Todas as mulheres têm uma fantasia... (parte IV)

No elevador tinha repetido de diversas formas uma qualquer espécie de apresentação ao desconhecido que a aguardava, ensaiado sorrisos, gestos, mas de alguma forma todos pareciam ocos e artificiais.
Afinal de contas, nada se adequava às circunstâncias. Não sabia o que esperar, sentia medo, mas ao mesmo tempo uma curiosa excitação.
E eis que se encontrava agora aqui, à porta do quarto indicado, sem saber o que fazer. Olhou para o relógio. Passavam dois minutos da hora marcada.
Respirou fundo.
Bateu à porta meio a medo e esperou uns instantes.
-Está aberta. - Ouviu uma voz abafada do outro lado.
Ficou a pensar que esperava um pouco mais de cavalheirismo, mas, por outro lado não fazia ideia do que estaria para lá da porta.
Abriu a porta.
A sala tinha as paredes brancas, dois sofás de veludo para uma pessoa em tons encarnado escuro, e uma pequena mesa de suporte com uma garrafa de vinho tinto e alguns copos, estando apenas um deles cheio.
Um homem, elegante, vestido num fato azul-escuro, levanta-se quando ela entra, dirige-se a ela de uma forma absolutamente calma.
-Perdoe-me o facto de não lhe vir abrir a porta, mas queria que a escolha de entrar ou não fosse única e exclusivamente sua. – disse, e cumprimentou-a de forma cordial, formal mesmo.
-Não faz mal. Compreendo.
-Aceita um copo de vinho?
-Sim pode ser.
-Sempre ajuda a descontrair, não é? – perguntou ele enquanto servia o copo.
Ela sorriu, algo nervosa.
Ele acabou de servir o copo dela, mas pousou-o na mesa. Voltou-se para ela.
-Não quer tirar o casaco? Parece estar pronta a fugir…
Ela assentiu com a cabeça e ela aproximou-se e num gesto delicado ajudou-a a tirar o casaco, pendurando-o em seguida num bengaleiro próximo. Depois, convidou-a a sentar-se no local que não estava antes ocupado, o que ela fez, pegaram nos copos. Ele fez um pequeno gesto de saúde e beberricou. Ela, talvez fruto do nervoso, sorveu o liquido de uma vez, sentindo logo em seguida as faces ruborizar.
Ele sorriu e, quando ela pousou o copo, limitou-se a servi-la novamente. Ela voltou a pegar nele e desta vez deu apenas um pequeno gole. Olhou para ele, e viu um homem com um ar jovial, com uma maneira de estar e de ser a um tempo soltas e desprendidas, mas também perfeitamente suaves e cavalheirescas. Não era brusco, nem no olhar, nem no movimento, mas era absolutamente intenso e, contrastando consigo própria, não aparentava estar minimamente nervoso.
Olhou então em volta, percebendo que aquela sala era apenas a antecâmara do resto do quarto e para além de um pequeno corredor estava uma enorme cama.
Ele limitou-se a observá-la em silêncio e ela sentia-se constrangida, sem saber como agir. Resolveu-se a falar, por fim.
-Peço desculpa mas, como deve calcular, toda esta situação é uma novidade para mim…
-Acredito, mas não tem porque estar constrangida.
-Sabe, sou casada, adoro o meu marido…
-Percebe-se. No entanto, todas as mulheres têm uma fantasia, não é? Não é excepção…
-Mas nem sei como agir…
Ele sorriu.
-Porque é que não começa por fazer um strip?
-Para si?
-Não. Para si.
Ela pegou no copo, deu um gole pequeno, mas não se conteve e bebeu o resto de uma só vez em seguida. Ele sorriu do nervosismo dela, levantou-se e abriu uma porta completamente espelhada por trás, no lado completamente oposto aos sofás, naquela divisão. Depois, estendeu-lhe a mão, convidando-a a ir para junto dele.
Ela hesitou por uns momentos, mas acabou por ceder, levantando-se e juntando-se a ele. Ele guiou-a ate estar em frente ao espelho, pôs-se por trás dela, colocando-lhe as mãos nos ombros e olhando-a profundamente no reflexo dos seus olhos.
-É uma mulher lindíssima, madura e sensual. Quando foi a ultima vez que se despiu apreciando-se? Mas apreciando-se devidamente?
Ela não tinha resposta. Não se lembrava. Se calhar nunca.
Ele saiu de trás de si, voltou ao sofá e sentou-se, observando tanto as suas costas como o seu reflexo no espelho. Ela olhou-se de alta abaixo. Sentia-se sexy.
Nervosamente, começou a desapertar a camisa. Resolveu levar o seu tempo, não o fazendo de forma automática mas sim deliberadamente, abrindo a camisa a cada botão, vendo-se, vendo a pele a ficar destapada, sentindo-se mais solta a cada gesto deliberado. Acaba de desabotoar a camisa, mas deixa-a vestida, soltando o cabelo e abanando a cabeça para fazer o cabelo ficar mais natural, e só em seguida desaperta os botões dos punhos. Concentra-se só em si, embora esteja consciente da presença dele. Exibe-se a ambos, enquanto tira a camisa de costas bem erguidas, erguendo o peito e apercebe-se, num exercício puramente narcisistico que é apetecível.
Num gasto lento, penosamente lento e sensual, desaperta a saia e fá-la deslizar ao longo das pernas, até ao chão, curvando-se, exibindo-se e sentindo o contorno das suas pernas. Ergueu-se novamente, deu um pequeno passo atrás para sair de dentro da saia. Apreciou-se vestida apenas de saltos altos, maias pretas com cinto de ligas, fio dental e soutien brancos. Estava excitada. Olhou para o reflexo dele no espelho e era óbvio que estava cativo de cada movimento seu. Liberta, provocou-o deliberadamente enquanto tirava o soutien languidamente, até deixar os seus peitos desnudos e soltos.
Observou-se ao espelho. Sentia-se molhada e pronta para se deitar com ele, e o sentimento só a excitava ainda mais…
…e eis que os seus pensamentos são interrompidos quando alguém bate à porta.

27 comentários:

FilipeSan disse...

Legal a história! Bela foto!

Abraços...

Silent Man disse...

Prendes a malta com estas interrupções nestes momentos... Fico à espera do pró ximo episódio!

Além do que vai na cabeça dela, personagem principal da história, porque não desvendar um pouco da mente masculina, personagem secundária mas altamente relevante para esta história?

Abraço

disse...

Adorei o conto...
Beijo.

Rocha Suave disse...

Acho que todas as mulheres tem mesmo a sua fantasia... algumas, devido a sua forma de ser ou do modo como receberam a sua educaçao, tem é vergonha de se abrirem, de contar o que lhes vai na alma...

Uma boa história.. espero pelos proximos capítulos...

Rocha Suave

www.duplos-segredos.blogs.sapo.pt

Unknown disse...

Bateram à porta? Ooooooooooooooooooh... :-O :( Eheheheheh


Beijos

Anónimo disse...

Filipe San,

Obrigado. Quanto à foto, também achei...

Abraço

:)

Anónimo disse...

MRPereira,

Sou assim, já nasci sacaninha... LOL

Sabes, a vantagem de escreveres um conto passa precisamente por, muitas vezes, não teres que dar uma profundidade tão grande aos personagens para eles serem reais, uma vez que apenas vez um pequeno momento.
Este conto é realmente acerca dela, ou pelo menos têm sido...
...e não estou muito preocupado, porque como já deves ter reparado, não costumo planear nada quando escrevo. Pura e simplesmente faço-o quando me apetece ou quando tenho tempo.
Por isso, se ele tiver de se tornar mais relevante, há-de reclamar comigo e eu dou-lhe atenção...

...mas, até agora, ele parece estar bem onde está... LOL

:)

Anónimo disse...

MαsкєĐ,

...e ainda não acabou...

:)

Anónimo disse...

Rocha Suave,

Acredito que sim...
...mais do que uma, até.

Mas reprimem-se, na maioria das vezes, por muitos motivos. E a maior parte das que criticam as outras que não se reprimem fazem-no com, pelo menos, uma ponta de inveja...

:)

Anónimo disse...

Miss Joana Shag Well,

Bateram, vê lá...

...há gente muito inconveniente...

:)

Sutra disse...

E... agora? :P
Depois da porta estará o concretizar da fantasia? :-)
Dele ou dela?

Beijo doce

ps: mais fácil de aceder, assim sim :-)

Blue... disse...

Why not ? :)

EROTICAMENTE FALANDO disse...

Excitante e bem descrito...

Silent Man disse...

Saves que foi um conselho e não "ensinar-te" a contar a história não sabes?

Não pretendo estar aqui ensinar o vigário a dar a missa!

Abraço

Wilden Barreiro disse...

'…e eis que os seus pensamentos são interrompidos quando alguém bate à porta.'

final perfeito para uma estória que seduz o leitor como se fosse ele, ao mesmo tempo, o personagem masculina e o espelho. ao primeiro (cônsul do leitor envolvido em demasia), a masturbação interrupta; ao espelho (e a seus discípulos), senhor onipotente deste ménage à trois insólito, a reflexão...

ST disse...

Quem será?...
Fiquei curiosa.
Beijos

Chinezzinha disse...

bateram à porta?não me digas que é outro ou outra.
aguardemos pelas cenas do próximo capítulo.:)
beijo

Patife disse...

Gosto tanto quando batem... interrompendo a locomotividade dos pensamentos. ;)

Anónimo disse...

Sutra,

Sabes que para lá de uma porta jáz o desconhecido...
...e nem sempre o desconhecido é mau...

:)

Anónimo disse...

Blue,

Yep...

...why not?

:)

Anónimo disse...

EROTIVAMENTE FALANDO,

Obrigado.

:)

Anónimo disse...

Wilden Barreiro,

Com podes constactar não foi o fim...
...antes um começo...

:)

Anónimo disse...

ST,

Curiosidade satisfeita...

:)

Anónimo disse...

A.,

Já não precisas de aguardar.

:)

Anónimo disse...

Patife,

A locomotividade dos pensamentos...

...xiça! até me engasguei...

Eu normalmente não gosto muito que me interrompam a minha locomotividade...
...a não ser que seja a dos pensamentos, claro!

LOL

:)

Anónimo disse...

MRPereira,

Claro que sei, mas achei que era de bom tom explicar...

...é uma maneira de deixar o meu próprio ponto de vista sobre a história.

Abraço

:)

Desejo disse...

Bater à porta numa altura destas é pecado... quero mais. :)