que ela tanto desejava! Eram ambos comprometidos e a relação que mantinham era sigilosa.

No carro, foi revivendo cada momento que teve com ele, e a expetativa do que iria viver nessa tarde, fazia-a sentir-se com aquelas “borboletas” na barriga… e, a tal “surpresa” não lhe saia da cabeça…nunca tinha estado num motel e isso, já por si só lhe fazia subir a adrenalina!
O Motel ficava situado numa área reservada de um parque, onde a vegetação era o seu ex-líbris! Era uma mansão opulenta ao estilo manuelino, que durante muitos anos tinha estado ao abandono, assim como a propriedade circundante. Os proprietários, após um grande investimento, resolveram transformar aquele lugar, único e mágico, num local onde todas as fantasias poderiam ser realizadas!
Abrandou, abriu as janelas para deixar entrar aquele cheiro fresco de relva acabada de cortar e observar toda aquela beleza luxuriante daquelas árvores centenárias que se agrupavam ao longo do caminho de acesso ao Motel.
Sentiu o som de uma mensagem a entrar no telemóvel, tirou-o da mala e leu – já cá tou 
Viu o carro dele, estacionou ao lado, olhou e viu que não estava ninguém dentro…
- Já está lá dentro, ainda bem - pensou
Dirigiu-se à entrada e teve de suster a respiração pela beleza do lugar! Tinha em frente dela duas enormes escadarias em granito convergindo ao centro, do teto pendia um lustre que não ficava atrás dos que ela tinha visto, no Palais de Versailles, na sua última viagem a Paris. Ainda meia zonza, com tudo o que estava a ver, dirigiu-se à receção, onde estava uma mulher aparentando ter os seus 60 anos, que a olhou de cima a abaixo, com aquele ar de quem diz “ vê-se mesmo que é a tua primeira vez num lugar destes”!
 – Boa tarde – cumprimentou-a - tenho alguém à minha espera…
- Boa tarde, seja bem-vinda; suba as escadas é o quarto ao fundo do corredor à direita. Esperamos que desfrute em pleno de todos os momentos que este lugar tem para lhe oferecer!
- Obrigada – respondeu – sem saber muito bem o que a esperava
Subiu por uma das escadarias, parou a meio para olhar mais uma vez a beleza daquela entrada; o corredor deveria ter pelo menos uns 10 metros; as paredes recheadas de grandes obras de arte, muito sugestivas àquele lugar…
Bateu na porta do quarto; segundos depois abriu-se e lá estava ele; também maravilhado com a beleza daquele motel!
O quarto era enorme, com uma decoração de tons quentes onde o vermelho predominava, a cama era com dossel. Ficou parada por um momento a deliciar-se com toda aquela beleza, que parecia mais um cenário de um filme…, a iluminação fazia-se pela quantidade de velas que estavam em vários pontos do quarto, das quais imanava um aroma suave e relaxante; o som de uma música, também suave e relaxante, saía de algum ponto do quarto que ela não soube identificar…
Ele, aproxima-se, passa-lhe a mão pelo rosto, roça-lhe os lábios pelo lóbulo da orelha e diz-lhe baixinho ao ouvido:
- Estás mesmo preparada para isto?
- Claro que sim! Gostastes do lugar e desta surpresa?
- Sabes muito bem que sim!
- Então, temos duas horas para desfrutar de tudo o que este lugar tem a nos oferecer, quando fiz a reserva disseram-me que no preço incluía uma “surpresa”. Claro, que não me disseram qual era, senão deixava de ser surpresa – riu
- Pois…então vamos aproveitar bem estas duas horas…
- Sinto, que tu já sabes do que se trata?
- Claro! Por isso te perguntei se estavas preparada…
- E, podes dizer-me do que se trata?
- Surpresa é surpresa! Ou já te esquecestes que fostes tu quem nos trouxeste para aqui…e de certa forma viestes atrás dessa surpresa…!
- Tens razão… sabes? Essa expetativa está a deixar-me muito excitada, mesmo não sabendo do que se trata!
- A mim também e não imaginas o quanto!
- Humm, e já sinto o estado da tua excitação… - disse ela encostando-se à região pélvica dele para sentir a sua rigidez evidente.
- E, eu o teu,  - disse ele enquanto as suas mãos se tornavam mais afoitas e desbravavam por baixo dos tecidos que a cobriam, tocando-a - estás deliciosa, assim toda molhada, deixa-me saborear-te…
Ela não respondeu de imediato. Chegou-se um pouco à frente, fixou os olhos nos dele, despiu-se sem uma única palavra, calmamente, como se tivessem todo o tempo do mundo, divertindo-se a ver o quanto ele se continha para não a agarrar à medida que a sua excitação ficava cada vez mais evidente, e, finalmente nua, deixou-se cair para cima da cama, só então respondendo:
- Serve-te, lambuza-te todo, hoje quero atingir o céu contigo…
- Vamos saborear-nos ao mesmo tempo, há muito tempo que o quero fazer e sei que tu também…
Parecia que estava a assistir a um filme, onde ela era a protagonista! Desde que se conheceram, que ela vivia fascinada por ele, apreciava muito o seu sentido de humor, as parvoíces dele faziam-na sempre soltar grandes gargalhadas! Foi com ele, que ela se começou a soltar de preconceitos e com ele passou pelas experiencias que ela jamais imaginaria um dia vir a fazê-las! Ele, era a droga que ela necessitava na sua vida e por ele, ela fazia tudo…
Durante quase uma hora permitiram-se a tudo o que um homem e uma mulher podem fazer, dentro de um quarto, mais ainda num quarto de um motel onde as paredes não têm ouvidos…
O céu era o limite e ela atingiu-o! Ele também!
Estavam ambos exaustos, aninhou-se no peito dele, fechou os olhos e dormitou… 
Sentiu uma mão suave a percorrer-lhe a perna muito vagarosamente, abriu os olhos e viu que ele a observava, vendo cada reacção que ela tinha…já não estavam sozinhos no quarto.
Por um momento, assustou-se, não sabia se estava a sonhar ou se era real! Mas apercebeu-se que a “surpresa” estava ali…tinha imaginado muitas coisas em relação ao que poderia ser, um jantar afrodisíaco, um champanhe especial, ou ainda algo relacionado com algum tipo de sadismo (quando ele lhe perguntou se estava preparada) mas… – que ingénua que eu sou!- pensou - não lhe tinha sequer passado pelo cabeça, que a “surpresa” pudesse ser um “ménage à trois”!!
Apesar de muitas vezes, nas suas fantasias ter imaginado como seria fazê-lo com uma mulher, nunca esteve nos seus desejos concretizar essa fantasia…
É hoje – pensou – será que vou conseguir, uma coisa é eu imaginar, outra é vive-la! Mas na imaginação era só eu e outra mulher…aqui, não estou sozinha, vou ter de partilhá-lo?! Meu Deus, mas o que é que estás a pensar, tu já o partilhas!
Mas na cabeça dela, essa partilha nunca existiu, porque quando estava com ele, era só ele e ela mais ninguém, era assim que ela via a relação que tinham…
Aquela, que ali estava à sua frente, a passar-lhe as mãos suavemente pelas pernas fê-la estremecer de excitação. Morena, aparentava ter talvez uns 35 anos, com traços orientais e muito, muito sensual! Com uma voz doce disse:
- Olá, sou a Luana e venho fazer-vos companhia…
Por momentos sentiu-se baralhada com tudo o que estava a acontecer, e com este misto de pensamentos a excitação começou novamente a percorrer-lhe o corpo…
- Estou a sentir-me bem com o toque dela…fechou novamente os olhos… Agarrou-se a ele olhou-o nos olhos quase a implorar – e agora?!
As mãos continuaram a massagear as pernas com toques muito suaves, subindo cada vez mais, ao mesmo tempo sentia, também, os lábios tocarem a volta da sua vulva.
Ele beijava-a com um desejo já bem evidente, os beijos dele são sempre alucinantes deixando-a completamente sem fôlego, as suas línguas fundiam-se numa só! 
Enquanto se perdia no beijo dele, começou a se a suavidade da língua dela, primeiro apenas com pequenos toques, com uma suavidade que ela nunca tinha sentido, como que querendo testá-la, depois, rendendo-se ela ao que sentia, com mais intensidade, fazendo círculos à volta do seu clitóris, desenhando arabescos, e por fim os lábios cheios e suaves que a envolveram e a fizeram render de uma vez por todas. 
Ela parou, e com a paragem os pensamentos voltaram e as dúvidas voltaram a assalta-la, mas começou a sentir a língua dela e a boca a dar suaves toques subindo pelo seu corpo e começou a sentir espasmos de prazer até ali desconhecidos por ela, quando sentiu a língua daquela mulher a envolver-lhe o mamilo e os seus lábios cheios a beijar-lhe os seios…ele, afastou-se e ficou a observar…
Sem saber muito bem como lidar com aquele misto de sensações, pensou - Porra, estava num Motel, que ela própria tinha reservado com o homem que ela tanto deseja e podia permitir-se a passar por mais uma experiência nova na sua vida, porque não?! Sabia, também, que ele gostava destas experiências, já tinham falado sobre isso!
Resolveu libertar-se de todo o pudor ou preconceitos que até ali ainda pudessem existir…
A voz doce daquela mulher aproximou-se do ouvido dela e baixinho diz-lhe: 
– Queres que pare?
- Não, por favor, continua…
Sentiu, pela primeira vez, o que era beijar uma mulher, a boca suave dela, ainda carregada com o seu próprio sabor, deixava-a inebriada! Entrou naquele jogo, sem muito bem saber como iria acabar. Mas de uma coisa ela tinha a certeza, a mulher que entrou naquele motel não seria mais a mesma quando saísse dali…
Luana, continuou a beijá-la docemente não parou e foi descendo cada vez mais, percorrendo toda a linha do ventre, sempre vagarosamente e ia ao mesmo tempo fazendo pequenos círculos com os dedos à volta do clítoris deixando-a completamente louca de tesão! Ela estava ao ponto de explodir de tanto prazer que estava a sentir nas mãos daquela mulher. Luana, desceu ainda mais, e começou a passar a língua pelo seu clítoris lambendo-o voluptuosamente  e dando-lhe pequenos chupões. Ela soltava gemidos de prazer…
Depois sentia-se penetrada, primeiro com um dedo, depois com dois, enquanto aqueles lábios a continuavam a chupar, enquanto aquela língua se espalmava, sentia o vaivém dos dedos dela dentro de si, apertava-os, queria-os, sentia-se possuída, gemia, a sua mente começou a focar-se apenas nas sensações que lhe eram transmitidas com uma doçura diferente, não melhor, mas diferente daquilo que já conhecera até então, sentiu-se descontrolada, sem se conseguir conter e veio-se na boca de uma mulher pela primeira vez na sua vida. Quando conseguiu acalmar um pouco a sensação, uma vez que Luana não lhe dava tréguas, abriu os olhos e viu o ar divertido dele, sentado a observa-las, a ver o prazer dela estampado no rosto, mas teve de fechar os olhos novamente a ser assaltada por um orgasmo ainda mais violento, não se conteve, gritou, de prazer de tesão…
Quando volta a abrir os olhos sente-o ao lado dela, o seu membro erecto bem perto do seu rosto, agarra-o, puxa-o para ela, lambe-o, abocanha-o saboreia-o, degusta-o, engole-o fode-o com a sua boca, e vê-o penetrar Luana com dois dedos, da maneira que ele costumava fazer, vê o efeito devastador que isso começa a ter ele começa a fodê-la e sente tudo isso, toda essa intensidade passada para si, através da boca e dos dedos dela, como se fossem um triangulo perfeito em que cada um dos lados apenas existe para receber prazer e amplificá-lo, passando-o mais intenso ao lado contíguo, lançando as duas num orgasmo intenso. 
Conseguiu respirar de novo e abrir os olhos à medida que se sentia alargar mais, vendo Luana introduzir mais um dos seus dedos finos, e depois mais outro, começando a fazer movimentos e a tocá-la em sítios onde só ele tinha tocado até então, e ao abri-los viu que ela estava de gatas, na cama, a fodê-la, com quase toda a mão dentro de si, e ele, por trás dela, preparava-se para a penetrar. Algo dentro de si sentiu um pouco de ciúme que se desvaneceu quando viu estampado o prazer de a possuir, análogo ao que ela estava a sentir de ser possuída por ela. Ela era deles hoje, o brinquedo de ambos, um objecto de prazer, deixou-se embalar novamente sentindo-se completamente preenchida pelos dedos de Luana que por esta altura a fodia com o mesmo fervor com que era fodida, e deixou-se explodir num orgasmo múltiplo que parecia não querer acabar, potenciado pelos gritos do orgasmo dela, enquanto era fodida por trás sem qualquer piedade.
Quando acalmam as duas, Luana tira finalmente os dedos de dentro de si e dá-lhos a lamber, o que ela faz com agrado. Depois é ela quem se levanta, chega-se a ele, agarra-o e fode-o com a sua boca, sentindo pela primeira vez o sabor doce de outra mulher, Luana junta-se a ela e ambos o chupam, lambem, engolem, devoram, ao mesmo tempo que se beijam. 
Depois ela deita-se, querendo senti-lo duro e grosso com está, dentro de si. Quer que ele lhe dê tudo, ao mesmo tempo que a faz sentar por cima da sua cabeça e faz a sua língua começar a percorrer a macieza dela, começa a envolve-la e a chupá-la e sente-o finalmente a penetrá-la de forma doce e lenta, sem dúvida para evitar explodir de tanto tesão acumulado… 
Atingiram o clímax os três ao mesmo tempo, aquele orgasmo triplo foi o culminar daquela tarde…
Luana, saiu e ficaram os dois deitados, abraçados…
…ele pergunta-lhe:
- Estás bem?
- Estou…
- Gostastes da “surpresa”?
- Podias ter-me avisado do que se tratava…
- Mas, em nenhum momento te ocorreu do que poderia ser?
- Não! Sempre pensei que essas coisas era o cliente que pedia e nunca, que fizessem parte do “pacote”! Para mim, a surpresa seria a oferta de algum jantar afrodisíaco, ou algo do género, quando me perguntaste se eu estava preparada para isto, ainda pensei em algo relacionado com sadismo, enfim, com outra pessoa não, sem que tivéssemos conhecimento!
Ele, olha-a com aquele olhar matreiro e diz-lhe: 
- Sabes, a “surpresa” que eles tinham para oferecer era mesmo um jantar afrodisíaco que incluía algo mais, que eu sei que tu não consomes, eu é que pedi para trocar…também quis surpreender-te!
-Sacana!!!
- Fizestes a reserva em meu nome, lembraste? Quando me enviastes a mensagem, também fui pesquisar…vim logo para cá, e sim estas coisas, é sempre o cliente a pedir!
-És louco, não és!
- Sou! E tu também!
- Mas, sabes que mais, gosto da tua loucura!
- E eu da tua…, mas diz-me que tal a experiência?
- Maravilhosa!
- Vês, agora já não podes dizer que nunca o fizeste!
- Pois…
Tomam um duche juntos, vestiram-se e saíram, já no corredor ela volta atrás e olha mais uma vez para aquele quarto, que iria ficar para sempre na sua memória…
Desceram a escadaria dirigiram-se à recepção e a mesma senhora que horas antes a tinha mirado de alto a baixo, olhou para ela analisando-a… e sorriu para ele, com aquele olhar de cumplicidade!
No estacionamento, despediram-se com mais um beijo de perder o fôlego.
- Adoro-te…
- E eu a ti…
Entraram cada um seu carro e rumaram à realidade que os esperava…

Se a unica ferramenta que tens para resolver um problema é um martelo, todos os problemas tem de se parecer com pregos...

Conversas da treta

Ela - Quando vieres (da cozinha) trazes-me dois Kiwis maduros e uma faca?
Eu - A faca tudo bem, mas os Kiwis é impossível.
Ela - Porquê? Não há?
Eu - Há.
Ela - Então...?
Eu - Alguma vez abriste um Kiwi que não fosse verde?
Ela - Oh páh, vai-ta lixar...

Ponto de rebuçado

…e estar assim, sentado na cama a olhar-te…



…pareces uma gata com cio a rebolar-se de mimo, quase te ouço a ronronar…

…e sabe tão bem olhar-te e ver esse corpo à minha frente a querer ser tomado…

…conquistado.

Olhas-me com olhos de mel.

-Queres-me?

Pergunta-se a um cego se quer ver?

Contenho-me. Adoro esperar até estares doida.

Quero-te, …

…mas em ponto de rebuçado.

Tocas-te para mim, para eu ver, abres-te para mim, soltas um gemido enquanto os teus dedos passeiam pelo teu sexo, ficando húmidos de ti, reflectindo a luz…

…fazes-me salivar abundantemente.

Quero provar o teu sabor. Agarro a tua mão e levo-a aos meus lábios. Provo-te.

Degusto-te.

A tua mão volta a onde estava e continuas a masturbar-te…

…DE VA GAR…

…para mim!

O cheiro do teu corpo deixa-me louco. A excitação faz-me latejar as fontes.

Continuas neste sensual bailado de prazer. O teu prazer…

…para meu prazer.

-Vem… - dizes-me.

Olho para ti. Ainda não, penso.

Sinto o calor do teu corpo, mesmo a esta distância. O rubor das tuas faces.

Sei que te esforças por retardar o inevitável…

…e deleitas-te na sensação que tens.

-Quero-te…

Sei que queres.

A tua respiração fica ainda mais profunda, os gemidos mais fortes. Sei que não conseguirás conter-te muito mais tempo.

Estás como eu te queria…

E sem aviso mergulho no teu sexo e provo-o e delicio-me com o sabor e sorvo-te delicadamente e leio os movimentos das tuas ancas para saber o que queres…

…e sinto os teus espasmos, o teu néctar a invadir-me os sentidos acompanhado pelos sons do teu prazer.

Bebo-te inteira tentando matar a minha sede de ti…

…mas a sede apenas aumenta…

Quero mais…

…quero-te mais…

…quero tudo…

Deslizo por ti, beijando-te ao longo do teu corpo, lambendo-te, enquanto desces do auge…

…detenho-me por segundos no teu peito para depois continuar a subir…

…subo pelo teu pescoço, à procura da tua face, dos teus lábios.

Beijo-te.

Dou-te o teu sabor misturado com a minha saliva.

Afasto-me e olho fundo nos teus olhos.

Quero que leias o meu desejo nos meus.

E entro em ti…

…e sinto-te doce…

…e sinto-te suave…

Entro devagar para deixar que me acomodes. Ouço a tua respiração rápida, misturada com pequenos gemidos, à medida que me sentes cada vez mais fundo…

…olhos nos olhos…

Sinto o ondular das tuas ancas a lançar sensações que partem do meu sexo para todo o meu corpo. Sei essas sensações não em mim, mas em nós.

Fo…

…do…

__…te…

…como tu gostas, como sei que gostas…

Sinto-te mais ritmada e acompanho-te. Embalamos os dois

Gosto quando sentes tanto prazer que os gritos te ficam contidos e saem em forma de gemidos profundos.

Estou pronto para ti…

…sinto-te pronta para mim…

Sinto as tuas pernas à volta da minha cintura a puxar-me mais para ti…

…sinto-te a querer-me mais fundo…

-Vem!!!! – dizes enquanto tentas respirar – Vem!!!!



…e soltamo-nos os dois, deixando desabar o prazer, deixando que ele se derrame por nós…

Ira

Estava com a cabeça completamente fodida.
Depois do que falámos era difícil sequer pensar.
Como é que era possível?
Estava passado.
Fumava um charro atrás do outro com a esperança de que o Haxixe me adormecesse o espírito e o corpo. Apetecia-me apanhar uma bebedeira, mas não havia álcool por ali, por isso vingava-me no que tinha.
Sentia-me aéreo, como se flutuasse, e esperava, mas ainda assim, não esquecia e as palavras não me saiam da cabeça.
Fui forçado a sair do reino dos meus pensamentos pelo toque do telemóvel.
-Sim?
-Pá, afinal hoje não vai dar… Já tas aí?
-Há duas horas, caralho. Uma seca de duas horas e dizes que já não há nada?
-Pa, desculpa, mas é que…
Foda-se! Há sempre um “mas é que…”. Só para mim é que não pode haver.
-Pá, caga lá nas desculpas. Não aparecem, não é? Que se foda.
E desliguei. Desculpas de merda para quê?
Fui para o carro. Sentei-me e quando o ia para ligar o meu corpo começou a tremer e quando dei por mim chorava convulsivamente.
Peguei no telemóvel. Tinha de falar com alguém. Marquei o numero de cor. Já não marcava aquele numero há 8 anos.
-Sim? – Atendeu ela do outro lado, com a mesma doçura como sempre o fazia, embora a voz estivesse mais áspera, mais madura ainda.
-Olá. – ela ficou muda por uns segundos, assim que reconheceu a voz – Está tudo bem contigo?
-Meu anjo, há quanto tempo… E contigo?
Não consegui responder. Ela ouviu os meus soluços do outro lado.
-Que se passa, meu querido? – Perguntou.
-Tudo. Desculpa, eu não te devia ter ligado, mas apetecia-me tanto falar com alguém… Mas não tenho o direito de te incomodar. Já perdi esse direito há muito tempo.
-Deixa de ser parvo. Olha, estou sozinha em casa, não queres vir até cá e falamos um bocadinho?
Apesar de relutante, acabei por aceitar e meti-me à estrada.
Precisava mesmo tirar de cima dos ombros o peso que sentia e sabia que ela entenderia.
Vinte minutos depois estacionava à porta dela.
Abriu-me a porta.
Estava vestida de uma forma simples, normal para quem está em casa sozinha. Um pijama largo, um robe leve e umas meias daquelas para andar por casa.
Tinha tomado banho à pouco tempo e tinha o cabelo esticado pelo secador, como me recordava de ela sempre ter feito, porque detestava o seu cabelo naturalmente encaracolado, que eu, por acaso, simplesmente adorava.
O sorriso que trouxera até à porta desvanecera-se assim que olhou para mim. Abraçou-me mesmo antes de fechar a porta.
-Então, rapaz? Que é que se passa contigo?
Não fui capaz de falar. Abracei-a, agarrei-me a ela e explodi finalmente, deixei as lágrimas correr livremente.
Ela ficou comigo ali no hall de entrada, suportando-me. Agarrei-me a ela como a um rochedo, uma tábua de salvação, uma bóia que me mantivesse a flutuar num oceano de emoções que queria afundar-me. Ou onde eu me queria afundar.
Depois ela agarrou-me a face com ambas as mãos e beijou-me os lábios, com a suavidade de alguém que apenas quer sarar. E depois beijou outra vez e voltou a abraçar-me.
-Anda, … - disse - …não vamos passar o resto da noite no hall de entrada, pois não?
Deixei que ela me guiasse até à sala, onde me fez sentar no sofá.
Ela sentou-se na mesinha, à minha frente, e ficou um bocado a olhar para mim antes de me perguntar:
-Afinal o que é que se passa, garoto? Nunca te vi assim…
E em resposta, numa torrente, se calhar até algo desconexa, disse-lhe tudo o que me ia na alma, tudo o que estava acumulado e que se recusava a sair, todas as duvidas, medos, frustrações. O quanto a minha vida mudara desde o principio do ano, o quanto eu me sentia inseguro. O quanto eu sentia que a razão do peso que eu carregava era por minha exclusiva culpa…
…e ela limitou-se a ouvir. Sem juízos, sem opinião. Sabia que eu não tinha ido ter com ela para ser julgado, para lhe pedir conselhos, apenas precisava de libertar a pressão que sentia.
Por fim, quando me calei, levantei-me e fumei um cigarro. Ela abraçou-me por trás e ficou ali. Por fim largou-me e fez-me companhia, acendendo também um.
Eu acabei o meu e sentei-me, apático.
Ela acabou logo a seguir e sentou-se ao meu colo, aninhando-se em mim, pequena que é para me poder dar ela colo.
Depois, naturalmente começou a beijar-me.
Por uns momentos deixei-me ir, mas depois fi-la parar. Ela levantou-se, olhou para mim com doçura.
-Eu sei que não é a mim que queres, mas sou eu que estou aqui. Não te preocupes.
Juntou-me as pernas, sentou-se em cima delas, agarrou-me beijou-me, colou o seu sexo ao meu, por cima da roupa e fez ondular as ancas, enquanto me beijava.
Ela beijava-me os labios, e eu respondia aos seus beijos, não com paixão, mas com medo de a desapontar de alguma maneira. Beijava-me o pescoço, chupava os lóbulos das minhas orelhas…
Apetecia-me afastá-la, mas sentia-me fraco demais para o fazer.
Ela começou a desapertar-me a camisa e foi beijando o meu peito até se pôr a sugar os meus mamilos enquanto descia até chegar ao ultimo botão. Lá chegada, levantou-se e passou as mãos ao longo do meu corpo.
Fez deslizar o robe pelos ombros, deixando-o cair no chão, desapertou os botões do pijama e, já com o peito desnudo, colou-se novamente a mim, fazendo os seus mamilos duros de tesão deslizarem ao longo da minha pele.
Sempre adorei o contacto do corpo dela. Pena que a minha cabeça estivesse tão longe.
-Fecha os olhos. – dizia-me ela – Tudo estará bem. Pensa que é ela que está aqui, e não eu.
Eu queria, mas não funciono assim. Ainda assim deixei-me ficar, submetido a ela, aos seus carinhos.
Ela acabou por deslizar para o chão, abriu-me as pernas, deitou a mão ao meu cinto, desapertando-o. Depois fez deslizar as calças até me as tirar por completo. Agarrou então os meus boxers e fez o mesmo, expondo-me.
Olhei para ela, envergonhado pelo facto de não haver um indicio de excitação da minha parte. Ela agarrou-me, flácido como estava, e começou a masturbar-me devagar. Com a outra mão começou a massajar os meus testículos e além deles, o espaço até ao meu ânus.
Estranho como, mesmo ao fim de tanto tempo, ela sabia o que eu gosto melhor do que eu próprio e me conhece tão bem.
Lentamente o meu corpo foi reagindo e via nos olhos dela a felicidade por se aperceber disso, assim como a via a lamber os lábios de antecipação. E de repente toma-me com os seus lábios e engole-me por inteiro, conseguindo fazer a língua tocar nos meus testículos. Sempre me perguntei como ela o conseguia fazer. Apenas duas mulheres o fizeram desta forma, comigo, até hoje, e ela foi a primeira. Lembro-me de lhe ter perguntado da primeira vez “Como é que conseguiste?" e da resposta “quero comer-te todo!”.
Começou a foder-me assim, com a boca, devagar, engolindo-me sempre por inteiro enquanto se masturbava. Os seus pequenos e abafados gemidos faziam vibrar a sua garganta o que me dava ainda mais sensações. A pouco e pouco conseguiu ter-me completamente excitado, e quando o sentiu, levantou-se num ápice, nunca me largando da sua mão, e sentou-se em cima de mim fazendo-se penetrar de uma só vez. Estava ainda apertada, mas completamente molhada pela sua própria masturbação, e conforme se me sentiu inteiro soltou um pequeno grito de prazer e de alguma dor.
Olhou-me directo nos olhos.
-Já me tinha esquecido de que eras tão grande…
-Queres parar?
-Não!
E dito isto colou o seu corpo ao meu e ondulou as ancas para me sentir melhor e para se habituar a mim. Depois levantou-se, apoiou as mãos nos meus ombros e fez-se deslizar devagar ate me tirar quase por inteiro para depois se deixar cair pesadamente.
-Sabes as saudades que a minha coninha tinha de ti? Tanto tempo e nunca ninguém a tratou como tu tratavas… Deixa-te estar sossegado. Quero foder-te esse caralho boooom!
Foi aumentando o ritmo e a intensidade. Gemia. Agarrei-lhe as nádegas e fiz-me afundar ainda mais nela. Gritou.
-Fode-me. Foda-se, que saudades do teu caralho…
Aos poucos as palavras que diziam foram-se perdendo no meio dos seus gemidos. Foram ficando desconexas. Arfava. E por fim, com um grito veio-se num orgasmo longo, muito longo e que acabou com ela a desabar em cima de mim.
Deixei-me ficar dentro dela, completamente dentro dela enquanto sentia ainda um ou outro espasmo seu. Depois ela elevou-se um pouco, beijou-me com uma tesão louca, levantou-se, agarrou-me na mão e disse:
-A cama é mais confortável. Anda…
Chegados ao quarto, gatinhou para cima da cama e virou-se para mim, tomando-me novamente com a boca. Pus as mãos na sua cabeça, afagando-lhe o cabelo e sentindo os seus movimentos, segurando-a de vez em quando para fazer o meu caralho deslizar ainda mais fundo e sentindo a sua garganta a apertar-me a glande. Ela gemia propositadamente quando eu fazia isto, sabendo que a vibração que sentia até obstruir por completo a garganta me dava um prazer doido.
-Foda-se, … - dizia eu - …já me tinha esquecido de como fodes bem com a boca.
Ela largou-me pelo tempo suficiente para dizer:
-Querido, quem sabe não esquece… - e dito isto cuspiu-me na glande e voltou a engolir-me.
-Gostas de me chupar assim cheio do sabor da tua esporra, não é?
Assentiu em resposta afirmativa.
Estava a levar-me quase ao orgasmo com a sua boca. Aos poucos esquecia-me de tudo o que me tinha levado ali e começava apenas a desfrutar o prazer carnal. Se calhar, bem no fundo de mim, sabia que indo a casa dela isto aconteceria. Talvez por isso tenha aceite o convite.
Ela passou os dedos da mão direita na sua cona molhada, enterrou-os fodendo-se por um bocado, e depois tirou-os e levou-os assim lubrificados ao meu ânus que começou a massajar levemente. Isto fez com que eu ficasse perigosamente próximo do orgasmo. Ela notou e parou.
Respirei fundo, recuperando o controlo, embora continuasse cego pela tesão. Ela puxou-me para cima da cama, fazendo-me ficar de joelhos e virou-se de costas para mim, empinando o rabo.
-Fode-me como eu gosto.
Decidi torturá-la.
Meti apenas a glande na sua vulva e agarrei-a pelas ancas para a controlar. Depois limitei-ma a ondular as minhas fazendo-me entrar e sair apenas um ou dois centímetros. Ela gemia. Eu sabia que ela queria mais. Eu também.
De repente, de uma vez só e num único movimento brusco enterrei-me por inteiro nela.
-FODA-SE! – gritou.
Deixei-me ficar todo dentro dela enquanto sentia a sua cona a sugar-me, literalmente. Depois fui saindo lentamente e voltei ao começo.
-Fode-me. – dizia, enquanto eu a torturava daquela maneira boa que apenas a fazia querer mais – Fode-me, fode-me, fode-me fode-me, fode-me.
-Queres?
-SIM!
-Todo?
-SIM!
-Pede.
-Dá-mo todo. Enterra-o todo. Fode esta coninha, fode…
-Queres-te vir para mim?
-Quero!
-Muito?
-SIM! Dá-mo…
Sem aviso enterrei-o todo novamente. Comecei a fodê-la com força e com violência. Ela não demorou a ter um orgasmo que não parava. Ela enfiou a cara na almofada que tinha à frente para abafar os grito e agarrava com força os lençóis da cama. Sentia as suas contrações e sentia-me a deslizar no seu gozo.
-Para.
-Mesmo?
-Sim, para. Não aguento mais…
Continuei.
-Tens a certeza?
-Tenho.
E fez-me sair dela.
Lançou a mão à mesa de cabeceira, abriu uma gaveta e tirou um frasco de óleo para a pele. Derramou um pouco para a mão e agarrou-me, fazendo a mão deslizar em toda a minha tesão. Voltou a empinar o rabo para mim, pôs mais um pouco de óleo na mão e lubrificou o ânus, massajando-o e metendo um dedo até este escorregar com facilidade. Depois agarrou-me e encostou a glande ao ânus.
-Mete.
-Tens a certeza?
Sempre tive alguma relutância em relação ao sexo anal. Não é que não goste, antes pelo contrário. No entanto tenho a perfeita noção de que as minhas dimensões causam bastante desconforto, e por isso nunca me sinto confortável em fazê-lo ou sequer sugeri-lo. Não gosto de causar dor ou desconforto, muito menos nestas alturas.
-Tenho. Quero.
Fiz um pouco de pressão e senti-me a deslizar para dentro dela, facilitado pelo óleo. Ela mordeu a almofada.
-Estás bem? Queres que eu pare?
-Não pares, mas vai devagar.
Fodi-a bem devagar, com calma, para ela se ir habituando ao meu tamanho, sem pressas. Ainda assim notava o desconforto que lhe causava. Parei.
-Porque é que paraste?
Não lhe respondi. Agarrei-a, fi-la deitar de barriga para cima e dediquei-me a lambê-la toda, cheia do sabor dos seus orgasmos.
-Ai, foda-se, já me tinha esquecido de o quanto lambes tão bem… Chupa-me assim, querido, chupa…
Lambi, chupei, levei-a mais um orgasmo enquanto me deliciava com o sabor dela. Quando ela recuperou pôs-se novamente de gatas na cama.
-Quero vir-me com esse caralho no meu cu. – disse com a voz carregada de tesão.
-Mas eu sei que é desconfortável para ti…
-Cala-te e fode-me.
Desta vez deslizei para dentro dela com mais facilidade e percebi que ela já não estava tão desconfortável. Aos poucos fui aumentando o ritmo enquanto ela ela se tocava. Não demorou muito a ter um novo orgasmo e senti o esfíncter a apertar-me e tive de me controlar para não chegar ali ao orgasmo.
Ela desfaleceu em cima da cama.
Eu sai dela, penetrando-lhe a cona de imediato.
-Vou-me vir todo na tua cona. Queres?
-SIM!
Fodi-a com força, com intensidade.
-Gostas de sentir assim a minha tesão?
-Dá-me tudo, fode-me…
Agarrava-lhe as ancas e puxava-a toda para mim.
-Goza… Sente…
-Fode…
-Vem-te comigo…
-Sim…
-Vem…
Deixei-me invadir pelas sensações enquanto o meu orgasmo chegava galopante junto com mais um delas. Libertei-me todo dentro dela.
Quebrei, por fim. Sai dela e fiquei ajoelhado na cama. E tudo o que sentia antes caiu novamente sobre mim como uma parede, e doeu, e algo subiu por mim que me fez cair num pranto que eu não queria, não à frente dela, pelo menos.
Ela abraçou-me.
-Eu sei, garoto, eu sei… - Dizia com uma voz maternal enquanto me abraçava – Eu sei, está tudo bem.
Demorei alguns minutos a recompor-me.
Por fim, levantei-me, voltei à sala e vesti-me.
Ela foi à casa de banho pôr agua a correr para um banho enquanto eu me vestia.
Despedimo-nos com um beijo suave.
-Desculpa… - Foi a única palavra que encontrei para lhe dizer.
-Vai com calma. Está tudo bem. – Foi a resposta.
Fui com calma para casa a sentir-me ainda pior acerca de tudo.
Não estava nem está tudo bem.

Antes pelo contrário…